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Belem, PARÁ, Brazil
Graduado em Historia.

sábado, 5 de março de 2011

FETICHE E ANIMISMO

SEMPRE ENTENDEMOS TARDE A MÍDIA
A mídia faz o discurso da família tradicional usando a imagem de crianças e jovens como modelo a ser seguido, além de missas e cultos religiosos. Quem não relembra dos irmãos Sandy e Junior, filhos de um dos integrantes (Xororó) da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó. A imagem imaculada de meninos perfeitos que faziam sucesso para todas as idades mostrava os reflexos do bom exemplo de crianças bem educadas e que não estariam nas garras das drogas e que eram modelos de padrão a toda uma geração de crianças e adolescentes na década de 90 e 2000.
É, mas só que agora a Sandy mostrar as contradições da propaganda de uma família “cristalizada” pela mídia e comprova que aquela imagem era apenas um marketing de produtos para aquele contexto e que milhares de pessoas consumiram e consomem. Portanto, a imagem que ficou marcada na memória da sociedade era de um “sonho”, ou seja, uma fantasia que ressuscita agora com a imagem de uma Sandy que se propõe a dizer através de mulher ousada e treslouca que antes estava relacionada a austeridade dos bons costumes familiar, mas que migra para uma imagem de mulher “devassa”, ou seja, do sagrado para o profano e que pode tomar cerveja dentro de uma sociedade moderna.
A comprovação desse fenômeno é a propaganda de cerveja que Sandy protagoniza e, então toda a sua geração de crianças e jovens da sua idade estão libertas das amarras da “opressão” de um personagem ingênuo que servia apenas de um “bebezinho” dos pais e dos avós e como tal eram obrigados a ficar no tédio da virtude, e que o álcool é o símbolo desta “alforria”.
PROPAGANDA

Desde o aparecimento de Gooebbels na propaganda nazista que a propaganda de dissimulação utiliza atributos específicos em objetos trocados, invertendo o positivo ou negativo de um a outro objeto que são descritas ou redescritas a fim de despertar nova valorização.
A publicidade tem sido uma ferramenta de estimulo ao fetichismo da mercadoria nos meios de comunicação. Produtos publicitários atingem não só adultos, mas também crianças, o que nos faz dialogar com Rousseau: “a criança seria um adulto em miniatura, então uma consumidora em potencial como adulto no modelo econômico capitalista. Portanto, as crianças são preparadas para o modelo de sociedade que vivem.
A indústria da propaganda pensa no processo das etapas da vida, ou seja, preparando gerações desde crianças com imagens de ícones como produto (criança) ingênua recatada com princípios sagrados e familiar que transcenderá á imagem de um jovem ousado resistente a uma sociedade caduca, reacionária a consumo de produtos modernos, inclusive a droga legalizada (álcool), forjando de uma necessidade fundamental da vida como água para o desejo de cerveja. Ao reescrever a imagem de uma mulher recatada a liberal e revolucionaria com o simbolismo da “cerveja”, ou seja, “devassa”.
A cantora e artista Sandy discretamente foi e é esta imagem criada pela indústria da propaganda, mulher intocável, estereotipada como virgem desejada pelos instintos sexuais masculino, que transita como profana e gera furor como fêmea, sensual, sex e que agora realiza os desejos de sonhos eróticos, com postura vulgar que pode realizar os sonhos masculinos, basta que se torne consumidor do produto (cerveja) encenada na propaganda.
O DISCURSO DO COMERCIAL
todo mundo pensava que ela era comportadinha! Boa menina! Dormia cedo! Até conhecerem o outro lado dela: o lado devassa. Todo mundo tem um lado descontraído, tem um lado desencarnado, desinibido. E tem tudo haver com uma devassa bem loira, bem suave, bem gostosa. Todo mundo tem um lado devassa. Produto (cerveja) destinado a adulto.
EMBASAMENTO TEÓRICO
Karl marx
A propaganda fetichista tem suas bases clássicas, sendo que Marx usa o termo aliado para designar a necessidade criada pelo capitalismo, o desejo insaciável pela posse de objetos. Ele descreve como os objetos do cotidiano tomam a mesma forma e significado das peças adoradas em cultos religiosos. Aqui, o valor atribuído aos objetos tem função de aceitação social. Segundo Marx, todo produto de consumo já nasce com um fetiche associado a ele que seria a compensação da auto-alienação. Ao comprar um objeto o consumidor sente que conseguiu o resultado desejado.
