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Belem, PARÁ, Brazil
Graduado em Historia.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ASSASSINATO DE KADAFI - QUEIMA DE ARQUIVO




CORPO DE KADAFI
É difícil querer acreditar que os Estados Unidos estejam preocupados com a forma da morte do ditador líbio Kadafi. Mas apos a morte deste ex-representante líbio que foi mantido no poder como um gerente de uma loja de conveniência dos americanos de produto petrolífero, mas que perdeu seu valor pelas conseqüências das quedas de governos ditadores nos espaços petrolíferos. O assassinato de Kadafi “despertou’ na Anistia Internacional e a (ONU), que já pediu uma investigação às circunstâncias de captura e morte do coronel.
A pesar do comandante das forças do governo interino da Líbia que capturou Muammar Gaddafi assumiu a responsabilidade pela morte do ex-líder. Em entrevista exclusiva à BBC, Omran el Oweib disse que o coronel foi arrastado para fora do cano de drenagem onde ele foi encontrado, deu cerca de dez passos e caiu no chão ao ser atacado por um grupo de combatentes furiosos. El Oweib afirmou que era impossível dizer quem deu o tiro fatal no ex-líder líbio, mas assume a responsabilidade da morte de kadafi. O comandante disse ainda que tentou salvar a vida de Gaddafi, mas que ele morreu na ambulância a caminho do hospital, nos arredores de Sirte.
 O presidente dos Estados Unidos Barack Obama apóia uma investigação por parte da ONU. A secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmou apoiar "não só a investigação pedida pela ONU, como também a que o Conselho Nacional de Transição (CNT) afirma que será levada a cabo". O porta-voz da Comissão de Direitos Humanos da ONU, Rupert Colville, alertou, para a existência de "quatro ou cinco versões diferentes sobre como morreu" o ex-ditador. A organização da "Human Rights Watch" (HRW) confirma que "o assassinato de um prisioneiro é uma séria violação das leis de guerra e é um delito que deve ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional" e contou, pelo menos mais 53 aliados de Kadafi que foram executados.
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Mas será que é de fato este o interesse, não só dos americanos, mas da comunidade européia com a Itália, França e etc., será uma manobra disfarçada de defensores dos direitos humanos para evitar possíveis constrangimentos aos países do “eixo do bem”. Veremos com o texto extraído de “CARTA MAIOR”, abaixo com o tema “Os gangsters imperialistas” do Professor de Relações Sociais da UNAM (Universidade Autônoma do México) e colaborador do jornal mexicano La Jornada. Leia o texto completo.
OS GANGSTERS IMPERIALISTAS
Kadafi foi assassinado para que não fosse levado a nenhum tribunal, onde poderia contar tudo o que sabia sobre as relações entre seu governo e a CIA, o governo e os serviços de inteligência britânicos, Sarkozy e seus “barbudos”, Berlusconi e a máfia, e poderia também lembrar quem são Jibril e Jalil, principais líderes atuais do Conselho Nacional de Transição e, até bem pouco tempo, seus fieis agentes e servidores. O artigo é de Guillermo Almeyra.
Um vídeo, publicado pelo Le Monde, mostra Muammar Kadafi capturado vivo e lichado por seus inimigos. Ele não morreu, portanto, em um bombardeio da OTAN quando fugia em um comboio nem em consequência das feridas recebidas quando o levavam em uma ambulância. Ele foi simplesmente assassinado para que não fosse levado a nenhum tribunal porque aí poderia contar tudo o que sabia sobre as relações entre seu governo e a CIA, o governo e os serviços de inteligência britânicos, Sarkozy e seus “barbudos”, Berlusconi e a máfia, e poderia também lembrar quem são Jibril e Jalil, principais líderes atuais do Conselho Nacional de Transição e, até bem pouco tempo, seus fieis agentes e servidores. A lista dos limões espremidos é longa: o panamenho Noriega, agente da CIA convertido em um estorvo, salvou-se do bombardeio ao Panamá que tentava assassiná-lo e jamais foi apresentado em um tribunal legítimo. Saddam Hussein, agentes dos EUA durante a longa guerra de oito anos contra os curdos e contra o Irã, teve sim um processo em um tribunal, mas composto por funcionários dos EUA e carrascos, nada de sua defesa política ganhou repercussão e terminou enforcado de modo infame. 
BIN LADEN X OBAMA
Bin Laden, agente da CIA junto com os talibãs durante toda a guerra contra os soviéticos no Afeganistão e sócio do presidente George Bush na indústria petroleira, foi assassinado desarmado em uma grande operação típica de gangsters e foi lançado ao mar para que não falasse em um processo e para que nem sequer sua tumba pudesse servir como ponto de encontro a todos os que no Paquistão e no Afeganistão repudiam o colonialismo dos criminosos imperialistas.
Agora, os imperialistas franco-anglo-estadunidenses acabam de utilizar a barbárie e o ódio inter-tribal para se livrar de Kadafi que, como prisioneiro, era um perigo para eles. O novo governo líbio que surgirá depois de uma luta feroz entre os diversos clãs e interesses que integram o atual CNT, poderá renegociar assim a relação de forças entre as diferentes regiões e tribos sem o kadafismo e sob a tentativa imperialista de submetê-lo, mas afogou o passado em um banho de sangue e nasce coberto de horror e de infâmia perante o mundo.
Kadafi não será lembrado pelos líbios como um novo Omar Mukhtar, o líder da resistência ao imperialismo italiano enforcado pelos fascistas, porque antes de ser assassinado por seus ex-sócios e servidores também foi responsável por inúmeros crimes e enormes traições. Mas seu linchamento cairá como uma mancha a mais sobre seus executores e sobre os mandantes da turba feroz que o despedaçou aplicando-lhe a pena de morte selvagem que os imperialistas decretam contra seus agentes que precisam despachar. (Tradução: Marco Aurélio Weissheimer).
O CINISMO
Os corpos de Kadafi e do filho, mortos em Syrte, depois de maquiadas as marcas de linchamento.  “Devia haver um inquérito tendo em conta o que nós vimos”, insistiu. Rupert Colville considerou que os “dois vídeos” da morte de Kadafi são “muito inquietantes”.
Puro cinismo. É só perguntar ao Conselho de Transição da Líbia que cotou em US$ 1,7 milhão a recompensa por Muammar Kadafi, vivo ou morto. O líder do grupo, Mustafa Abdel Jalil, disse também que a oposição apóia uma iniciativa paralela, de um empresário, que oferece US$ 1,6 milhão pela captura do general. Será esse o primeiro calote do Conselho? E quem é o empresário dos petrodólares? O assassino ganhou US$ 3,3 milhões. A pergunta que se faz, a anistia internacional e a ONU: e a morte de Bim Larden? Será que não são essas atitudes que explicam o crescimento do ódio ao imperialismo americano?
VIVO OU MORTO!
Referencias


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

KARL MARX ESTAVA CERTO: A CRISE ECONÔMICA CONFIRMA.



