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Graduado em Historia.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ERIC HOBSBAWM: CRISE EXPLICA DERIVA À DIREITA NA EUROPA


No 94° aniversário do historiador Eric Hobsbawm, o blog do italiano Beppe Grillo o entrevistou. Assume ser um historiador, não um futurologista – debate sobre o que é hoje o marxismo e a crise na União Europeia. Hobsbawm acredita que, no futuro próximo, praticamente todos ou quase todos os países europeus serão governados por governos de direita, de um tipo ou de outro. Para ele, a crise econômica que se arrasta desde 2008, tem muito a ver com a deriva à direita na Europa. "Acho que, hoje, só quatro economias na Europa, na União Européia, estão sob governos de centro ou de esquerda".
BLOG DE BEPPE GRILLO
O blog de Beppe Grillo entrevistou Eric Hobsbawm,  historiador marxista, quando esteve em Roma para o lançamento da tradução italiana de seu livro How to Change the World - Why rediscover the inheritance of Marxism. Hobsbawm analisa a possibilidade de uma deriva rumo à direita nos próximos anos na Europa, por razões relacionadas com a depressão econômica, a ânsia por segurança e a estagnação da União Européia, arcada sob o peso da obrigação de ser cada vez maior e maior e pela falta de visão política comum. Além disso, os movimentos de resistência têm crescido mais em regiões onde há um maior número de jovens – por exemplo, no norte da África e nos países em desenvolvimento, não na Europa.
SOBRE O MARXISMO HOJE ERIC HOBSBAWM:
Sou o Eric Hobsbawm. Sou um historiador muito velho. Como tal, telefona-me no dia do meu 94º aniversário. Durante toda a minha vida escrevi principalmente sobre a história dos movimentos sociais, a história geral da Europa e do mundo dos séculos XIX e XX. Acho que todos os meus livros estão traduzidos para italiano e alguns foram até bastante bem recebidos.
Blog de Beppe Grillo:
1 - A nossa primeira pergunta é sobre o seu livro. O marxismo é considerado um fenômeno pós-ideológico. Poderia explicar-nos porquê? E quais serão as consequências dessa mudança?
Eric Hobsbawm: Eu não usei exatamente a expressão “fenômeno pós-ideológico” para marxismo, mas é verdade que, no momento, o marxismo deixou de ser o principal sistema de crenças associado aos grandes movimentos políticos de massa em toda a Europa. Apesar disso, acho que sobrevivem alguns pequenos movimentos marxistas. Nesse sentido, houve uma grande mudança no papel político que o marxismo desempenha na política da Europa. Há algumas partes do mundo, por exemplo, a América Latina, em que as coisas não se passaram do mesmo modo. A consequência daquela mudança, na minha opinião, é que agora todos podemos concentrar-nos mais e melhor nas mudanças permanentes que o marxismo provocou, nas conquistas permanentes do marxismo.
Essas conquistas permanentes, na minha opinião, são as seguintes: Primeiro, Marx introduziu algo que foi considerado novidade e ainda não se realizou completamente, a saber, a crença de que o sistema econômico que conhecemos não é permanente nem destinado a durar eternamente; que é apenas uma fase, uma etapa no desenvolvimento histórico que acontece de um determinado modo e deixará de existir e converter-se-á noutra coisa ao longo do tempo.
Segundo, acho que Marx concentrou-se na análise do específico modus operandi, do modo como o sistema operou e se desenvolveu. Em particular, concentrou-se no curioso e descontinuo modo através do qual o sistema cresceu e desenvolveu contradições, que por sua vez produziram grandes crises.
A principal vantagem da análise que o marxismo permite fazer é que considera o capitalismo como um sistema que origina periodicamente contradições internas que geram crises de diferentes tipos que, por sua vez, têm de ser superadas mediante uma transformação básica ou alguma modificação menor do sistema. Trata-se desta descontinuidade, deste reconhecimento de que o capitalismo opera não como sistema que tende a se auto-estabilizar, mas que é sempre instável e eventualmente, portanto, requere grandes mudanças. Esse é o principal elemento que ainda sobrevive do marxismo.
Terceiro, e acho que aí está a preciosidade do que se poderá chamar de fenômeno ideológico, o marxismo é baseado, para muitos marxistas, num senso profundo de injustiça social, de indignação contra a desigualdade social entre os pobres e os ricos e poderosos.
Quarto, e último, acho que talvez se deva considerar um elemento – que Marx talvez não reconhecesse – mas que esteve sempre presente no marxismo: um elemento de utopia. A crença de que, de um modo ou de outro, a sociedade chegará a uma sociedade melhor, mais humana, do que a sociedade na qual todos vivemos atualmente.
2 - UMA DERIVA À DIREITA NA EUROPA?
Blog: No norte da África e em alguns países europeus – Espanha, Grécia e Irlanda – alguns movimentos de jovens que nasceram na internet e usam redes, por exemplo Twitter e Facebook, estão aproximando-se da política. São movimentos que exigem mais envolvimento e mudanças radicais nas escolhas das sociedades. Mas, ao mesmo tempo, a Espanha tende à direita; a Dinamarca votou pelo encerramento das fronteiras com a Hungria; e na Finlândia, e até mesmo na França, com Marie Le Pen, estão surgindo partidos nacionalistas de extrema-direita. Não é isto uma contradição?
Eric Hobsbawm: Não, não acho. Acho que são fenômenos diferentes. Acho que, na maioria dos países ocidentais, hoje, os jovens são uma minoria politicamente ativa, largamente por efeito de como a educação é construída. Por exemplo: os estudantes sempre foram, ao longo dos séculos, elementos ativistas. Ao mesmo tempo, a juventude educada hoje é muito mais familiarizada com modernas tecnologias de informação, que transformaram a agitação política transnacional e a mobilização política transnacional.