Freud
Segundo Freud, o fetiche é a substituição de um desejo sexual pelo objeto associado a esse desejo. A psicologia explica a forma como a publicidade trabalha para atingir essa subjetividade. Todos nós somos capazes de discordar de informações polêmicas, mas a publicidade dribla nossas resistências apresentando quadros tranqüilos e perfeitos, livres de problematizações. Esses quadros devem possuir semelhança para que o consumidor possa se identificar com o produto. Essas fórmulas desarmam o consumidor da mensagem e sua subjetividade é, então, capturada.
Durkheim monta o seu ponto de vista partindo da religião. As regras das sociedades tem sua origem na religião. O homem cria um ser para ilustrar sua força e as forças da natureza, mas com o passar do tempo as associações ligadas a esse ser se tornam tão fortes que ele cria uma vida própria, ele se torna um símbolo e esse símbolo passa a guiar as ações do homem. A sociedade funciona sob coerção. A sociedade chama de crime qualquer ato cometido contra ela e são punidos. A coerção é feita através de uma pressão consciente e gera a repressão.
A normatização, de hábitos sociais são importantes para diminuir conflitos. Esse processo eleva a competição, o que causa o desânimo do indivíduo. “As aspiração do indivíduo é muito diferente do que ele recebe.” Entre os itens normatizados pela sociedade temos o adultério que gera conflitos de posse e patrimônio. No entanto, Freud explica que essas restrições de comportamento, em particular a privação de desejos sexuais, muitas vezes inconscientes, criam uma carência afetiva no ser humano. Essa carência é chamada de recalque.
A publicidade dá vazão a transformação de um objeto em desejo, transferindo esses desejos para a aquisição material e vice-versa, e uma das técnicas usadas é a criação de fetiches. Exemplo: os comerciais de cerveja. As propagandas associam a imagem de mulheres jovens e atraentes à bebida, e a cerveja se torna a mulher. Então, um homem, com recalque inconsciente em relação ao adultério, bebe a cerveja e tem seu desejo realizado e os padrões sociais não são quebrados e o desejo é satisfeito.
FETICHE E ANIMISMO
O argumento deste texto que moldam as pratica de propagandas se fundamentam na visão negativista que buscava legitimação do relato bíblico de Gênesis que a mulher Eva transgride as ordens de Deus quando prova da maçã e oferece a Adão, por isso a mulher é responsável pelo “pecado original”, e se postará como mulher transgressora dos preceitos religiosos monoteísta que inclusive irá ser proibida de entrar nos templos sagrados quando estiver menstruada na sociedade antiga.
Essa mentalidade se prorrogará para a idade média em que a Igreja representou a mulher como um sujeito aberto aos vícios e dada à prática pecaminosa. A mulher para não cometer heresias ficava encarcerada dentro de um protocolo social que existia no estatuto da mulher que deveria estar ligada incondicionalmente no seio da família, pois dentro desse lento processo a mulher vivia em um regime rígido religioso.
A religiosidade com característica ideológica que é fruto desse momento e que faz da mulher um ser falso, tentador, aliado do demônio, uma eterna Eva, mal resgatada por Maria, um ser escabroso, um mal necessário para a existência e funcionamento da família e procriação. A mulher sempre estava em suspeita de provocar desejos pecaminosos nos verdadeiros homens cristãos de valores. Pois eram consideradas frágeis e imbecis. Preciosas como pétalas, mas perigosas como cobra venenosa. Por isso, era mais fácil caírem em heresias, do que os homens.
A demonizarão da mulher só foi amenizada com a divulgação de duas outras representações que trouxeram outra concepção à figura feminina. A primeira delas está ligada à Virgem Maria, que a partir de seu culto estabeleceu a maternidade e a virgindade como vias pelas quais a mulher poderia recuperar a sua condição espiritual e moral inferior. A outra esteve associada à Maria Madalena, a prostituta que se redime de seus pecados e passa a levar uma vida dedicada à religiosidade.
A imagem feminina só vai ganhar outros valores com a transição dos valores feudais para o capitalismo, principalmente com a revolução francesa. Já que o homem é o símbolo do absolutismo “o rei”. Marini grande amor da vida de Augusto Comte vai ser a simbologia desse divisor de água. Por fim, esta mulher esta nos monumentos da republica representando com seu busto e seios de fora o simbolismo de dar “a luz” ao novo sistema. Portanto se libertando desses preceitos religiosos.