KARL MARX

Procurava um tema para trabalhar a filosofia econômica, principalmente de Adam Smith, Karl Marx, Escola de Chicago e John Maynard Keynes,mas que fosse atualizado com a conjuntura econômica de crise mundial. Tive a felicidade de encontrar o texto do Professor Laurício Neuman, mestre e doutor em educação da Escola de formação fé, política e trabalho – diocese de caxias do sul, no dia 20 de março de 2011, domingo. O tema - “Para entender a crise mundial do capitalismo”. Este tema dialoga com a crise de 2008 e conecta com a crise econômica mundial deste ano (2011).  Para se concretizar a realidade global da crise disponibilizo o texto da entrevista do Ministro Guido Mântega da economia do Brasil que foi publicado no dia 13 de outubro deste ano. O tema: “Governos europeus devem socorrer bancos para evitar nova crise, diz Guido Mantega” editado por Daniela Fernandes. O ministro pede ação imediata da união européia política. Na sequência anexo o terceiro texto “os grandes bancos e a crise”. Artigo de Orlando Delgado Selley, de 16 Outubro, 2011, professor de economia da Universidade Autónoma da Cidade do México, publicado no jornal mexicano La Jornada, traduzido para português por Carlos Santos para esquerda.net.
1ª - A crise financeira que abalou os Estados Unidos, a partir de outubro de 2008, e que se alastrou por todo o mundo, nos incita a refletir sobre os rumos do capitalismo e sobre a maneira como a economia é conduzida internacionalmente. Da mesma forma, uma das preocupações dos brasileiros hoje é entender de que forma nosso país será atingido por esta crise, quanto tempo ela vai durar e qual o preço que cada um vai ter que pagar.
A crise trouxe para o cenário várias questões de discussão como: a autoregulação do mercado; a utopia do livre mercado; o fim do neoliberalismo; a lógica especulativa do mercado desregulado; as lições de Keynes e Marx, para entender as cíclicas crises do capitalismo mundial; o capitalismo como sistema que se alimenta e sobrevive às custas das crises; e as perspectivas da construção de uma nova sociedade.
Enquanto a era do pensamento único dá sinais de esgotamento, Karl Mar (1818 – 1883) e John Maynard Keynes (1883 – 1964), que, até pouco tempo, eram alijados do debate econômico, hegemonizado pelo discurso do mercado livre, sem controle, quanto menos regulado melhor, voltam ao cenário da discussão para contribuir, com suas idéias, na compreensão da crise financeira americana, com suas repercussões mundiais.
Antonio Prado, economista e professor licenciado no Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), explica que a crise financeira aconteceu porque “os bancos de investimento não tinham supervisão e, portanto, fizeram operações extremamente arriscadas, alavancando operações muito acima do seu capital. E, ao quebrarem, colocaram todo o sistema financeiro e a economia real numa situação de risco de colapso”. Quanto a discussão da utilização de dinheiro público para recuperar instituições privadas, como bancos, Prado sustenta que “não há outra saída neste momento. É preciso resgatar o sistema financeiro dessa situação de pré-colapso, rever as regulações e punir os responsáveis”. Citando Karl Polany[1], o economista explica que o mercado é uma construção institucional a partir do sistema político. Então, não existe “mercado auto-regulado”. O que aconteceu, durante bo século XX, foi uma “tentativa de reduzir essa regulação, a partir dos anos 1980 e 1990, e deu no que deu agora, nessa situação de completa desordem em Wall Street, mas que se espraia, se difunde, por todo o Planeta”.      
A Carlos Lessa, economista e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), considerando os altos e baixos do cenário econômico norte-americano, que deixou o mundo em alerta, se pergunta: “Será que o capitalismo chegou ao fim?”. Ele responde: “Não”, pois o capitalismo tem “recursos para minimizar a crise”. Porém, com tanta turbulência, aponta Lessa, o capitalismo vai “negar a sua ideologia de livre mercado, porque sofrerá uma intervenção do Estado para superar essa crise”. Ainda não há como medir os estragos dessa tensão, mas uma coisa é certa: “O Brasil já foi atingido”, garante Lessa, que justifica bolsa de valores caiu violentamente, o real se desvalorizou, a taxa de câmbio subiu, e as empresas brasileiras que têm empréstimos no exterior estão com muitas dificuldades de renová-los”. Segundo o economista, esses indicativos já estão comprometendo a economia brasileira de 2009, e, se medidas não forem tomadas, os brasileiros correm o risco de assistir a “uma bolha interna”. Quanto ao futuro, Lessa faz o seguinte prognóstico: “Duvido que seja possível manter o crescimento explosivo de vendas a crédito às famílias brasileiras. Elas se endividaram de maneira assustadora nos últimos dois anos, e agora, como vão segurar o pagamento de suas prestações com os juros subindo? O momento é cauteloso e o Brasil deve desenvolver políticas de controle de câmbio e de regulação das exportações”.
José Guilherme Vieira, economista e professor nas Faculdades Integradas Santa Cruz, de Curitiba, ao refletir sobre a crise financeira internacional, é taxativo: “Eu não recomendaria para ninguém se endividar agora. Daí para frente é tudo previsível: esfriamento da construção civil, desemprego, queda no setor de serviços, mais empresas em dificuldade, inadimplência, quebras, mais desemprego”. Vieira se considera um keynesiano ao defender a presença e a intervenção do Estado para “regular não só o sistema financeiro como também para defender a concorrência”. Além da regulamentação da economia por parte do Estado, a distribuição de renda também era uma variável chave no esquema de Keynes: “Para a economia, portanto, um programa como o Bolsa Família é extremamente positivo no seu esquema teórico”, lembra o economista. Ele considera a crise atual um mal sistêmico, pois, “além dos impactos naturais em todo o castelo de cartas que se erigiu em cima de créditos podres, os impactos mais imediatos nos setores da economia real se fazem sentir sobre aqueles que vendem a prazos longos (imóveis e automóveis) devido a um continuo encarecimento de crédito e redução de prazos para pagamentos”. No Brasil, o que pode acontecer, segundo o economista, é uma aceleração, por parte do governo, das obras do PAC para compensar o desaquecimento, sobretudo porque em 2010 tem eleição presidencial.
KEYNES
Luiz Antônio de Oliveira Lima, advogado, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) nos traz o seguinte questionamento: “Se o Estado pode investir bilhões de dólares para salvar grandes instituições que assumiram riscos insensatos, por que não pode intervir para salvar milhões de americanos do risco eminente de perder suas moradias pela execução de hipotecas?” Na opinião dele, “Ressuscitar os ensinamentos keynesianos é, neste momento, a melhor alternativa para tentar conter a avalanche que se estende sob a economia mundial”. Por isso, ele propõe a retomada do modelo econômico proposto por Keynes, como uma “forma de se neutralizar o efeito da crise financeira sobre a economia real”. Segundo ele, Keynes já antecipou que “mercados financeiros não regulados seriam dominados por forças especulativas que poderiam, eventualmente, transformar a economia capitalista num verdadeiro cassino”. Para reverter esse quadro, embasado nas teorias do articulista do Financial Times, Martin Wolf, o professor Lima sugere três procedimentos: “a queda e a estabilização dos preços inflacionados para valores sustentáveis; a desalavancagem do setor privado americano que é extremamente alta para os níveis atuais; e o reconhecimento dos prejuízos resultantes para o setor financeiro”.
Fernando Ferrari Filho, economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sustenta que a “mão invisível” do mercado não funciona sem a “mão visível” do Estado. Em outras palavras, “a reestruturação do sistema monetário internacional precisa ser arquitetada de forma tal que o referido sistema não fique à mercê do livre mercado e, principalmente, da hegemonia econômico-financeira de determinado país”. Ferrari busca referências em Keynes e nos pós-keynesianos, dentre os quais Hyman P. Minsky,[2] para entender os turbulentos dias atuais: “um mundo globalizado e “financeirizado” e de livre mobilidade de capitais, a crise do subprime[3] é a expressão mais clara e contundente de como a demanda por riqueza financeira e especulativa (“securitizada” e “coberta”) acaba gerando crises econômicas”.
Leda Paulani, economista, professora da Universidade de São Paulo (USP), e presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política, afirma que Keynes lhe ensinou que a teoria do livre mercado não funciona: “Quanto mais deixado a si mesmo, quanto menos regulado, tanto mais forte desponta sua tendência de se enroscar em suas próprias pernas, gerando crises como essa de agora”. Keynes, como crítico do livre mercado e amante da sociedade organizada pelo mercado, entendeu que para salvar o capitalismo de si mesmo era preciso que o Estado se orientasse por uma outra lógica distinta da mera busca do lucro e que monitorasse permanentemente a máquina capitalista. Marx desconfiou tanto quanto Keynes da capacidade do sistema capitalista de produzir harmonia e simetria, enfatizando, inversamente, sua tendência a produzir desproporções cavalares, enormes concentrações de capital, miséria extrema e crises abissais, avalia criticamente Paulani. Como Carlos Lessa, a economista Paulani também se pergunta: “Depois de tantas oscilações na economia mundial, chegou a hora de vislumbrarmos o fim do capitalismo? Ou essa é apenas mais uma das acentuadas crises que compõe o sistema financeiro internacional?” Embora muitos marxistas estimem que o capitalismo esteja em crise há quase meio século, a economista Leda Paulani afirma o contrário: “Creio que o reinado financeiro ainda durará por um bom tempo, primeiro porque, por mais que a crise tenha debilitado essa poderosa riqueza financeira, ela ainda parece grande demais para deixar de impor seus requerimentos ao andamento material do planeta”. Seguidora das idéias de Karl Marx, a economista da USP explica que para Marx o “livre mercado esconde por trás de sua aparência de liberdade, igualdade e equilíbrio o contrário disso. Ele põe a aparência de liberdade porque todos são juridicamente iguais, proprietários de mercadorias, e parecem livres para vender suas mercadorias a quem quiserem e se quiserem e para comprar o que quiserem, de quem quiserem e se quiserem. Ele põe a igualdade porque quando mostra que algo, uma bolsa, por exemplo, é igual a R$ 25,00, a venda da bolsa parece uma transação justa, em que se trocou valor de um tipo por valor de outro tipo. A aparência de equilíbrio vem da reiteração das transações mercantis (com suas trocas iguais) no dia-a-dia dos mercados, num movimento que parece poder repetir-se indefinidamente. Quando surgem crises da dimensão da que agora vivemos, elas não combinam com essa aparência idílica e denunciam a complexidade e as relações contraditórias que constituem o sistema capitalista”.