Mas há uma diferença entre (a) esses movimentos de jovens educados nos países do ocidente, onde, em geral, toda a juventude é fenômeno de minoria, e (b) movimentos similares de jovens em países islâmicos e em outros lugares, nos quais a maioria da população tem entre 25 e 30 anos. Nesses países, portanto, muito mais do que na Europa, os movimentos de jovens são politicamente muito mais massivos e podem ter maior impacto político. O impacto adicional na radicalização dos movimentos de juventude acontece porque os jovens hoje, em período de crise econômica, são desproporcionalmente afetados pelo desemprego e, portanto, estão desproporcionalmente insatisfeitos. Mas não se pode adivinhar que rumos tomarão esses movimentos. No todo, os movimentos dessa juventude educada não são, politicamente falando, movimentos da direita. Mas eles só, eles pelos seus próprios meios, não são capazes de definir o formato da política nacional e todo o futuro. Creio que, nos próximos dois meses, assistiremos aos desdobramentos desse processo.
Os jovens iniciaram grandes revoluções, mas não serão eles que necessariamente decidirão a direção geral pela qual andarão aquelas revoluções. Cada direção, claro, depende do país e da região. Obviamente as revoluções serão muito diferentes nos países islâmicos, do que são na Europa ou, claro, nos EUA.
E é verdade que na Europa e provavelmente nos EUA pode haver uma deriva para a direita, na política. Mas isso, parece-me, será assunto da terceira pergunta.
3 - A CRISE ECONÔMICA
BLOG: Sim, a próxima pergunta é sobre a crise econômica em que vivemos desde 2008. As crises de 29, 33, levaram o fascismo ao poder. Prevê algum risco de a crise atual ter os efeitos que tiveram as crises de 28, 29, 33?
Eric Hobsbawm: Bem, não há dúvidas de que a crise, a crise econômica que se arrasta desde 2008, tem muito a ver com a deriva à direita na Europa. Acho que, hoje, só quatro economias na Europa, na União Europeia, estão sob governos de centro ou de esquerda. Algumas daquelas devem perder. A Espanha provavelmente também se moverá em direção à direita. Nesse sentido, parece verdade. Não acho que haja aí qualquer risco de ascensão do fascismo, como nos anos 1930. O perigo do fascismo nos anos 1930 foi, em grande medida, resultado da conversão de um país em particular, um país decisivo politicamente, nomeadamente a Alemanha sob a alçada de Hitler.
Não há sinal de que nada disso esteja a acontecer hoje. Nenhum dos países importantes, segundo me parece, dá qualquer sinal nessa direção. Nem nos EUA, onde há um forte movimento direitista, pode-se concluir que aquele movimento ganhe poder nas urnas. Nem, tampouco, no caso dos partidos e movimentos de extrema-direita nos países europeus. Apesar de serem fortes, têm-se mantido como fortes minorias sem grandes hipóteses de se tornarem maiorias. Mas, sim, creio que, no futuro próximo, praticamente todos ou quase todos os países europeus serão governados por governos de direita, de um tipo ou de outro. Recorde-se que um dos efeitos logo termo da crise econômica dos anos 1930 foi que praticamente toda a Europa tornou-se democrata e de esquerda, como jamais antes acontecera. Mas isso levou algum tempo. Portanto, há um risco, mas não é o mesmo risco que havia nos anos 1930. O risco é antes o de não se agir o suficiente para lidar com os problemas básicos, enaltecidos pelo capitalismo dos últimos 40 e enfatizados pelo renascimento dos estudos marxistas.
4 – UNIÃO EUROPÉIA
BLOG: O que pensa sobre a União Europeia e sobre o que já foi conseguido? A União Europeia conseguirá consolidar-se ou voltará a ser uma simples reunião de estados?
ERIC HOBSBAWM: Acho que a esperança de que a União Européia venha a ser algo mais que uma aliança de estados e área de livre comércio, essa, não tem grande futuro. Não irá muito além do que já foi até aqui, mas não acho que seja destruída.
Acho que o que já se fez, um grau de livre comércio, um grau muito mais importante de jurisprudência comum e lei comum permanecerão. A principal fraqueza da União Européia, parece-me, razão do fracasso, foi o conflito entre a economia e a base social da União Européia. Um conflito que resultou da tentativa para eliminar a guerra entre a França e a Alemanha e unificar economicamente as partes mais ricas e desenvolvidas da Europa. Esse objetivo foi alcançado. Tal foi misturado em seguida com um objetivo político associado à Guerra Fria e ao desenvolvimento após o fim deste período, nomeadamente o objetivo de extensão das fronteiras a todo o continente e mais além. Este processo dividiu a Europa em partes que já não são facilmente coordenáveis.
Economicamente, as grandes crises são ambas muito parecidas no que diz respeito às aquisições para a União Européia desde os anos 1970, na Grécia, em Portugal e na Irlanda, por exemplo. Mesmo politicamente, as diferenças entre os antigos estados comunistas e os antigos estados não comunistas da Europa enfraqueceram a capacidade de a Europa continuar a desenvolver-se. Se a Europa continuará a conseguir manter-se como está, eu não o sei. Não creio, contudo, que a União Européia deixe de existir e acho que continuaremos a viver numa Europa mais coordenada do que a que conhecemos, digamos, desde a II Guerra Mundial.
De qualquer modo, devo dizer que está fazendo-me perguntas enquanto historiador, mas sobre o futuro. Infelizmente, os historiadores sabem tanto sobre o futuro quanto qualquer outra pessoa. Por isso, as minhas previsões não são fundadas em nenhuma especial vocação que eu tenha para prever o futuro.
Fonte: Carta Maior
Publicado originalmente no Blog de Beppe Grillo
Tradução: Coletivo Vila Vudu