O conceito bíblico e cristão de diabo serve de base para entender e compreender os mecanismos de sedução utilizados na vertente de propaganda do fetiche da demonologia. A teoria de Freud é utilizada para a compreensão do fetichismo e do desejo sexual expresso no consciente e inconsciente. A principalmente intenção é expor os fetiches mais íntimos e perversos da mulher em dominar os homens ligados à imagem do diabo e explicitados nas propagandas.
As empresas percebem nos trajes e nos comportamentos femininos que esse desejo (e imagem) existe e é real e são mascarados na realidade, porque fere os valores sociais da mulher diabólica e fetichista, que se esconde na cumplicidade da moralidade de uma sociedade “hipócrita”.
Então cenas de propagandas de mulheres com comportamentos sensuais e sexuais estão intrinsecamente ligadas a desejos da mulher do mal e fetichista. Assim como os homens se realizam nas fantasias das propagandas que despertam esse fetiche de animismo de fêmea e macho no cio, prontos para o acasalamento como animal, que age nos instintos poligâmicos, desencarnado dos padrões históricos de um ser humanos sociabilizados, adaptados e normatizados a uma conduta moral e ética, assim como dos valores religiosos.
Esse produto “proibido” que é a cerveja que os levará ao saciamento da libido, estimulará um efeito desinibidor nos consumidores que entrará na lascivização e depois na “clandestinidade” moral, pelo seu ato inconsciente de ter cometido um crime contra a sociedade.
As interpretações podem ser explicadas no livro de Genesis capitulo 3, versículo 6 e 7. cito: “ai apanhou uma fruta e comeu; e deu ao seu marido. E ele também comeu. 7 nesse momento os olhos dos dois se abriram, e eles perceberam que estavam nus.(...). Então a mulher como responsável pelo pecado original, induz em seguida o homem. Pois Eva primeiro prova da maçã, assim como Sandy também primeiro prova da cerveja e depois oferece.
A desobediência contra Deus lhes custarão o descobrimento do pecado (sexo), para o consumidor o crime do adultério, pela sua luxúria e pagará pelos seus atos contra a sociedade que usará da coerção contra este, que será penalizado com sua perda de liberdade. Adão e Eva serão expulsos do jardim do Éden (Genesis, Cap 3, Vs 23).
Genesis Cap. 3, vs 8 – “Naquele dia, quando soprava o vento suave da tarde, o homem e a sua mulher ouviram a voz do Deus eterno(...) se esconderam dele(....) e Deus chamou o homem e perguntou-lhe onde estava. O homem lhe respondeu que estava com medo, porque estava nu. E deus lhe questiona como sabe que estas nu? Você comeu da maçã? O homem lhe respondeu que foi a mulher que lhe deu. E Deus pergunta a mulher porque comeu do fruto proibido. Esta lhe respondeu que foi a cobra que lhe enganou. Simbolicamente a cobra pode esta relacionada a publicidade, todos nós somos capazes de discordar de informações polêmicas, mas a publicidade dribla nossas resistências apresentando quadros tranqüilos e perfeitos, livres de problematizações. Apesar das informação de Deus que não poderia provar do fruto proibido, mas Adão não consegue resistir a propaganda da cobra que usa Eva como instrumento.
“Deus é a consciência humana que cria a sua autopunição e que deliberará em conjunto com a sociedade a punição do crime. A voz de Deus na tarde é a “ressaca moral”, o peso da consciência. Apesar de saber do péssimo beneficio que o álcool traz a sociedade, mas o consumidor é driblado pela persuasão do comercial, além de se submeter às conseqüências do adultério virtual. A pse uda tranqüilidade que sofre os instintos humanos são as contradições entre necessidades e desejos, reações do inconsciente. Pois serão restabelecido com a consciência da responsabilidade do livre arbítrio.
O homem como a igreja sempre culpou e suspeitou da mulher de provocar desejos pecaminosos nos verdadeiros homens cristãos, mas Adão tenta se defender que foi próprio Deus que lhe deu a mulher. A mulher repassa o pecado à cobra que lhe enganou. A coerção de Deus gerou restrições de comportamento, em particular a privação de desejos, mas não de necessidade de comer a maçã, criando uma carência inconsciente, ou seja, recalque
A mulher é castigada com a dor do parto e mesmo assim terá desejo de sexo com o homem, e ele o dominará, além de ser inimiga da cobra, portanto esta é comparada traiçoeira como a cobra a induzir o homem a perversão da luxuria, além de se tornar submissa as ordem do homem. Esta mulher que seguirá submissa ao homem, restabelecera essa balança de igualdade de valores dos gêneros no ato de relação sexual com o homem, pois esta irá imprimir toda a sua volúpia de persuasão ao desejo masculino de uma fêmea dominada e pervertida aos seus instintos vulgar e nesse ritual de acasalamento, a relação de dominante se inverte, ou seja, a mulher passa a ter controle sobre o homem, atraído pela postura erótica e profana de uma “profetiza” que irá lhe desligar no instante do orgasmo, como efeito nirvana do profano para o sagrado como nas torres de babel, se resumindo na ditadura do sexo feminino.