Luiz Gonzaga Belluzzo, advogado, economista, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e editor da revista Carta Capital, também sustenta a posição de que o livre mercado é uma utopia, pois “a história do capitalismo confirma isso”. E acrescenta: “Não há mesmo alternativa quando uma crise financeira sistêmica se desenvolve. Se não se decidir pela intervenção decisiva dos mercados, a crise pode avançar a um ponto que destrói completamente a capacidade de decisão dos indivíduos. A menos que a intervenção seja de tal ordem potente e abrangente, como, por exemplo, a estatização do sistema bancário”. Na prática, o economista se mostra bastante cético em relação às mudanças que se fazem necessárias, pois o “ambiente mental e ideológico que hoje prevalece é um obstáculo a uma mudança mais profunda. Não há nenhuma evidência de que as reformas necessárias serão implementadas facilmente”.
Álvaro Bianchi, cientista social, professor da Unicamp e diretor do Centro de Estudos Marxistas (Cemarx) acredita que o único conselho que capitalistas e liberais podem encontrar em O capital, de Marx, é que “deixem de ser capitalistas e liberais”. “A obra de Marx, e principalmente O capital, tem por objeto as contradições da sociedade capitalista e os limites postos ao capitalismo por essas contradições. São estas contradições econômicas, sociais e políticas as que provocam suas crises”, afirma Bianchi. Ele lembra que “Marx nunca achou que o capitalismo encontraria calma e pacificamente seu fim dando lugar a uma forma de sociabilidade que conseguisse expurgar as crises. Mas as recorrentes crises do capitalismo revelam as tendências autodestrutivas do próprio capitalismo. A escala dessa autodestruição não pode ser subestimada”. E acrescenta: “O retorno de formas pré-capitalistas de trabalho, como o trabalho escravo nas zonas agrícolas extrativistas, ou formas degradadas de salário, com a remuneração por peça na moderna indústria, o aquecimento global e a invasão do Iraque são algumas manifestações dessa autodestruição”.
Marcelo Carcanholo, economista, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Marx e marxismo (NIEP-UFF), também reflete sobre as especulações econômicas em torno da atual turbulência internacional, como também sobre as possíveis mudanças no capitalismo. “O que ocorrerá daqui para frente? O socialismo, rumo a uma sociedade comunista?”, pergunta Carcanholo. Com pouca esperança, o economista responde que não existem garantias de mudança. Para ele, uma transformação no modelo econômico capitalista só vai ocorrer “se os seres humanos se propuserem a isso, e se, de fato, esse projeto for historicamente exeqüível”. Como estudioso de Marx e pesquisador do marxismo, Carcanholo, busca entender e explicar a crise financeira mundial a partir das lições de Marx: “A obra de Marx – em especial, O capital, que trata das leis gerais de funcionamento do modo de produção capitalista – não tem como objetivo construir uma instrumentalização político-econômica para resolver os momentos de crise da economia capitalista. Ao contrário, o que se pretende é mostrar como o processo de acumulação de capital, e mais especificamente suas leis (de tendência) gerais, pressupõe as crises econômicas, manifestem-se estas da forma que for”. Em outras palavras, explica o professor: “as crises não são anomalias do sistema, mas partes integrantes de sua lógica. O processo de acumulação de capital é cíclico, porque para cada fase de crescimento na acumulação de capital, as contradições aprofundadas nessa fase levam, inexoravelmente, a crises, e estas, por sua vez, produzem conseqüências que permitirão uma nova fase de acumulação de capital. Dessa forma, nem o capitalismo acabará, por si só, em razão de uma crise econômica – ainda que esta possa explicitar tanto as contradições do sistema que os seres humanos se proponham a transformar esse sistema social – e nem os crescimentos da economia são eternos”.
Paulo Nakatani, economista, presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP), membro do conselho editorial da Revista de Economia Critica, e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), de forma categórica sustenta que “Os escritos de Marx nos permitem entender que o desenvolvimento capitalista é o caminho para a destruição da própria humanidade”. Referindo-se aos defensores do livre mercado, que defendem que no capitalismo não pode haver crise, a não ser por fatores externos Nakatani responde que para “os neoliberais a “culpa” é sempre dos outros, nunca do capital”. “São estes economistas, naturalmente junto com políticos no poder, escolas, meios de comunicação etc. que capitanearam as idéias, proposições e políticas econômicas chamadas de neoliberais que nos conduziram à situação atual. Eles estão incrustados em todos os níveis e esferas da economia e do Estado, defendendo essas idéias, sugerindo as atuais medidas de intervenção e agravando ainda mais a crise do capital”, explica Nakatani.
Paulo Nakatani considera um equívoco o fato de os keynesianos e pós-keynesianos defenderem que o capitalismo, em maior ou menor grau, pode ser regulado pelas intervenções do Estado. “O principal equívoco deles, nesse caso, é que eles consideram que o Estado e o Mercado são instituições distintas e que uma pode intervir ou interferir na outra. Ao contrário das teorias marxistas do Estado, nas quais a sociedade capitalista é uma totalidade contraditória em sua própria natureza”, explica. Ele prevê que a atual crise pode gerar conseqüências ainda mais negativas, principalmente para o mundo do trabalho. Por exemplo, no contexto em que aparentemente há uma redução das desigualdades sociais e da miséria, a precarização do trabalho tende a aumentar com “a elevação da taxa de exploração do trabalho pela maior intensidade do trabalho, a super-exploração de trabalhadores da periferia do sistema pela deslocalização das firmas e pelo aumento da extensão da jornada de trabalho”, aponta o pesquisador. Além de estar “em guerra quase permanentemente em algum lugar do planeta, há décadas”, a naturais crise do capitalismo ainda vai “destruir ferozmente uma massa gigantesca de recursos”, prevê  Nakatani.
Para Claus Magno Germer, agrônomo, economista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o atual momento de crise representa apenas uma certeza: “a continuidade da barbárie capitalista”, pois, para ele, “As crises não constituem anomalias do capitalismo, mas são uma das suas características mais fundamentais”. Seguindo a orientação marxista, ele lembra que Karl Marx, já advertia: “As crises financeiras não podem ser evitadas, embora possam ser atenuadas, ou acentuadas, em certa medida, pelo Estado”. Segundo Klaus Magno, a crise financeira em curso é prova concreta dos ensinamentos de Marx, a respeito da impossibilidade de reverter quadros como o apresentado no decorrer dos últimos meses. Mesmo com a adoção de inúmeras medidas para conter colapsos financeiros, “as crises sucedem-se porque fazem parte da natureza do capitalismo, e são por esta razão inevitáveis”, explica o economista. Marx dizia ainda “que medidas que se destinam a atenuar as contradições do capitalismo em nível, apenas as projetam para um nível mais elevado, no qual explodem em crises mais graves”. Nesse sentido, assegura Klaus Magno, a atual crise financeira, embora assustadora, é seqüência de outras crises monetárias, bancárias e financeiras do capitalismo.
Robert Kurz, filósofo alemão, historiador, pedagogo e redator da revista teórica EXIT! - Kritik und Krise der Warengesellschaft (EXIT! - Crítica e Crise da Sociedade da Mercadoria), ressalta a importância de Karl Marx para compreendermos o sistema capitalista e a crise financeira mundial, ao afirmar de forma contundente que “os recursos materiais e os agregados científico-tecnológicos, bem como as capacidades e necessidades humanas não podem mais ser comprimidas nas formas básicas do capital. Ou, como Marx o formulou nos Fundamentos da Crítica da Economia Política, ‘desaba o modo de produção baseado no valor de troca’; manifesta-se a ‘desvalorização do valor’ enquanto limite histórico da valorização do capital”.
André Filipe Zago de Azevedo, economista e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), prevê “um menor ritmo de crescimento econômico, especialmente das economias desenvolvidas” e “o aumento da inflação devido ao incremento dos preços das commodities agrícolas e minerais, impulsionados pela manutenção de elevadas taxas de crescimento nos países asiáticos”. Na sua avaliação, o economista faz a seguinte projeção: “embora o mercado financeiro tenha sido alvo de inseguranças e turbulências, não há motivos para pânico”. Segundo ele, a desaceleração das grandes economias “pode contribuir para aliviar o segundo problema”, ou seja, “o aumento de preços das commodities, reduzindo a pressão da demanda sobre alimentos e petróleo”.
Gilberto Dupas, membro da Comissão de Ética da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior (CONAES), afirma que a crise internacional afeta o Brasil de duas formas: “Primeiro, pela capacidade do Brasil de manter níveis de exportação da mesma magnitude em dólar que mantinha anteriormente, em função da queda da economia mundial. E, em segundo lugar, é preciso reconhecer que os efeitos desta queda da economia mundial caem sobre a própria renda interna, considerando que, se o país vier a crescer menos em 2009 (já se fala em números da ordem de 2 a 3%) evidentemente a expansão da renda deve acompanhar essa diminuição do crescimento”. Esses dois fatores, esclarece Dupas, afetam a renda e a demanda do país e dos brasileiros pois, “uma diminuição da demanda externa de commodities, o que afeta nossos volumes de exportação e, ao mesmo tempo, uma diminuição do crescimento da demanda interna em função de um menor crescimento do próprio país”.   
Roberto Camps Moraes, economista e professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), discorda de que a crise financeira atual seja produto da aplicação de princípios liberais. Ele defende que a crise atual não pode ser atribuída ao capitalismo e às idéias econômicas liberais. “Esta idéia é completamente falsa”, afirma ele. Em sua argumentação, Moraes explica que “a teoria moderna da política monetária, aquela em que se baseiam os grandes bancos centrais do mundo, e que nada tem que ver com as falhas regulatórias que foram responsáveis pela crise atual deve uma grande parte a alguns princípios básicos que foram defendidos por Milton Friedman nas décadas de 1950 a 1970 do século passado”.
 Em janeiro de 2009, os chefes de Estado das potências capitalistas, reunidos no Fórum Econômico de Davos, Suíça, admitiram que estavam enganados em relação a autoregulação do mercado e admitiram também a necessidade de reformular o capitalismo. Enquanto isso, no Fórum Social Mundial, no Brasil, também em janeiro de 2009, Boaventura de Sousa Santos, sociólogo e professor da Universidade de Coimbra, levantou o seguinte questionamento: “Se nós não dermos a solução, ela virá de Davos, com mais capitalismo e menos direitos. São eles que estão a pensar uma solução. Nós nos reunimos (no Fórum Social Mundial) desde 2001 e não fomos nós que derrotamos o neoliberalismo, ele cometeu suicídio. Eles estão lá (em Davos) pensando o que vai ser o capitalismo depois da crise. E nós, o que estamos fazendo?”.