ERIC HOBSBAWM E LULA (A PRAXIS - TEORIA E PRÁTICA)


Um dos maiores historiador e marxista ainda vivo Eric Hobsbawm, 94 anos, se encontrou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o referenda como um dos estadistas que mais contribuiu para o equilíbrio de países em desenvolvimento. Assim falou: - "ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas", os dois se reuniram quarta-feira 13/06/2010 na residência do embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe, a convite da equipe de Lula.
O clássico historiador economicista da dialética do materialismo histórico de Marx é Autor de clássicos como: Era dos Extremos, A Era dos Impérios, a Era do Capital, Era das Revoluções, Tempos Interessantes, Mundo do Trabalho, A Revolução Francesa, os revolucionários, Historia Social do Jazz, Bandidos, Nações e Nacionalismo, Globalização, democracia e terrorismo e etc. Na saída da embaixada, ele deu uma rápida entrevista quando sentado no banco de trás do carro. O historiador teceu elogios ao governo Lula. O encontro durou cerca de uma hora e meia.
"Lula fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul." Em relação ao seu papel após o fim do seu mandato, Hobsbawm afirmou que, "claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente".
"Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para tocar projetos de desenvolvimento na África, especialmente entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente", disse.
Sobre o encontro, disse que foi uma "experiência maravilhosa", especialmente porque conhece Lula há bastante tempo. "Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo."o intelectual afirmou que não conhece Dilma Rousseff, só a conhece pelo que lê nos jornais e pelo que lhe contam, mas sabe da importância do Brasil ter a primeira mulher presidente.
"É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher. Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais", falou.
Lula chegou na Inglaterra na noite de terça-feira (12). Além de Hobsbawm, ele teve nesta quarta um encontro com a presidente da ONG inglesa Oxfam, Barbara Stocking, que se dedica à busca de soluções para a pobreza no mundo. O tema da conversa foi sobre projetos na África.
Nesta quinta-feira (14), Lula dará uma palestra a empresários em um seminário promovido pela Telefonica em Londres. Ele pretende falar sobre as perspectivas de investimento no Brasil e sobre o fortalecimento da democracia na América do Sul, sem focar em um país específico.
O quase centenário marxista Eric Hobsbaw, faz este historiador ter a certeza neste encontro que os movimentos sociais estão em relativa cadência com o método cientifico de Marx. Portanto, o historiador , olha para Lula e só confirma como um profeta, e Lula, é um agente dinamizador do motor da história, o que significa que Hobsbawm é o teórico e Lula faz a prática e entre os dois a práxis.

terça-feira, 21 de junho de 2011

SENADORA MARINOR BRITO X “DEBIUTADO” BOSALNARO


Onde estaria um parlamentar deste tipo que criminaliza os direitos legais das pessoas, se neste contexto fosse o período que este debiutado Bolsonaro defende? Com toda certeza torturado e morto. É cínico a atitude deste “parlamentar”. Defende a homofobia, é racista é estritamente um defensor do comportamento autoritário e ditador, alem de despóticos.
É debiutado! como é bom a liberdade democrática que o teu regime da ditadura militar não permitiu. Se tu tivesse em situação contrária da senadora Marinor, sairias em silêncio, mas o silêncio seria sinônimo de morte.
A OAB-RJ quer te processar, vários deputados de vários partidos querem a tua cassação, mas os instrumentos democráticos não permitem, apesar de que este nazista desperta sentimentos e instintos primitivos em qualquer ser humano que defende os direitos de igualdade que tanto o povo deste país lutou e vem lutando, e que foi contrario este inimigo da liberdade.
A indignação da senadora Marinor Brito é a minha e a nossa e de todos. É companheira, mas não vamos devolver na mesma moeda que este facínora usou quando em total liberdade de seu estado “bárbaro”. Nem mesmo um dos principais mentores do regime militar não suporta este “debiutado”, o ex governador, ministro, senador Jarbas Passarinho em uma de suas entrevistas: “não aturava extremista da esquerda, mas também não aturo extremista da direita”. Esta entrevista foi logo após conduta peçonhenta deste crápula contra a cantora e artista Preta Gil. Alem de seu comentário sobre o pai da cantora (Gilberto Gil): - “quem é o pai dela? Aquele que dá bitoquinha em homem”. (falando de Gilberto Gil)
O debiutato fez questão de bater continência no dia 31 de Março data do aniversario do golpe militar de 1964, início do pior momento no Brasil.
Este energúmeno ainda representa uma pequena parte da população que resiste e insiste ao reacionarismo do monstruoso momento que viveu este país.
Debiutado Bosalnaro quando tu abre a boca para falar contra seres humanos que foram historicamente ignorados neste país, mentes e corações estremecem só de pavor, medo, ódio e resignação, daqueles e aquelas que não tiveram o direito sagrado de enterrar os mortos das atrocidades do regime bruto.
O debiutado permanece no partido PP, justamente aquele que se chamava ARENA.
Viva a democracia!!! Porque os fascistas estão em extinção neste país.
Brava é a companheira e senadora Marinor Brito com muito orgulho, trechos do Hino nacional se reverbera pela tua atitude, "pois ergueste da justiça a clava forte, Verás que uma filha tua não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. De um povo heróico o brado retumbante, e o sol da Liberdade, em raios fúlgidos... Se o penhor dessa igualdade. Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó Liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte!
Por coincidência este refrão já previa a criação deste partido: POVO heróico e o SOL da LIBERDADE – PSOL.
Alguém tem que gritar com esses canalhas, se não eles se sentem a vontade e querem volitar. Nunca mais!!!!!!!!!!!!!.... 
Por fim, mas o que o povo quer é isso, o direito de liberdade de expor suas idéias e ate aqueles que sempre foram contra a liberade também tem direito de gritar por aquilo que este perceba que e um direito seu. Pois como afirmou Voltarie: - "posso não concordar com nada do que dizes, mas lutarei até o fim pelo direito de dize-lo.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