CONCLUSÃO
As estratégias das empresas de propagandas são fundadas em textos clássicos, que nos faz relembrar que os seres humanos são induzidos pelos desejos dos instintos, alem dos sentidos. As crianças são pelas fantasias do lúdico, os jovens que reagem pelas matizes do colorido, e lhes são oferecidos produtos que satisfaças as vaidades. Os adultos o elixir da durabilidade humana, assim como produtos místicos. Não importa qual a necessidade do produto, mas provocar nas mulheres e homens os desejos que lhes estão intrínseco ao fetichismo do inconsciente e adoração de suas fantasias, driblando as resistência quanto a utilidade e necessidade do produto.
Quantas vezes nós nos deparamos com tanto produtos obsoleto que adquirimos, cooptados pelas táticas de marketing que nos insinuam a converter um produto como investimento de capital bruto para nos eternizarmos como consumidores óbvios pela desobediência lógica de investimento em bens que nos produza qualidade. Por exemplo: recursos naturais, recursos para conhecimentos, além de eliminar produtos como as drogas, mesmo que seja licita.
A inversão desses valores já começou a se tornar realidade grandes possuidores de bens de capitais do mundo começam a fomentar uma nova modalidade, fundar ONGs para dar apoio a pessoas carentes, motivo? É tanto dinheiro que estes poucos tem, que mesmo gastando com o supérfluo, não há como eliminar todo o dinheiro que este adquiriu no seu tempo de vida efêmero, ou seja, há uma incipiente reação de que o homem não tem mais o que fazer com seu dinheiro, portanto precisa investir no mercado da miséria para compensar o resultado do degrado social que o capitalismo provoca, como: interrompendo rios com construções de barragens para obtenção de energia elétrica , derrubando florestas, destruindo comunidades que conviviam de coletas de frutos e caças, economia de subsistência, expropriação da força de trabalho através da “mais-valia”. E sem perceber esses homens se isolam do mundo e de todos e esquecem que podem viver com bem menos do que tem, inclusive com quase nada. Mas quando descobre já é quase tarde, começam a praticar “dietas morais”, com metodologia diferente, mas os fins são os mesmos das compras de indulgencias na idade media. Quem sabe esse não seja o primeiro germe das contradições do capitalismo para uma sociedade solidaria, já que muitos ainda tem preconceito com a palavra socialismo.
Sei que meus olhos não irão agüentar a luz do sol que testemunhará esses eternos dias, em que não haverá divisão social de classes, nem de conceitos de religião, mas sim um conceito apenas que somos um corpo só, ou seja, um único átomo. Mas enquanto não chegar esses dias, pensadores do futuro não vão se desestabilizar e nem desestabilizar a sociedade com práticas que deveram acontecer no seu tempo real. A questão não e ter paciência, mas sim perseverança. Hoje, no momento que escrevo não é a data da revolução dos “trabalhadores “uni-vos”, mas é esse o mundo que eu quero para meus filhos, meus parentes e meus amigos. Mas qualquer atitude de resistência ao grande modelo econômico do capitalismo estarás emperrando as engrenagens da “dialética do materialismo histórico”. Vamos deixar o modelo correr o seu curso natural, não vamos ser ansiosos camaradas, afinal! “Este mundo não é. Esta sendo. portanto tudo esta se processando. A única engrenagem que não deve parar é a educação, pelo contrario devemos azeitar cada vez mais estas porque só assim chegaremos a esses dias.
Viva a humanidade!
Esaú Araújo.
Referencias bibliográficas
Marx, Karl, Miséria da Filosofia. Rio de Janeiro: Leitura, 1965. P 104 – 179; Marx, Karl. O capital. São Paulo Edições e Publicações Brasil Editora S. A;. Freud, Sigmund, Psicopatologia da Vida Cotidiana. Rio de Janeiro Zahar Editores;
Araujo, Esaú da cunha, Desportivização da educação, monografia Belém-pa
Esaú Araújo