2 - Governos europeus devem socorrer bancos para evitar nova crise, diz Guido Mântega.

GUIDO MANTEGA (MINISTRO)
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira em Paris que os governos europeus devem socorrer os bancos do continente para evitar uma nova crise financeira mundial, como ocorrida após a quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008. Segundo Mântega, a crise do setor bancário europeu é o principal assunto que deverá ser discutido na reunião em Paris, na sexta-feira e no sábado, dos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 - grupo que reúne as economias avançadas e os principais emergentes.
De acordo com o ministro, a crise dos bancos europeus é mais grave do que se pensava há duas semanas e os outros temas do encontro poderão ficar para segundo plano. Além de cobrar decisões mais rápidas dos europeus em relação à recapitalização de seus bancos, Mantega afirmou ainda em Paris que a economia brasileira deverá crescer entre 3,5% e 4% neste ano.
Para 2012, a previsão de crescimento do PIB do Brasil é de 5%, disse o ministro.

Dilema e consequências

Mântega declarou que os governos e bancos europeus estão vivendo um "dilema" e "fazendo um jogo de empurra-empurra", onde cada um joga para o outro as medidas que devem ser tomadas para salvar as instituições financeiras. O ministro afirmou "compreender" a posição dos governos europeus de não quererem assumir sozinhos a conta da recapitalização dos bancos, que seria no final paga pelos contribuintes. Por outro lado, os bancos europeus, fragilizados com a crise das dívidas soberanas de países da zona euro, afirmam que não têm condições de arcar sozinhos com os recursos necessários para a sua recapitalização, em um cenário econômico deteriorado pela desvalorização de suas ações.
Bancos com fortes níveis de exposição às dívidas soberanas de países como Grécia, Itália, Espanha e Portugal provocaram uma crise de confiança nos mercados, que afeta a liquidez do sistema financeiro. "O crédito já se contraiu no cenário europeu. O mercado interbancário (de empréstimos entre bancos) secou. Os fundos americanos já retiraram seu dinheiro da Europa", diz Mântega. Nesta quinta-feira, o ministro francês das Finanças, François Baroin, declarou que os bancos terão "provavelmente" de aceitar perder mais de 21% de seus investimentos em títulos da dívida grega, montante definido em um acordo em julho e que já é estimado abaixo do necessário para salvar a Grécia da falência.
Mântega defende a idéia de que a crise do setor bancário não pode ser resolvida somente pelo setor privado. "Se todo o prejuízo for imposto aos bancos, isso poderá criar uma nova crise financeira, com consequências mais graves", afirmou o ministro. "A responsabilidade última é dos Estados. Até onde eles vão entrar (no capital dos bancos) ou deixar quebrar é problema deles. Eu não deixaria quebrar nenhum banco para não acontecer um novo caso Lehman Brothers", disse Mantega. Segundo o ministro, os governos e bancos teriam de dividir os problemas do setor. "Acho correto que se imponha perdas aos bancos. Mas os países europeus vão ter participar da capitalização dos bancos", disse o ministro.
3 - OS GRANDES BANCOS E ACRISE.
Sarkozy e Merkel, Berlim, 9 de Outubro de 2011 – Foto Joerg Carstensen/Epa/Lusa
                                      Sarkozy e Merkel, Berlim, 9 de Outubro de 2011 – Foto Joerg Carstensen/Epa/Lusa
O acordo Angela Merkel e Nicolas Sarkozy reuniram neste domingo (8 de outubro) e chegaram a um acordo para recapitalizar a banca europeia. Anunciaram também que proporão mudanças significativas nos tratados europeus e apresentarão um pacote de medidas anti-crise, que deve estar pronto na próxima cimeira do G-20.  Ratifica que para eles a prioridade não são as pessoas, mas sim os bancos. Os governantes europeus estão prestes a decidir que o projeto social europeu morra para que os bancos vivam. Após a falência do Dexia, um importante banco franco-belga-luxemburguês, os governantes europeus estão prestes a decidir que o projeto social europeu morra para que os bancos vivam.
Há 50 meses a bolha imobiliária rebentou. Os grandes bancos centrais primeiro pensaram que era como os rebentamentos de outras bolhas e que podia resolver-se injectando liquidez nos mercados financeiros. Após as generosas injeções foi ficando claro que desta vez tratava-se de um problema maior, associado ao funcionamento do sector financeiro. Na realidade, o que rebentou foi a forma de funcionamento dos bancos, tanto comerciais como de investimento, juntamente com um novo sistema financeiro, a banca na sombra, que surgiu para operar à margem de uma regulação já por si lassa. Em poucos meses a recessão generalizou-se nas grandes economias, com impacto nas emergentes.
Praticamente, todos os governos do mundo entenderam que era indispensável tomar medidas para deter a recessão. Além disso, entenderam que as intervenções fiscais tinham que ser coordenadas mundialmente. O G-20 concordou com substanciais planos fiscais destinados a reverter o momento recessivo da crise. Houve programas de resgate das empresas bancárias, nos quais se utilizaram recursos públicos para salvar interesses privados. A imperante onda privatizadora neoliberal, vigente apesar da crise, impediu que os governos exigissem que os bancos resgatados passassem para o controlo governamental. Assim, os grandes bancos conseguiram subsistir como negócios privados.
Dois anos depois do Agosto negro de 2007, as economias desenvolvidas superaram a recessão graças aos programas fiscais e monetários aplicados. Pouco a pouco, o resto das economias do mundo foram tendo resultados positivos na produção, sem que se apresentassem problemas significativos nos preços. O FMI advertiu que era preciso manter os estímulos fiscais, enquanto não se consolidasse a recuperação. Apesar destes apelos, os bancos europeus exigiram que os países sobre-endividados garantissem o cumprimento das suas obrigações de crédito. A Grécia, primeiro, e depois a Irlanda e Portugal, tiveram que ser resgatados pela União Européia para assegurar que garantiam os seus pagamentos aos bancos credores. Em troca, tiveram que reduzir drasticamente as despesas sociais.
Ao longo de 2010 na Europa, foi impondo-se como prioridade reduzir o défice fiscal e a dívida pública. Os mercados, isto é, os grandes investidores globais, ajudados pelas agências de rating, impuseram-se aos governos. Esta decisão política afectou o crescimento econômico e a população, que tinha sido protegida dos impactos da crise com a cobertura estatal. A austeridade fiscal e as privatizações procuravam abrir espaço orçamental para cumprir com as exigências dos bancos credores. O projecto social europeu, inclusivo e solidário, foi perdendo a sua definição, convertendo-se em desigual e concentrador.
Protegeram-se os bancos e os seus donos com os recursos que antes se destinavam à população mais atingida. Os bancos europeus, no entanto, fortemente comprometidos com as dívidas soberanas exigiram maiores juros, dificultando o cumprimento dos programas de contenção fiscal. Em Janeiro de 2011, os problemas tinham-se agravado. A recuperação econômica não se consolidou, de modo que a nova prioridade reduziu substancialmente o crescimento, complicando o cumprimento das metas fiscais.
Os problemas da zona euro ampliaram-se, abarcando a Espanha e a Itália, o que questionou a viabilidade da moeda única. O eixo franco-alemão foi respondendo com lentidão à crise da dívida soberana, contribuindo com isso para o incremento das dificuldades. A segunda volta do resgate grego, aprovada há meses pelos governos e ainda pendente da aprovação parlamentar em alguns países, demonstrou que as dificuldades não foram resolvidas e que é indispensável reestruturar essa dívida, reconhecendo perdas bancárias. Ainda que seja possível que o projeto social europeu subsista, isso não ocorrerá com estes governantes.
Artigo de Orlando Delgado Selley, professor de economia da Universidade Autónoma da Cidade do México, publicado no jornal mexicano La Jornada, traduzido para português por Carlos Santos para esquerda.net.
A política econômica segue o jogo de mercado global sem restrições as idéias filosóficas, como cego andando em um beco por um guia. Apesar do discurso e de um passado com discurso e praticas revolucionaria da presidenta Dilma, mas a Mao invisível é maior e pré determina as cartas da economia mundial como única sugestão de fórmula para a crise mundial, apesar de todo composto oposicionista de comunidades que radicalizam em uma saída de 180º graus para sair da crise e esgotamento do modelo econômico capitalista. Percebemos que das várias opiniões existem divergências quanto ao tempo de inicio, meio e fim deste modelo, mas vale ressaltar que os eventos de crises cíclicos são mais próximas diminuindo a cada vez mais o tempo, como afirmou Marx. Mas chegara um momento que não mais haverá intervalo, Além de estar “em guerra quase permanentemente em algum lugar do planeta, há décadas”, a naturais crise do capitalismo ainda vai “destruir ferozmente uma massa gigantesca de recursos, e então   a antítese deste modelo se concretizará com a precariedade dos meios de produções.
REFERÊNCIA
[1] Karl Polany é filósofo, economista e antropólogo. Nasceu em Viena, Áustria, em 25 de outubro de 1886 e faleceu em 23 de abril de 1964. É conhecido por sua oposição ao pensamento econômico tradicional. Uma de sua obras principais é A Grande Transformação, 1944.
[2] Hyman P. Minsky (1919-1996): economista americano pós-keynesiano, autoridade em teoria monetária e instituições financeiras. Foi membro do Departamento de Economia da Universidade de Washington. (Nota da IHU On-Line)
[3] Subprime: em bom português, “de segunda”. Enquanto as hipotecas prime foram concedidas aos bons pagadores, as subprime foram parar nas mãos de clientes de alto risco – aqueles com grandes chances de não efetuar os pagamentos e que nos Estados Unidos ficaram conhecidos como “ninja” (sigla em inglês para “sem renda, sem trabalho, sem bens”). (Nota da IHU On-Line)






quinta-feira, 13 de outubro de 2011

REVOLUÇÃO FRANCESA

DATAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA
 A Revolução Francesa dividido em quatro períodos:
1º - ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE:  
5 de maio de 1789 - Assembléia dos Estados Gerais - palácio de Versalles
15 Junho de 1789 O 3º Estado rebelaram-se. (Juramento da Sala do Jogo da Péla) - constituição para a França.
1º Estado - 578 deputados - 270 da nobreza - 291 do clero,. E contava com os votos de 90 deputados da nobreza esclarecida e 200 do baixo clero.
9 de julho de 1789, juntamente com vários deputados do baixo clero, os Estados Gerais autoproclamaram-se Assembleia Nacional Constituinte.
12 de julho o rei demite o ministro amado Necker – Revolta. 
13 de julho - Forma-se a milícia de Paris, organização militar-popular. O povo armazena armas e prepara barricadas.
14 de julho – tomada da Bastilha
4 de agosto – abolição dos direitos feudais
26 de agosto - E aprovada a Declaração dos Diretos do Homem e do Cidadão
Outubro de 1789 – invasão de Versalles- o rei vai para Tullherias
Agosto de 1790, foi votada a Constituição Civil do Clero (igreja X estado). Funcionário do estado. Os juramentados e os refratários;
 14 de junho de 1791, Lei de Le Chapelier, proibia os sindicatos de trabalhadores e as greves, com até à pena de morte. 
 Junho de 1791 a família real tentou fugir para a Áustria;
Agosto de 1791 - Declaração de Pillnitz, tentativa de restauração da monarquia francesa como um projeto de interesse comum a todos os Estados europeus.
 Setembro de 1791, primeira Constituição;
Implantada a monarquia constitucional: Legislativo, Executivo e Judiciário;
2º - ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA -1791-1792
Abril de 1792: Declaração de guerra à Áustria e à Prússia;
20 de setembro de 1792, os austro-prussianos foram abatidos em Valmy
10 de agosto de 1792: ataque ao palácio real, detém o soberano e exigem que o Legislativo suspenda-o de suas funções.
21 de setembro de 1792, a Assembléia convoca a eleição de uma Convenção Nacional:
As primeiras medidas tomadas pela Convenção foram a Proclamação da República e a promulgação de uma nova Constituição Eleita sem a divisão dos eleitores em passivos e ativos, a alta burguesia monarquista foi derrotada.
3º - CONVENÇÃO DE 1792-1795 
21 de janeiro de 1793 o rei foi guilhotinado;
Julho de 1793, Marat foi assassinado pela jovem Charlotte Corday,
 DIRETÓRIO 1795-1799
Execução de Robespierre
 1796 Conspiração dos Iguais, liderada (Graco Babeuf);
Golpe do 9 Termidor
18 de brumário (10 de novembro de 1799). Suprimi o Diretório e instala o Consulado, Napoleônico.