DIVISÃO DO PARÁ II(REACIONARISMO OU PROGRESSISMO)

Campeia-se pelos debates que a divisão do estado do Pará esta ligado apenas a interesses de grupos econômicos. E quem abrir a boca dentro dos partidos de esquerda pela divisão do estado, de imediato é acusado de traidor da classe operária ou dos trabalhadores camponeses dessas regiões, principalmente que esta sendo discutido o desmembramento político-administrativo.
Ora camaradas, não é dever dos companheiros defenderem cada vez mais a intervenção do estado nas garantias de serviços fundamentais para a população, sendo assim, se evita a minimização do estado? Não é a clandestinidade que impera dentro desses municípios pela ausência da maquina do estado?  

O PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Dirigentes e militantes do PSOL em Santarém e região se manifestam acerca do Projeto de criação do estado do Tapajós e deixa bem claro através da “Carta Aberta: membros do PSOL à população do Oeste do Pará” que não concorda com a decisão dos membros do PSOL da região metropolitana de Belém, que são contra a divisão do Estado do Pará. Então este tema não é de cunho só dos partidos reacionários.

 CARTA ABERTA: MEMBROS DO PSOL À POPULAÇÃO DO OESTE DO PARÁ.
Santarém - Nós, dirigentes e militantes do Partido Socialismo e Liberdade em Santarém e região, vimos a público nos manifestar acerca dos recentes acontecimentos referentes ao projeto de criação do estado do Tapajós.
Primeiramente, deixamos claro que discordamos do posicionamento tomado pelos parlamentares do nosso partido que, no Congresso Nacional, votaram contra o plebiscito que decidirá pela criação ou não dos estados do Tapajós e Carajás. Há no PSOL/PA posições distintas acerca do tema. Nossos filiados da região metropolitana de Belém tendem a se opor aos novos estados, ao passo que em Santarém grande parte da nossa militância apóia a emancipação do Tapajós, inclusive com manifestações públicas feitas por expoentes do partido em distintos momentos de nossa vida partidária. Vale ressaltar que essa divergência não é exclusividade do PSOL. Outros partidos vivem situação similar. Geralmente, quem está fora dos territórios que buscam a redivisão, em um primeiro momento, tende a ser contra.
Talvez o maior diferencial entre nós e eles é que nós vivemos aqui. Consideramos, entretanto, um erro grave que nossos parlamentares tenham votado pela não-realização do plebiscito, o que na prática significou uma posição contrária à livre opção a ser tomada pelo povo do nosso estado. Devemos lembrar que um dos nossos diferenciais enquanto partido está na defesa da radicalização da democracia, ou seja, primamos por estimular a população a tomar as rédeas de sua história. Plebiscitos e referendos, para nós, são instrumentos fundamentais ao ideal de democracia participativa que tanto defendemos.
Por outro lado, aproveitamos o ocorrido para manifestar nossa opinião acerca da criação do estado do Tapajós. Defendemos o novo estado como forma de garantir uma maior atenção do poder público às necessidades sociais da região Oeste do Pará. A grande distância geográfica existente entre nossa região e a capital do estado compromete a qualidade dos serviços públicos e o nosso próprio desenvolvimento econômico e social. Precisamos de uma administração estadual que esteja próxima à realidade do povo e que consiga responder com eficiência às suas demandas.
É importante que se diga que vemos a redivisão geopolítica desse imenso território não como um "grande sonho" carregado de mítica e ilusões, mas como uma medida administrativa necessária para possibilitar a gestão que nenhum governo do Pará poderá promover no dado quadro geográfico e na disputa desigual pela atenção estatal em relação às regiões próximas ao centro metropolitano.
É fundamental, contudo, que a população assuma de fato a condução desse processo e se disponha não somente a discutir a criação do Tapajós, mas queira, principalmente, discutir qual modelo que se pretende, para que o novo estado não se transforme em mais um espaço de poder a serviço das elites regionais, que até esse momento estiveram ao lado dos muitos governos que nos relegaram ao abandono administrativo. A necessidade de se discutir o modelo de estado que queremos se justifica quando observamos que no Brasil muitas unidades federativas possuem dimensões geográficas bem menores do que a ora pretendida pelo Tapajós, sem que isso se traduza em participação popular e verdadeiro desenvolvimento social.
Em outras palavras, a criação do estado do Tapajós é importante, mas não suficiente para garantir o avanço social da nossa região. Pouco ou nenhum avanço será possível se a administração do novo estado ficar a cargo de políticos corruptos e oportunistas, que estão preocupados apenas em aumentar o patrimônio à custa dos novos cargos e espaços públicos que serão constituídos.