A REVOLUÇÃO FRANCESA
”A história é a interpretação do significado que o passado tem para nós", (Johan Huizinga).
Revolução francesa
A Revolução Inglesa do século XVII marca o início da Era das Revoluções Burguesas, na medi­da em que cria condições para o desenvolvimento acelerado do capitalismo. A Revolução Francesa cabe definir o perfil ideológico desses movimentos, por seu caráter liberal e democrático. No século XVIII, as idéias iluministas difundiram-se na Europa: fatos provocaram grandes transformações – a revolução industrial inglesa e revolução francesa que consolidou o poder da burguesia. Na Inglaterra a burguesia já inaugura seu status com a Carta Magna em 1214, mas foi no fim do século XVI que fortalece suas bases nas estruturas do estado como aliado. A revolução gloriosa leva ao fim dão absolutismo e conduz a burguesia ao poder, na participação política do parlamento. Na França era diferente. Nos fins dos séculos XVIII, a teoria dos direitos divinos dos ainda justificava o estado absolutista Frances.
A Revolução Francesa e a sublevação do lema "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" que ecoou em todo mundo, pondo abaixo regimes absolutistas e ascendendo os valores burgueses. Foi à revolução burguesa, tendo vista a sua condição de destruidora da velha ordem em nome das idéias e valores burgueses e por conta da ideologia burguesa predominante durante praticamente todo processo revolucionário. A Revolução Francesa faz parte de um movimento revolucionário global, atlântico ou ocidental. O movimento passa a repercutir em todo planeta, mas volta à França em 1830 e 1848. Há traços comuns em todos esses movimentos, mas a Revolução Francesa tem identidade própria, manifestada na tomada do poder pela burguesia, na participação de camponeses e artesãos, na superação feudal do Antigo Regime e na preparação da França para caminhar rumo ao capitalismo industrial.
A França pré-revolucionária
Rei Luis XVI e Raínha Maria Antonieta
A sociedade francesa anteriormente à revolução era uma sociedade moldada no Antigo Regime. Ou seja, politicamente o Estado era Absolutista (Absolutismo Monárquico), economicamente predominavam as práticas mercantilistas que sofriam com as constantes intervenções do Estado e na área social predominavam as relações de servidão uma vez que a maioria da população francesa era camponesa. Em torno de 250 milhões de pessoas viviam em condições miseráveis nos campos franceses, pagando altíssimos impostos a uma elite aristocrática que usufruía do luxo e da riqueza gerados pelo trabalho dos campesinos em propriedades latifundiárias, ou feudos, dos nobres. Nas áreas urbanas a situação não era muito diferente de quem vivia nas áreas rurais. A população urbana, composta em sua maioria por assalariados de baixa renda, desempregados e pequenos burgueses (profissionais liberais), também arcava com pesadíssimos impostos e com um custo de vida cada vez mais elevado. Os preços em geral dos produtos sofriam reajustes constantemente e isso pesava na renda dos trabalhadores em geral. Já as elites, compostas por um alto clero, uma alta nobreza e, claro, a Família Real – a realeza francesa: Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes – vivam em palácios luxuosos – como o monumental Palácio de Versalhes, localizado nos arredores de Paris e que era a residência de veraneio da Família Real e da elite – não pagavam impostos, promoviam banquetes – às custas do dinheiro público.
1º, 2º e 3º Estado
era Frances, dos 25 milhões de franceses, 20 milhões viviam no campo. A população formava uma sociedade de estamentos (formas de estar), resquício da Idade Média. Mas já se percebia uma divisão de classes. O clero, com 120 000 religiosos, dividia-se em alto clero (bispos e abades com nível de nobreza) e baixo clero (padres e vigários de baixa condição); era o primeiro estado. A nobreza constituía o segundo estado, com 350 000 membros; os palacianos viviam de pensões reais e usufruíam de cargos públicos; os provinciais vi­viam no campo, na penúria. A nobreza de toga, constituída de gente oriunda da burguesia, comprava seus cargos. O terceiro estado compreendia 98% da população: alta burguesia, composta por banqueiros, financistas e grandes empresários; média burguesia, formada pelos profissionais liberais, os médicos, dentistas, professores, advogados e outros; pequena burguesia, os artesãos, lojistas; e o povo, camada social heterogênea de artesãos, aprendizes e proletários. As classes populares rurais completavam o terceiro estado; destacavam-se os servos ainda em condição feudal (uns 4 milhões); mas havia camponeses livres e semilivres. A revolução francesa foi a única ecumênica, seus exércitos, suas idéias de fato revolucionaram. A palavra pátria se tornava um termo idêntico a liberdade, oposto a escravidão.A frança era o país mais populoso da Europa com exceção da Rússia, de cada cinco europeus um 
O Estado não tinha uma máquina capaz de captar os impostos, cobrados por arrecadadores particulares, quê espoliavam o terceiro estado. O déficit do orçamento seja avolumava. Na época da revolução, a dívida externa chegava a 5 bilhões de libras, enquanto o meio circulante não passava da metade. Os filósofos iluministas denunciaram a situação. Formavam-se clubes para ler seus livros. A burguesia tomava pé dos problemas ê buscava conscientizar a massa, para obter-lhe o apoio.
A revolta aristocrática - A frança que era a maior rival da Inglaterra seu comercio externo se multiplicou quatro vezes de 1720 a 1780. A indústria sofreu séria crise a partir dê 1786. Um tratado permitiu que produtos agrícolas franceses tivessem plena liberdade na Inglaterra em troca da penetração de produtos ingleses na França. A incipiente indústria francesa não agüentou a concorrência.
A seca de 1788 diminuiu a produção de ali­mentos. Os preços subiram e os camponeses passavam fome. Havia miséria nas cidades. A situação do tesouro piorou depois quê a França apoiou a Independência dos Estados Unidos, o que lhe custou dois bilhões dê libras. As extravagâncias de Versailles não foi o maior índice de despesa, pois pesava nos bolsos 6% dos gastos totais em 1788. A guerra a Marinha, a diplomacia constituíam um quarto, e a metade era consumida pelo serviço da divida existente.

OS BASTIDORES DA REVOLUÇÃO

No final do século XVIII, na perspectiva de tentar resolver os problemas, o Monarca Luis-XVI, tentou varias medidas para sanear o caos. Por "ironias" da  história, a revolução começou dois anos antes, com uma reação dos notáveis franceses - clérigos e nobres - contra o absolutismo, tendo sido inspirada em idéias iluministas, e se pretendia reformar e para isso buscava limitar seus privilégios. Luís XVI  através de seu ministro o conde Turgot (fisiocrata) convocou a nobreza e o clero para contribuírem no pagamento de impostos, na altamente aristocrática. Os nobres reagiram e o ministro se demitiu. .
A primeira tentativa do absolutismo em resistir foi quando o rei indicou Calonne, que tentou fazer uma reforma tributária nas Assembléia dos Notáveis (1787). O ministro propôs que esses dois estados abdicassem dos privilégios tributários e pagassem impostos, para tirar o Estado da falência. Os nobres não só recusaram como
Necker
provocaram revoltas nas províncias onde eram mais fortes. Necker, foi convocado pelo rei para acabar com a crise econômica. Por sugestão de Necker, Luis-XVI convocou, no dia 5 de maio de 1789, a Assembléia dos chamados Estados Gerais que reunia os representantes políticos do 1º. ,  2º. e 3º. , estados os quais não se reuniam desde 1614.
As eleições dos candidatos para a Asembléia realizaram-se em abril dê 1789 e coincidiram com revoltas geradas pela péssima colheita desse ano. Em Paris, os panfletos dos candidatos atacavam os erros do Antigo Regime e agitavam os sans-culottes, isto é, os sem-calções, em alusão à peça de roupa dos nobres, que os homens do povo não usavam. Os nobres eram cerca de 200 000 numa Paris com 600 000 habitantes.
Em maio de 1789, os Estados Gerais reuni­ram-se no Palácio de Versalhes pela primeira vez. O terceiro estado foi informado de que os projetos seriam votados em separado, por estado. Isto daria vitória à nobreza e ao clero, sempre por 2 a 1. O terceiro estado rejeitou a condição. Queria votação individual, pois contava com 578 deputados, contra 270 da nobreza e 291 do clero, ou seja, tinha maioria absoluta. E ainda contava com os votos de 90 deputados da nobreza esclarecida e 200 do baixo clero.  Então a decisão foi da continuação do não pagamento de impostos das duas classes, o que gerou a revolta dos deputados do 3º estado que queriam que a votação fosse por cabeça.  Não aceito pelos deputados dos: 1 º e 2º estados. O Rei fecha a sala de reuniões.
Estados Gerais
Reunindo-se em separado em 17 de junho de 1789, o terceiro estado se considerou Assembléia Nacional. Luís XVI, pretextando uma reforma na sala, dissolveu a reunião. Os deputados do terceiro estado foram então para a sala de Jogo da Péla, onde receberam adesão de parte do clero e de nobres influenciados pelo Iluminismo. O rei não teve alternativa senão aceitar a Assembléia Nacional. Esse ato ficou conhecido com o nome de “O Juramento do Jogo de Pela”. Os deputados que fundaram a Assembléia Nacional nela juraram igualdade jurídica e direitos políticos para todos os homens comuns. Liberdade, igualdade e fraternidade – lemas da Revolução Francesa.
No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembléia Nacional Constituinte, incumbida de elaborar uma Constituição para a França. Isso significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto do reino. A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de julho de 1789, a Bastilha é invadida, a prisão política da época, onde o responsável pela prisão, o carcereiro, foi espancado e morto pela multidão. 
No dia 12 de julho o rei demite o ministro amado Necker que defendia as reformas. Assim aumenta a tensão do povo que sai as ruas para protestar contra o rei. No dia 13 de julho - Forma-se a milícia de Paris, organização militar-popular. O povo armazena armas e prepara barricadas e no dia 14 de julho - O povo toma a Bastilha. A explosão revolucionária alastra-se por todo o país. No campo, a violência é maior. Procurando destruir o jugo feudal, camponeses saqueiam as posses da nobreza, invadem cartórios e queimam títulos de propriedades.
Queda da Bastilha
A massa camponesa invade os castelos e feudos, executando famílias inteiras de nobres numa espécie de vingança, de uma raiva acumulada durante séculos. Exige reforma agrária. A burguesia, na Assembléia, temerosa de que as exigências chegassem também às suas propriedades, propõe a extinção dos direitos feudais no dia 4 de agosto de 1789, extinguem-se as obrigações feudais. Mas, os impostos continuaram altos, o custo de vida pouco se alterou e a França continuava em guerras externas significando despesas para o Estado, agora burguês.
A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano (1789), um documento que se tornou mundialmente famoso: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Nesse documento a burguesia francesa declarava, entre outras, quem era cidadão e não cidadão esperando que houvesse uma aceitação por parte das classes populares que ainda encontravam-se insatisfeitas com as realizações políticas e sociais daqueles que se diziam seus representantes políticos. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi uma forma de legitimar a  burguesia no poder político do Estado sendo ela a classe dominante, de elite. Portanto, para a burguesia a revolução estava por encerrada uma vez que seus interesses já haviam sido conquistados por ela. Era necessário impedir a radicalização do movimento revolucionário; ou seja, se deveria impedir que a revolução se tornasse popular, o que não interessava à burguesia.
Para entendimento da revolução francesa dividiremos os fatos em fases para concretizar os fatos temporais no espaço. Podemos dizer que a revolução francesa teve seus desdobramentos em três fases.
A primeira fase foi a formação da  Assembléia Constituinte que vai de 9 de julho de 1789 a 30 de setembro de 1791. Nesta fase, fundou uma Monarquia Parlamentarista, ou Constitucional. Houve o confisco dos bens do clero, que seriam usados como uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a crise financeira. Parte do clero reage e se organizar e como resposta a Assembléia decreta a Constituição Civil do Clero; o clero passa a ser funcionário do Estado, e qualquer gesto de rebeldia levaria a prisão. A Assembléia não conseguia manter a disciplina e controlar o caos econômico. O Rei entra em contato com os emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar para invadir a França, derrubar o governo revolucionário e restaurar o absolutismo. Para organizar a contra-revolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas é reconhecido e preso e enviado à Paris. Na capital, os setores mais moderados da Assembléia conseguiram que o Rei permanecesse em seu posto. A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria votada e aprovada a Constituição de 1791. Esta constituição estabelecia, na França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo (Parlamento).
O poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso equivalia dizer que o poder continuava nas mãos de parte privilegiada da burguesia. Sim! Uma Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia e pela aristocracia liberal, liderada, por exemplo, pelo famoso La Fayette. Então o povo pobre francês continuava sem poder de decisão.
Nesse processo se verifica as divisões políticas-sociais-partidárias. Nas assembléias, sentava-se à esquerda o partido liderado por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas partes mais altas da Assembléia); ao lado, um pequeno grupo ligado aos Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes como Marat, Danton, Hebert ; no centro, sentavam-se os constitucionalistas, defensores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava um grupo que mais tarde ficará conhecido como Girondinos, defensores dos interesses da burguesia francesa e que temiam a radicalização da revolução; na extrema direita, encontram-se alguns remanescentes da aristocracia que ainda não emigrara, conhecidos por aristocratas, que pretendiam a restauração do poder absoluto. Esta fase terminou com a radicalização do movimento revolucionário depois que Robespierre e seus seguidores agiram incitando à população a pegarem em armas e lutarem contra a Assembléia e as forças conservadoras.
Em curto tempo foi criado o governo monárquico constitucional (1791 – 1792) - O rei não era mais pela graça de Deus, rei da frança, mas pela graça de Deus e do direito constitucional do Estado, rei dos franceses, ou seja, a fonte de toda soberania, dizia a declaração, reside na nação. A Constituição ficou pronta em 1791. O poder executivo caberia ao rei, e o legislativo, à Assembléia. O trono continuava hereditário e os deputados teriam mandato de dois anos. Só seria eleitor quem tivesse um mínimo de riqueza. Foi abolido o feudalismo. Foram suprimidos os privilégios e as antigas ordens sociais, com a proclamação da igualdade civil. Reorganizou-se e descentralizou-se a administração. Foram confirmadas a nacionalização dos bens eclesiásticos e a Constituição Civil do Clero. Foi mantida a escravidão nas colônias.
O rei Luís XVI tentou recuperar sua autoridade pedindo apoio de outros soberanos absolutos (Prússia, Áustria), cujos governos eram absolutistas. O rei julgou o momento oportuno para escapar e, com apoio estrangeiro e dos emigrados (clero e nobreza), tentou iniciar a contra-revolução. O rei Fugiu em julho de 1791, mas foi preso em Varennes, recambiado ao Palácio e mantido sob vigilância. No momento que o rei toma a decisão de fugir e é pego ele se torna traidor do povo que não mais o considera como um remanescente da vontade divina, portanto suspeito de conspirar contra a pátria francesa.
O êxito da Revolução estimulou movimentos na Holanda, Bélgica e Suíça. Na Itália, Inglaterra, Irlanda, Alemanha e Áustria, simpatizantes organizaram demonstrações de apoio. Os déspotas esclarecidos sustaram as reformas e se reaproximaram da aristocracia. Escritores reacionários defendiam a idéia de uma contra-revolução. As potências européias, de início indiferentes, uni­ram-se. A ameaça de invasão da França aumentou o que tornou inevitável a radicalização inter­na da Revolução

A 2ª. Fase da Revolução tem o marco com a Convenção Nacional (1792-1794/95).

Robespierre, Marat e Dantom
Foi a fase mais radical do movimento revolucionário em que os Jacobinos, liderados por Robespierre, assumiram a revolução. Então a mais popular já que os Jacobinos eram representantes políticos das classes populares. Uma etapa que não houve predominância da ideologia burguesa. Porém, antes da queda da Monarquia Parlamentar, a burguesia chegou a proclamar uma República – a República Girondina em setembro de 1792. A república foi proclamada como um mecanismo de assegurar a burguesia seus interesses, projetos, no poder político do Estado. Como as tensões estavam exaltadas, a alta burguesia francesa decidiu tirar todo o poder político do rei Luis-XVI e transferi-lo para si (a burguesia). Desta forma caía a Monarquia na França. Em 1792, a Assembléia Legislativa aprovou uma declaração de guerra contra a Áustria. É interessante salientar que a burguesia e a aristocracia queriam a guerra por motivos diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao velho regime.
Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, por tentarem fugir e acusados de traição ao país por colaborarem com os invasores. Verdun, última defesa de Paris, foi sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a defender a revolução, saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Sob o comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas ao povo e foi organizada a Comuna Insurrecional de Paris. Em  21 de Janeiro do ano seguinte, 1793, Luis-XVI foi condenado e guilhotinado e a rainha Maria Antonieta, foi decapitada no mesmo ano só que em setembro.
A República Girondina caiu e os Jacobinos assumiram a direção política do Estado proclamando uma nova República: a República Jacobina e com ela uma nova Constituição: a Constituição de 1793. Na Constituição Jacobina continham princípios que satisfazia a população porque garantia-lhe os direitos e poder de decisão. Os mais importantes da nova Constituição:
Sufrágio Universal -  Todos os cidadãos homens maiores de idade, votam; Lei do Preço Máximo – estabeleceu um teto máximo para preços e salários; Venda de bens públicos e dos emigrados para recompor as finanças públicas; Reforma Agrária – confisco de terras da nobreza emigrada e da Igreja Católica, que foram divididas em lotes menores e vendida a preços baixos para os camponeses pobres que puderam pagar num prazo de até 10 anos; Extinção da Escravidão Negra nas Colônias Francesas – motivando a Revolução Haitiana em 1794-1804 quando no Haiti aboliu-se a escravidão; Organização dos Comitês - de Salvação Pública, formado por nove (mais tarde doze) membros e encarregado do poder executivo, e o Comitê de Segurança Pública, encarregado de descobrir os suspeitos de traição; e por fim a criação do Tribunal Revolucionário, que julgava os opositores da Revolução e geralmente os condenavam à Guilhotina.
Terror da Guilhotina
Europa afora, coligavam-se forças absolutistas: Inglaterra, Holanda e Santo Império. A Convenção se defendeu, organizando uma série de instituições: Comitê de Salvação pública, encarregado de controlar o exército; Comitê de Segurança Nacional, para garantir a segurança interna; Tribunal Revolucionário, encarregado de julgar os contra-revolucionários. Os jacobinos controlavam a Convenção e os principais Comitês.
Assassinato de Marat.
Também é guilhotinada. Entramos no período do Terror, que se estenderia de junho de 1793 a julho de 1794.
Começa então o expurgo de adversários. Os girondinos são acusados de partidários do rei e vários vão para a guilhotina. A jovem Charlotte Corday se vinga assassinando o jacobino Marat. 
Sans Culottes
Para que os Jacobinos pudessem alcançar o poder político do Estado e assumi-lo, teve que contar com um apoio fundamental: os sans-culottes. Os sans-culotteseram indivíduos populares – normalmente desempregados e assalariados, a plebe urbana – que eram identificados pelo frígio, ou barrete, vermelho que usavam sobre suas cabeças. Veja a ilustração:
Os sans-culottes acabaram por se transformar em uma força motora da revolução. Graças as ações violentas dos mesmos que os Jacobinos, ligados a eles, chegaram ao poder. Definitivamente os sans-culottes tiveram um papel fundamental no processo revolucionário, já que correspondiam as aspirações populares.
As leis sociais provocaram ondas contra-revolucionárias. Sobrevieram medidas drásticas. O Tribunal Revolucionário prendeu mais de 300 000 pessoas e condenou à morte 17 000. Muitos morre­ram nas prisões esperando julgamento. O Terror chegou ao auge e atingiu a própria Convenção. Para se manter no poder, Robespierre precisava eliminar toda oposição. Condenou Danton à morte.
Mesmo com o apoio dos sans-culottes e realizando reformas políticas e sociais significativas, os Jacobinos não duraram muito no poder, devido ao que implantaram durante sua República – a Era do Terror, aplicado por Robespierre, líder supremo dos Jacobinos. Então seria necessário agir de modo ditatorial para alcançar um governo democrático e assegurar as conquistas instituídas pelas reformas que se realizavam. Robespierre impôs o poder do Estado sobre a população e condenar todos os que eram considerados suspeitos de traição à Guilhotina. Foi nesse período que mais se usou a guilhotina.

3ª. Fase da Revolução iniciou-se justamente o Diretório – 1795-1799 / A Era Napoleônica-1799-1815.