É fundamental que a sociedade se organize para participar de forma decisiva na disputa dos rumos políticos do novo estado. O protagonismo popular deve ser exercido com vigor no estado do Tapajós. Nesse sentido, propomos que não só novo estado, mas também a sua Constituição seja aprovada em plebiscito, permitindo que a população decida por conta própria sobre as estruturas políticas e jurídicas da nova unidade federativa a ser criada.
Por outro lado, temos nítida clareza de que o voto equivocado dos nossos parlamentares sobre esse tema específico (estado do Tapajós) não anula o papel desempenhado pelo PSOL como um partido que tem impulsionado positivamente a democracia no Brasil. Temos orgulho de fazer parte de um partido que nunca se envolveu em escândalos de corrupção no Congresso Nacional e nas demais esferas de poder.
Muito pelo contrário. Nossos parlamentares têm se destacado pelo combate intransigente ao desvio de dinheiro público orquestrado pelas elites corruptas e reacionárias deste país.
Aqui no Pará, por exemplo, o deputado estadual Edmilson Rodrigues foi o único a exigir uma CPI para investigar a corrupção na Assembleia Legislativa do Estado, antes mesmo que o escândalo estourasse. Não temos dúvida de que muitas das figuras participantes desse esquema de corrupção estarão em suas zonas de influência eleitoral levantando a bandeira dos novos Estados. Sobre esse tema, é bom que se diga que parlamentares de siglas influentes como o PSDB tem fugido da CPI, como o "diabo foge da cruz". Por que se negar a instalar uma CPI que pretende investigar o desvio de 800 a um milhão de reais/mês? É esse tipo de conduta que não queremos para o nosso estado do Tapajós.
Por fim, lembramos aos que nos últimos dias têm nos criticado (como estratégia política futura) que na Câmara Federal pelo menos 63 deputados, dos mais diversos partidos, votaram também contrariamente ao plebiscito do Tapajós. A nosso favor temos a dizer que assim como nossos Deputados do PSOL votaram contra o plebiscito dos novos estados, também foram os únicos a votarem 100% contra o aumento imoral de 62% que os parlamentares brasileiros deram aos seus próprios salários. Esse, como certeza, é um importante diferencial a ser considerado.
Por fim, temos a dizer que a luta que se inicia com a abertura para a realização do plebiscito também se dará dentro do PSOL do Pará, e lá estaremos nós defendendo a criação do novo Estado, considerando todos os dados e ponderando todas as razões concretas sobre sua vida pós-criação. No mais, o Partido Socialismo e Liberdade segue firme na construção de sua história como uma importante referência política da esquerda brasileira, na luta contra a corrupção e o abuso de poder, bem como na defesa de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária no Brasil.
São esses os valores que queremos imprimir no estado do Tapajós. Só assim nosso povo verá o desenvolvimento social que tanto espera acontecer, mas que é constantemente negado pelas elites econômicas e políticas que governam o Brasil, o Pará e Santarém. Contra elas dizemos: Todo poder ao povo no estado do Tapajós!
Assinam:
Márcio Pinto: professor e ex-candidato a prefeito e a deputado estadual/PSOL;
Maike Viera: presidente do Diretório Municipal do PSOL/Santarém;
Eric Braga: Diretório Municipal do PSOL/Santarém;
Gleydson Pontes: advogado;
Érina Gomes: advogada;
Isabel Sales: sindicalista e professora;
Isabel Marinho: sindicalista e professora;
Ib Sales Tapajós: juventude do PSOL;
Wallace Carneiro de Souza: juventude do PSOL;
Doristela Paranatinga: sindicalista e professora;
Leuza Marques: sindicalista e professora;
Dinorá Moda: sindicalista e professora;
Mário Mascarenhas: sindicalista e professor;
Elineuza Alves: juventude do PSOL;
Margarete Ferreira: movimento popular de luta por moradia;
Sival Sales: movimento popular de luta por moradia;
Marilson Andrade: movimento popular de luta por moradia;
Eli Reis: movimento popular de luta por moradia;
Antônio Noel Dias Sanches: professor e sindicalista;
Rionaldo Pinto de Jesus: microempreendedor;
Adalgisa Corrêa: socióloga;
Talita Ananda: juventude do PSOL;
Telmaelita Rocha: professora e sindicalista;
Shirley Oliveira: juventude do PSOL;
Jean Marcel: servidor público municipal;
Leuyce Melo: liderança comunitária;
Nira Costa: militante do PSOL;
Cristina Lima: professora;
Auxiliadora Moura: professora;
Everaldo Portela: professor/UFOPA;
Márcio Figueira: juventude do PSOL;
Felipe Bandeira: juventude do PSOL;
Sansão Maciel Lopes: sindicalista e pescador;
Aya Cristina Fidelis: sindicalista e professora;
Campos: advogado;
Iracildo Lima: PSOL/Praínha.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A FUTEBOLIZAÇÃO DO BRASIL