Napoleão Bonaparte
Foi esses excesso de terror dos jacobinos que fez com que os Girondinos articulassem um Golpe de Estado – o golpe “9 do Termidor” – e derrubassem  com a República Jacobina, guilhotinando inclusive Robespierre.
Iniciava-se a terceira fase revolucionária, conhecida como Reação Termidoriana, o golpe de Estado armado pela alta burguesia financeira, que marcou o fim da participação popular no movimento revolucionário, em compensação os estabelecimentos comerciais cresciam, porque as ações burguesas anteriores haviam eliminado os empecilhos feudais. O novo governo, denominado Diretório (1795-1799), autoritário e fundamentado numa aliança com o exército (então restabelecido após vitórias realizadas em guerras externas), foi o responsável por elaborar a nova Constituição, que manteria a burguesia livre de duas grandes ameaças: a República Democrática Jacobina e o Antigo Regime.
A configuração política da Assembléia mu­dou: no centro, os girondinos, que tinham deposto Robespierre; à direita, os realistas, que pregavam a volta dos Bourbon ao poder; à esquerda, jacobinos e socialistas utópicos, que reclamavam medi­das de caráter social.
O Poder Executivo foi concedido ao Diretório, e uma comissão formada por cinco diretores eleitos por cinco anos. Apesar disso, em 1796 a burguesia enfrentou a reação dos Jacobinos e radicais igualitaristas. Graco Babeuf liderou a chamada Conspiração dos Iguais, um movimento socialista, cuja atenção era voltada a alcançar a igualdade efetiva entre os homens, que segundo Graco, a única maneira de ser alcançada era através da abolição da propriedade privada. A revolta foi esmagada pelo Diretório, que decretou pena de morte a todos os participantes da conspiração, e o enforcamento Babeuf.
O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os burgueses mais lúcidos e influentes perceberam que com o Diretório não teriam condição de resistir aos inimigos externos e internos e manter o poder. Eles acreditavam na necessidade de uma ditadura militar, para manter a ordem, a paz, o poder e os lucros. A figura que sobressai no fim do período é a de Napoleão Bonaparte. Ele era o general francês mais popular e famoso da época. No início da revolução, era tenente e, como os oficiais oriundos da nobreza abandonaram o exército revolucionário ou dele foram demitidos, fez uma carreira rápida. Aos 24 anos já era general de brigada. Foi simpatizante  dos Jacobinos, chegando a ser amigo dos familiares de Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo depostos. Lutou na Revolução contra os países absolutistas que invadiram a França e foi responsável pelo sufocamento do golpe de 1795.
No retorno do Egito a frança com alguns generais, mas abandonou os soldados em que foi tentar interferir nos negócios do império inglês, Napoleão com seu exercito foi cercado pela marinha britânica nesse país, então sobre tutela inglesa. O general teve  o apoio de dois diretores e da maioria da  burguesia, suprimiu o Diretório e instaurou o Consulado, iniciando o período napoleônico com o golpe de Estado conhecido por “18 de Brumário”. Com o golpe Napoleão foi adquirindo poderes políticos  até que em 6 de maio de 1804 foi consagrado Imperador com o título de Napoleão Bonaparte I, governando até 1814, quando caiu do poder e foi exilado. Durante seu governo Napoleão não só estendeu com as fronteiras francesas por meio de guerras, como realizou diversas reformas políticas e sociais, sempre em nome dos interesses burgueses, instituindo o código civil, reformando o sistema educacional e adotando o estilo artístico neo-clássico como modelo arquitetônico que servia de veículo de propaganda para as dimensões de seu poder político e para a alta burguesia em seu estilo de vida.
ANÁLISE DOS FATOS
Analisar a grande quantidade de execuções com críticas as decisões dos lideres principalmente no período do terror em que tinha como principal líder o Robespierre seria de grande precipitação ou ingenuidade, as ameaças de outras potencias de invadirem a França revolucionaria, as incertezas de que cada passo estava sendo correto, a falta de visibilidade do que poderia apresentar os adversários como os contra revolucionários e sem contar com as estratégias dos inimigos que conspiravam para a derrota do dia seguinte. Os inimigos se viam em toda parte, neste contexto a suspeita era a palavra de ordem para o bom senso.
Uma outra analise seria se referir ao rei Luis XVI e a rainha Maria Antonieta como incompetentes na administração do estado, isto seria esquecer todo o processo histórico que culminaria com a revolução francesa, os fatos que aconteceram neste contexto é resultado do que Karl Marx chama construção de uma nova ordem social. Ocorre uma ruptura com a velha ordem política, social e econômica; e em seu lugar são estabelecidos novos padrões de relações sociais que têm por princípio assegurar a liberdade e a igualdade social entre os homens.
Karl Marx
Marx considerava que toda revolução é necessariamente violenta, ainda que isso dependa, em maior ou menor grau, da constrição ou abertura do Estado. A necessidade de violência se justifica porque o Estado tenderia sempre a empregar a coerção para salvaguardar a manutenção da ordem sobre a qual repousa seu poder político, logo, a insurreição não tem outra possibilidade de se realizar senão atuando também violentamente. Diferente do apregoado pelos pensadores contratualistas, para Marx o poder político do Estado não emana de algum consenso geral, é antes o poder particular de uma classe particular que se afirma em detrimento das demais.Em geral, Importante notar que Marx não entende revolução enquanto algo como reconstruir a sociedade a partir de um zero absoluto. Por exemplo, indica claramente que a instauração de um novo regime só é possível mediada pelas instituições do regime anterior. O novo é sempre gestado tendo o velho por ponto de partida. A revolução burguesa que instauraria um novo regime com classes entre operários e capitalistas, só obteria sucesso pleno após a conclusão de um período de transição que Marx chama de capitalismo.
Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social.
Por fim, parafraseando Rousseau: uma revolução só é mais fácil fazer quando o estomago esta vazio deixando em segundo plano a liberdade. Roger Chartier escreveu leituras e leitores na frança do antigo regime, nos relata que uma pesquisa feita as vésperas da revolução de 1789. Foram elaboradas três perguntas aos camponeses franceses pelo vigário de Emberménil, deputado da assembléia nacional, no dia 13 de 1870, são as seguintes: tinham os párocos e vigários variados livros para emprestar? Os camponeses tem gosto pela leitura? Que espécie de livros são comumente mais encontrados nas casas dos camponeses. Os livros escritos em Frances ou em patois (dialeto). A pesquisa procurava saber sobre as praticas culturais de leituras e sobre as bibliotecas rurais do século XIX. Das varias respostas que são dadas foram de intelectuais que pertencem a igreja, profissionais liberais e as togas engajados no mundo das letras.
As perguntas foram respondidas como impossível para uma maioria que nem sabe ler, como três quarto dos camponeses franceses não sabiam ler então seria inútil emprestar-lhes livros; alguns responderam que os camponeses eram estúpidos vaidosos se vangloriavam em saber sem nunca ter lido, portanto não tem livros em casa. Mas as respostas foram modificando que muitos camponeses se interessaram a leitura após a revolução, alem da falta de professores. Portanto a revolução despertou o interesse consciente dos camponeses nas inspirações iluministas. Mas para alguns, os principais adversários das leituras são os párocos que vêem as leituras iluministas como perigosas e que subvertam a ordem, principalmente entre os sexos.
Do levantamento dos livros que mais se lia, nove são religiosos, quatro laicos, como bíblias, bruxarias, cânticos religiosos, salmos, vidas de santos e etc., muitos se preocupavam em evitar que a corrupção do saber não substitua a ignorância. Mas a revolução provocou o interesses pela leitura,principalmente nos jovens que substituíram os cânticos religiosos pelas canções patrióticas. Mas por fim, a grande massa camponesa fora insuflada a participar da revolução, claro não na sua totalidade, mas sim por problemas conjunturais de fome e miséria. Transformando uma reforma agitada em revolução que coincidiu com a conclamação dos estados gerais com a crise socioeconômica. Os pobres do interior desesperados se envolviam em banditismo e distúrbios e os da cidade duplamente desesperado, falta de emprego e alto custo de vida. Daí vinham o exercito de sanculotes que empilhavam as ruas da frança, o resultado foi a queda da Bastilha.Para os intelectuais franceses e simpatizantes no exterior, a libertação da frança era um primeiro passo para o triunfo universal da liberdade, uma atitude convicta de que era dever pátria da revolução libertar todos os povos que gemiam sob a opressão e tirania do jugo feudal.  
Os verdadeiros responsáveis pela revolução foram os filósofos e economistas, principalmente os do liberalismo clássico que foram difundidos pela maçonaria e associações informais, pois foram estes que constituíram o colapso do velho regime e a substituição por um novo. O resumo desta obra calculada pode ser vista, hoje tranquilamente na declaração dos direitos dos homens e do cidadão de 1789. Este documento e um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilegio da nobreza, mas não um manifesto de uma sociedade democrática e igualitária. “os homens nascem e vivem livre e iguais perante as leis”, (1º artigo), mas também prevê a distinção de classe social, mesmo que no terreno da utilidade comum. A propriedade privada era um direito natural, sagrado, inalienável e inviolável. Os homens eram iguais perante a lei e as profissões estavam igualmente aberta aos talentos, mas se a corrida começava sem empecilhos, pressupunha-se como fato consumado que os corredores não chegam juntos.
O burguês liberal clássico de 1789 a 1848 não era um democrata, mas sim um devoto do constitucionalismo, de um estado secular com liberdades civis e garantias para a empresa privada e de um governo de contribuintes e proprietários. Entretanto, oficialmente este regime expressava apenas os interesses da nova classe dominante a burguesa e não a dos trabalhadores, tanto camponeses como os “proletariados”.
Então seria necessária uma estratégia daquela classe que de fato fazia a sua revolução, intervir e estabilizar o statuo quor com a aplicação de um símbolo humano restaurador da ordem, no caso, Bonaparte, concluir a revolução e iniciar o regime burguês.
CALENDÁRIO DA REVOLUÇÃO FRANCESA
 A Convenção Nacional - órgão de governo criado pela Revolução Francesa após a deposição do rei - anulou o sistema de contar o tempo ligado ao cristianismo e impôs o calendário republicano. O calendário republicano tinha como data inicial o dia 22 de novembro de 1792, quando foi instaurada a república, e pretendia não só substituir o gregoriano no país, como tornar-se universal. Criado pelo matemático Gilbert Romme, o calendário também era dividido em 12 meses (sem coincidir com os meses gregorianos) e cada mês foi cortado em três decêndios. Em cada um destes, os dias eram numerados de um a dez, recebendo nomes de primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi edécadi. Depois, os decêndios receberam nomes tirados de plantas, animais e objetos de agricultura. E o dia, por sua vez, foi dividido em dez horas de cem minutos e cada um destes, em cem segundos. 
O poeta Fabre d’Eglantine imaginou os nomes dos novos meses, com auxílio do jardineiro do Jardim das Plantas de Paris. As denominações inspiraram-se nos sucessivos aspectos das estações do ano na Europa: neblinas, neve, chuvas, ventos, calor etc.. Da mesma forma, cada dia também tinha um nome diferente, em favor de nomes comuns em francês, úteis na vida cotidiana. Por exemplo: o nosso 24 de novembro tornou-se o Nèfle do mês frimário. 
Ao total de 360 dias, acrescentavam-se cinco complementares que homenageavam os sans culotes, a cada quatro anos, um sexto - como nos anos bissextos do sistema gregoriano. O ano desse calendário revolucionário começou à meia-noite do equinócio do outono, segundo o meridiano de Paris. A eliminação dos feriados religiosos católicos, dos nomes de santos e, sobretudo, do domingo, insuficientemente compensado pelo décadi, incomodou a população. 
Frimário (frimaire): 21 de novembro a 20 de dezembro; Nivoso (nivôse): 21 de dezembro a 19 de janeiro; Pluvioso (pluviôse): 20 de janeiro a 18 de fevereiro; Ventoso (ventôse): 19 de fevereiro a 20 de março; Germinal (germinal): 21 de março a 19 de abril; Florial (floréal): 20 de abril a 19 de maio; Pradial (prairial): 20 de maio a 18 de junho; Messidor (messidor): 19 de junho a 18 de julho; Termidor (thermidor): 19 de julho a 17 de agosto; Frutidor (fructidor): 18 de agosto a 20 de setembro; Vindimiário (vendémiaire): 22 de setembro a 21 de outubro; Brumário (brumaire): 22 de outubro a 20 de novembro.
DIVISÃO DOS REVOLUCIONARIOS.
No início de 1789 a divisão se constituía da seguinte forma: - Os Girondinos seu líder Brossot – ocupavam os baços inferiores no salão das sessões, aliados da nobreza liberal e do baixo clero, formou
 Os jacobinos (Robespierre, Danton e Marat, mais radicais e tinham o apoio dos Sans culottes. Queriam aprofundar a revolução, pequena burguesia. Assentos superiores, portanto recebiam o nome de montanha. A facção mais radical era os raivosos, liderados por Jacques Herbert.
Planície ou Pântano, em “cima do muro”
Cordeliers (camadas mais baixas)
Feuillants (a burguesia financeira).
As modernas designações políticas de direita, centro e esquerda surgem neste momento das convenções. Em relação à mesa da presidência identificavam-se:

 À direita os girondinos, que desejavam consolidar as conquistas burguesas, estancar a revolução e evitar a radicalização; ao centro, a Planície ou Pântano, grupo de burgueses sem posição política definida;
À esquerda, a Montanha, composta pela pequena burguesia jacobina que liderava os sans-culottes, e que defendia o aprofundamento da revolução.
Dirigida inicialmente pelos girondinos, a convenção realizava uma política contraditória: era revolucionária na política externa, ao combater os países absolutistas, mas conservadora na interna, ao se acomodar com a nobreza, tentar salvar a vida do rei e combater os revolucionários mais radicais. Nesse primeiro período, foram descobertos documentos secretos de Luís XVI, no Palácio das Tulherias, que provaram o seu comprometimento com o rei da Áustria.
Bandeira da França.
A bandeira da França foi adotada em 15 de fevereiro de 1794, cinco anos após a Revolução Francesa (1789).A bandeira é composta por três faixas verticais nas cores azul, branca e vermelha. Estas cores simbolizam a Revolução Francesa. A cor azul representa o poder legislativo na França; a cor branca representa o poder executivo e a cor vermelha representa o povo francês. Como as três faixas possuem o mesmo tamanho, ela representa a divisão do poder de forma igualitária. A bandeira tricolor francesa também simboliza o lema da Revolução Francesa "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Entre os anos de 1814 e 1830, a França adotou uma bandeira toda branca. A bandeira oficial foi restaurada na Revolução de Julho de 1830.
HINO DA FRANÇA
La Marseillaise (A Marselhesa) é o hino nacional da França. Foi composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792, da divisão de Estrasburgo, como canção revolucionária.
Inicialmente intitulada Canto de Guerra para o Exército do Reno, o título verdadeiro, foi escrito a pedido do prefeito de Estrasburgo, dias depois da declaração de guerra ao imperador da Áustria, em 25 de abril de 1792. O canto deveria ser um estímulo para encorajar os soldados no combate de fronteira, na região do rio Reno.
A canção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, ficando conhecida como A Marselhesa. A revolução foi embalada por uma canção patriótica, entoada por unidades do exército de Marselha, quando entraram em Paris, em 14 de julho de 1792. Em 1795, foi instituída pela Convenção como hino nacional.
Napoleão Bonaparte baniu A Marselhesa durante o império, assim como Luís XVIII na segunda restauração, devido ao seu caráter revolucionário. A revolução de 1830 restabeleceu-lhe o status de hino nacional, sendo inclusive reorquestrada por Hector Berlioz na década de 1830. Entretanto, Napoleão III tornaria a banir a canção até que, em 1879, com a instauração da III República, a canção foi definitivamente confirmada como o hino nacional francês, ato esse reafirmado nas constituições de 1946 e 1958.





LETRA
Allons enfants de la Patrie,Avante, filhos da Pátria,
Le jour de gloire est arrivé!O dia da Glória chegou!
Contre nous de la tyrannie,Contra nós da tirania,
L'étendard sanglant est levé,O estandarte ensanguentado se ergueu.
Entendez-vous dans les campagnesOuvis nos campos
Mugir ces féroces soldats?Rugir esses ferozes soldados?
Ils viennent jusque dans vos brasVêm eles até os vossos braços
Égorger vos fils, vos compagnes!Degolar vossos filhos, vossas mulheres!
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons!Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons!Irrigue os nossos campos arados!
Que veut cette horde d'esclaves,O que quer essa horda de escravos,
De traîtres, de rois conjurés?De traidores, de reis conjurados?
Pour qui ces ignobles entraves,Para quem (são) esses ignóbeis entraves,
Ces fers dès longtemps préparés?Grilhões há tempo preparados?
Pour nous, ah! quel outragePor nós, ah! que ultraje
Quels transports il doit exciter!Que comoção deve suscitar!
C'est nous qu'on ose méditerÉ a nós que ousam considerar
De rendre à l'antique esclavage!Fazer retornar à antiga escravidão!
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons !Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons!Irriga os nossos campos arados!
Quoi! des cohortes étrangèresO quê! Tais multidões estrangeiras
Feraient la loi dans nos foyers!Fariam a lei em nossos lares!
Quoi! ces phalanges mercenairesO quê! Essas falanges mercenárias
Terrasseraient nos fiers guerriers!Arrasariam os nossos nobres guerreiros!
Par des mains enchaînéesPor mãos acorrentadas
Sous le joug se ploieraientSob o jugo se curvariam
De vils despotes deviendraientE déspotas vis tornar-se-iam
Les maîtres de nos destinées!Os mestres dos nossos destinos!
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons !Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons !Irriga os nossos campos arados!
Tremblez, tyrans et vous perfidesTremei, tiranos! e vós pérfidos,
L'opprobre de tous les partis,O opróbrio de todos os partidos,
Tremblez! vos projets parricidesTremei! vossos projectos parricidas
Vont enfin recevoir leurs prix !Vão finalmente receber seu preço!
Soldat pour vous combattre,Soldados para vos combater.
S'ils tombent, nos jeunes héros,Se tombarem os nossos jovens heróis,
La terre en produit de nouveaux,A terra novos produzirá,
Contre vous tout prêts à se battre !Contra vós, todos prestes a lutarem!
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons !Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons !Irriga os nossos campos arados!
Guerriers magnanimes,Guerreiros magnânicos,
Portez ou retenez vos coups!Levai ou retende os vossos tiros!
Épargnez ces tristes victimes,Poupai essas tristes vítimas,
À regret s'armant contre nous.A contragosto armando-se contra nós.
Mais ces despotes sanguinaires,Mas esses déspotas sanguinários,
Mais ces complices de Bouillé,Mas esses cúmplices de Bouillé,
Tous ces tigres qui, sans pitié,Todos os tigres que, sem piedade,
Déchirent le sein de leur mère !Rasgam o seio de suas mães!
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons !Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons !Irriga os nossos campos arados!
Amour sacré de la Patrie,Amor Sagrado pela Pátria
Soutiens nos bras vengeursSustém nossos braços vingativos.
Liberté, Liberté chérie,Liberdade, liberdade querida,
Combats avec tes défenseurs !Combate com os teus defensores!
Sous nos drapeaux que la victoireDebaixo as nossas bandeiras, que a vitória
Accoure à tes mâles accents,Chegue logo às tuas vozes viris!
Que tes ennemis expirantsQue teus inimigos agonizantes
Voient ton triomphe et notre gloire !Vejam teu triunfo, e nós a nossa glória.
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons !Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons !Irriga os nossos campos arados!
(Couplet des enfants)(Verso das crianças)
Nous entrerons dans la carrière,Entraremos na carreira (militar),
Nos aînés n'y seront plus,Nossos anciãos não estarão mais.
Nous y trouverons leur poussièreLá encontraremos suas cinzas
Et la trace de leurs vertusE o resquício das suas virtudes
Bien moins jaloux de leur survivreBem menos desejosos de lhes sobreviver
Que de partager leur cercueil,Que de partilhar seus caixões,
Nous aurons le sublime orgueilTeremos o sublime orgulho
De les venger ou de les suivre.De vingá-los ou de segui-los.
Aux armes, citoyens,Às armas, cidadãos,
Formez vos bataillons,Formai vossos batalhões,
Marchons, marchons !Marchemos, marchemos!
Qu'un sang impurQue um sangue impuro
Abreuve nos sillons !Irriga os nossos campos arados!


BIBLIOGRAFIA:         
História Geral - Aquino, Denize e Oscar - Ed. Ao Livro Técnico
Toda a História - José Jobson Arruda - Ed. Ática
História - Luiz Koshiba - Ed. Atual
Hobsbawem, Eric J. A revolução Francesa. Rio de Janeiro – Tradução Maria Lopes Teixeira e marcos Penchel.  Ed. Paz e Terra. 1996. (coleção leitura).
Tulad, Jean. História da Revolução Francesa: 1789-1799. Rio de Janeiro. Tradução Siene Maria Campos. Ed. Paz e Terra. 1989.
Hobsbawem, Eric J. A Era das Revoluções 1789-1848. Rio de Janeiro. Ed. Paz e terra – 20ª edição.