Discutiremos o processo de formação do povo brasileiro a partir do futebol, como as manobras dos governos para programar um projeto e usando o principal esporte no país para maquiar o fato. O papel da Educação Física Escolar no desenvolvimento dos alunos. A escolarização do esporte culminando com a esportivização que não consegue se desvencilhar da cultura do esporte. Analisaremos a historiografia da educação física brasileira que se adequá ao capital estrangeiro que incorpora traços do individualismo com a competitividade. As alternativas de conteúdos na educação física no ambiente escolar. Apresentaremos a historiografia do fenômeno futebol como esporte de controle de massa, tanto no cenário universal e brasileiro, que se radicaliza nas instituições estatais do Brasil, como estratégia de republicanização do novo sistema pós monarquia como símbolo de monumento imaterial, que deveria ser plasmado na memória do povo e naturalmente se formatando como cultura popular, para anestesiar as necessidades básicas da sociedade.
INÍCIO DOS ESPORTES
A incipiente pratica esportivas se converge com os paleolíticos que utilizavam de seu corpo para se expressar. A comunicação, mesmo não existindo um sistema de escrita organizado, mas era eficiente e na sociedade clássica os jogos foram utilizados como meio de socialização, onde as pessoas se comunicavam, se conhecer, enfim, interagir entre si e o jogo é, um instrumento para as organizações sociais, mas os exercícios físicos tinham a intenção de formar guerreiros, alem de exponenciar um corpo belo, contudo que este corpo estivesse a serviço do estado a guerra, pois para filosofia grega o corpo estaria unido o agradável para servir ao útil.
PITRON
O esporte faz parte do homem enquanto sociedade como exemplo da narrativa do texto mitológico: “o lodo que as águas do dilúvio recobriu a terra acarretou uma excessiva fertilidade, que produziu enorme variedades de coisas, boas e más. Entre elas surgiu o Pítron, uma serpente enorme terror do povo, que se refugiou no Monte Parnaso. Apolo matou-a com suas setas. –armas que não usara antes se não contra fracos animais, como lebres, cabras monteses e outras semelhantes. Para comemorar essa grande vitória, ele instituiu os jogos Píticos, nos quais os vencedores nas provas de força, rapidez na carreira ou nas corridas de carro era coroado com uma grinalda de folha de Faia, pois o loureiro ainda não fora escolhido por Apolo como sua planta predileta. A estatua de Apolo de Belvedere representa o deus depois de sua vitória sobre a serpente Píton.

Apolo de Belvedere.
A Educação Física surge no século XVIII, em obras de filósofos preocupados com a educação. Educação Física e Esporte tiveram origens próximas, tanto espacial quanto temporalmente, além dos vínculos existentes às condições e motivações históricas. Seu nascedouro europeu estava ligado no âmbito do projeto da modernidade, imersos na configuração dos Estados-nações, dos sistemas nacionais de ensino e das práticas de divertimento modernas, a exemplo do cinema e da dança. A formação da criança e do jovem passa a ser concebida como uma educação integral – corpo, mente e espírito –, como desenvolvimento pleno da personalidade.
A ORIGEM
Os estudos históricos acerca da Educação Física no Brasil enquanto atividade curricular tem apontado a segunda metade do século XX como um momento e "esportivização" da área, notadamente pelo investimento do Estado ditatorial visando desestabilizar o movimento estudantil e propagar o ideário do "Brasil Grande" pela via educacional e esportiva.
A incipiente inclusão do esporte vinculado à educação física, foi aplicado nas escolas públicas da Inglaterra na segunda metade do século XIX. Logo, evoluiu e espalhou-se pelo mundo adquirindo autonomia ao longo do século XX, mudando paulatinamente, de um conteúdo de ensino a algo a ser escolarizado a um conteúdo monopolizador da educação física na escola, ou seja, esportivisando-a, entrelaçada a política de cunho cientificista que refletia na prática higienista articulado por um projeto de país em que a educação física pautado na militarização da juventude, inclusive vinculando a formação de professores a este projeto que se apresentava de uma tríplice maneira: moralização do corpo pelo exercício físico; o aprimoramento eugênico incorporado à raça; a ação do Estado sobre o preparo físico e suas repercussões no mundo do trabalho, isso pautados na intervenção disciplinar dos militares contextualizado na transição entre o Império e a República.
Todos os estudos destacam a ginástica como conteúdo exclusivo da educação física, ora no predomínio do método sueco com ênfase na conservação da saúde, ora na adoção do método francês. Na atualidade não há o desenvolvimento de forma a explorar a diversidade de movimentos e expressões. Ao contrário, a prática da Educação Física nas escolas se desenvolve a incentivar a prática desportiva. Ou seja, outros objetivos dessa disciplina não estão sendo explorados. Pois não se desenvolve uma abordagem significativa de conteúdos diversos, estando resumidos aos esportes coletivos como voleibol, basquetebol, handebol e futebol, limitando a produção de conhecimento corporal e cultural do aluno.
O neologismo esportivização foi criado por Norbert Elias (1992) que é o processo mediante o qual, os passatempos, divertimentos e jogos vão se convertendo em práticas institucionalizadas denominadas desportos, no âmbito da sociedade inglesa do século XIX, daí exportados em escala global como avanço civilizatório para os demais países.
Esta tendência de modalidades desportivas coletivas na escola, como única forma de Educação Física, pode gerar uma caracterização das aulas como treinamento desportivo. Isso pode causar uma identificação dos alunos com a prática de esportes. Portanto os alunos são induzidos a preferência do esporte.
A educação Física vem sendo confundida com a prática desportiva, havendo uma desconsideração de seu conteúdo lúdico, cognitivo e social. Os educadores se tornam lapidadores de corpos para o “fetiche” da “doutrina do corpo belo”, além de “manager”, responsáveis de formar ou descobrir talentos para o mercado esportivo.
Nas décadas de 60 e 70, a Educação Física escolar foi confundida com o esporte de maneira equivocada atendendo a interesses políticos que visavam se beneficiar desta condição. Desenvolvido de maneira tecnicista, aplicado desde o ensino fundamental. Portanto, por conta dos investimentos do governo ditatorial.
A esportivização da sociedade brasileira é um reflexo de sua tentativa de modernização, que remete a esforços empreendidos desde fins do século XIX. Nos tempos da ditadura, houve necessidade de se mascarar uma estrutura rígida e, ao mesmo tempo, apresentar aos alunos as regras a serem seguidas.
A ESCOLARIZAÇÃO DO ESPORTE
O esporte escolarizou-se desde sua chegada ao país, o futebol goza de penetração escolar no Brasil desde a década de 1880, principalmente em colégios confessionais como o Colégio Anchieta em Nova Friburgo (RJ) e o Colégio São Luís em Itu (SP), além de escolas estatais como o Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. Percebe-se aqui que as escolas religiosas, principalmente católicas que se antecipa ao “mito fundador" do futebol trazido ao Brasil por Charles Miller. Em 1894. No Colégio protestante Granbery, em Juiz de Fora (MG), se praticava o esporte como um símbolo de progresso, com base no ideal de homem disciplinado nos moldes da moral burguesa (Veber).
Nas décadas de 1920 e 1930, constatou a construção de um projeto cultural para a escolarização do esporte no país, com debates da Associação Brasileira de Educação (ABE). Mediado pelo movimento de renovação pedagógica, formado por reflexões de católicos e escolanovistas, passando pela recém criada seção de Educação Física e Higiene em 1925, à realização do VII Congresso Brasileiro de Educação, realizado em 1935, que teve a educação física como temática central.

PEDAGOGIA TECNICISTA
A escolarização do esporte se estabelece em 1950, em função do apelo ao desenvolvimento econômico do país atrelado ao capital internacional e a consecução desse projeto, a partir da década de 1960, com a ditadura civil-militar e o alinhamento aos ditames da economia e política estadunidense, reverberou na educação física e o esporte como reféns desse processo. O objetivo era racionalizar tempo e conhecimento na formação escolar, tinha por síntese formar recursos humanos para o mercado de trabalho, otimizando sua lógica interna à medida que preparava os jovens a naturalizarem a concorrência e a competitividade.
E o paradigma pedagógico seria a tecnicista que iria preparar a mão-de-obra para o trabalho e se constituir uma pedagogia competitivista que liga a educação física ao esporte de rendimento, e considerando que o esporte de rendimento se assemelha ao trabalho industrial, também a pedagogia competivista coaduna com o projeto educacional capitalista. Portanto a pedagogia competivista tem como objetivo caracterizar a competição e a superação individual como valores da sociedade moderna, submetendo a educação física ao esporte e fazendo parte do arcabouço da ideologia dominante.
A Educação Física Escolar
A Educação Física como disciplina escolar trata pedagogicamente os temas da cultura corporal, quais sejam, jogos, ginástica, dança, lutas, capoeira, esportes. Inicia como disciplina na Europa na transição do século XVIII para XIX. Primeiro com Ginástica que tinha um caráter bastante abrangente, foi quando passou a ser conteúdo obrigatório escolar. No final do século XIX, o nome “ginástica” transita para o nome Educação Física, com o qual convivemos até os dias de hoje. Os alunos então passam a ter uma aula cujo modelo é baseado nos métodos de treinamento.
Nas décadas de 60 e 70, passa a predominar na prática os conhecimentos trazidos pela psicomotricidade que pretendeu substituir o conteúdo apenas esportivo das aulas de educação física. Era moda o professor discursar em psicomotricidade e afirmasse estar ensinando ginástica, esportes, etc. Caso contrário, seria uma deselegância.
Já a partir da década de 80 até os nossos dias, conceitos como cultura corporal, cultura física e cultura de movimento começam a aparecer. Sendo assim, se junta à prática de ginástica e esportes, a dança, as lutas e etc.
MOVIMENTO DO PENSAMENTO DA EDUCAÇÃO FISICA E SEUS CONTEUDOS NO TEMPO
MOVIEMNTO DO PENSAMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA
CRONOLOGIA
CONTEUDOS

1 – MOVIMENTO GINASTICO EUROPEU
SECULO XIX E INICIO DO SECULO XX
GINASTICA DE EXERCICIO MILITARES, JOGOS, DANÇA; ESGRIMA, EQUITAÇÃO E CANTO
2 – MOVIMENTO ESPORTIVO
 APARTIR DE 1940
HEGEMONIA COM ESPORTE
3 - PSICOMOTRICIDADE
INICIO DECADA 70 ATE ...
CONDUTAS MOTORAS
4 – CULTURA CORPORAL
CULTURA FISICA
CULTURA DE MOVIMENTO
DECADA 80 ATE...
GINASTICA, ESPORTE,LUTA, DANÇA E CAPOERIA
SOARES 1996
Como prática pedagógica, a Educação Física Escolar volta-se à apreensão da expressão corporal como linguagem. Já o esporte, constrói-se através da história e cultura de cada povo como representante da instituição escolar, de seus códigos, sentidos e significados próprios.
Desde o nascimento da Educação Física Escolar o esporte esteve ligado a essa disciplina, ele torna-se independente ao longo do século XX para depois voltar a ser a expressão principal da Educação Física na escola. Tendo em vista que os currículos dos profissionais de Educação Física incluem disciplinas como dança, capoeira, judô, atividades expressivas, ginástica, folclore e outras, de acordo com as opções de cada instituição, o que não é utilizado estes conteúdos.
Observando o comportamento dos educadores de educação física que iniciam exercícios de preparação para a prática de esporte, pois o resto dos outros conteúdos não são usados pela completa ausência de reflexão teórico-pedagógica da educação física na escola que se configura como atividade, não disciplina. Fizemos a pergunta a vários professores de Educação Física as respostas foram: falta de espaço, de motivação, de material, comodismo, alunos reagem se usar outro conteúdo e desenvolvem os conteúdos com os quais têm maior afinidade. Portanto os professores se portam ao papel de "marionetes".
A ESPORTIVIZAÇÃO
A crescente valorização do esporte, o desenvolvimento econômico e uma educação centrada na formação para o trabalho capitalista direcionaram a educação física a um "beco sem saída", qual seja, tornar-se unicamente prática esportiva. A escola se adaptou ao ensino do esporte praticamente como única estratégia de ensino, basta fazer uma visita a alguma escola no horário de Educação Física, mesmo que ela não tenha estrutura necessária para isso.
Como os esportes nas aulas de educação física se transvertem por finalidade, não como meios. Portanto a aprendizagem limitasse às técnicas e as normas como: rendimento, competição, comparação de resultados, regulamentação rígida, sucesso como sinônimo de vitória no esporte, racionalização de meios e técnicas. A escola não conseguiria mais discutir o esporte, recriá-lo, desenvolver valores assentados no coletivismo, pensar a integração do corpo discente sem seleção dos melhores, enfim, a escola tornou-se incapaz de criar um "esporte da escola", a partir de suas características e necessidades culturais.
O fato de ser atividade não invalida, por seu turno, a reflexão teórica, já que o mais simples trabalho braçal tem uma porção de trabalho intelectual, de atividade humana criadora. A cisão teoria e prática na educação física foram intelectuais da educação que radicalizaram a leitura da utilização do esporte como meio de alienação da juventude. A reforma universitária de 1968 buscou tão somente anular o movimento estudantil e a educação física teve um papel primordial: o estudante, cansado e enquadrado nas regras de um esporte, não teria disposição para entrar na política. Esta idéia era, aliás, adaptada de outra que os militares desenvolveram para os recrutas e os alunos das escolas militares. Com essa política desportista a intenção era produzir a "coesão nacional e social" que a ditadura não havia conseguido com o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), foi um projeto do governo brasileiro, criado pela Lei n° 5.379, de 15 de dezembro de 1967, nem com a propaganda via televisão.

Pelé no centro
No período da ditadura houve um aparelhamento e instrumentalização do esporte, representado na legislação e em uma série de medidas de massificação esportiva, inclusive sua perpetuação na escola: a reforma universitária de 1968; a criação da Loteria Esportiva Federal em 1969; incentivo e patrocínio aos torneios escolares; "Esporte para todos" (EPT)1977, sintonizada com o conceito de "desporto comunitário", presente na Lei n.º 6.251/75. O EPT dissimulava as desigualdades sociais, perpetuando-as; tornava o indivíduo e a comunidade dependentes, sendo um instrumento de reprodução cultural; constituía-se numa nova religião cujos dogmas eram a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento de potencialidades; era um instrumento ideológico de despolitização, uma dominação carismática, representada pelos líderes carismáticos, os agentes do EPT. A conclusão de que o Programa foi um instrumento de dominação.
Os projetos retratados são maquiagem, ou seja, falseamento do real na tentativa de deformar e distorcer o real. Tomando por verdade que o ato de praticar esporte, ensinar esporte ou lidar com qualquer produto cultural de massa, inclusive a educação, reflete nosso grau de alienação, torna-se impossível reagir à história que nos conduz como autômatos a um destino que não nos é factível conhecer.
O esporte não é uma prática de anulação das consciências e a adesão das massas ao esporte não significou submissão e aceitação das práticas autoritárias que davam sustentação à ditadura. Fato concreto foi a derrota que o povo impingiu ao partido do governo militar: Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido oficial, nas eleições de 1974, credenciando o partido de oposição permisionado pelo governo da ditadura para maquiar uma pseuda democracia o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) à imensa maioria das cadeiras do parlamento nacional.
Acreditar que os jovens universitários praticariam tanto esporte a ponto de extenuá-los e não lhes ser possível pensar em política, poderia nos fazer refletir em como eles poderiam se desenvolver profissionalmente e ocupar, com a competência exigida, os postos de trabalho que a teoria do capital humano propagava. De igual modo, seria ingenuidade dos burocratas estatais reunirem jovens para praticar esporte e não reconhecer que eles pudessem usar esse momento para organização política.
O governo como ditador das práticas, os convênios (a exemplo dos MEC-USAID) como transplantes culturais e os professores como simples executores de prescrições oficiais. Portanto, creditar a esportivização da educação física ao seu status de atividade é retirar a capacidade do professor em mediar conceitos, atitudes e valores ao tratar com o conhecimento esportivo em sua prática cotidiana.
O Esporte torna-se prática na Educação Física a partir da ditadura militar no Brasil. E, apesar da Educação Física ter um monte de objetivos, como o desenvolvimento do sentimento de grupo, cooperação e etc. O objetivo da escola é a aprendizagem do esporte, ficando a ginástica e a corrida, por exemplo, como simples aquecimento. A expressão, a criação e a comunicação ficaram em segundo plano e foram substituídos pelo ensino do esporte.
A intenção não é eliminar o esporte. Apesar de se remeter ao esporte alguns objetivos tais como a saúde, a moral e o valor educativo, ele não o será, a menos que um professor/educador faça dele um meio de educação. Mas o esporte coletivo é também segregacionista, pela concorrência, que selecionam os melhores, classificam e rejeitam os mais fracos. Formalizando no meio dos alunos o caráter de exclusão social, pela falta de habilidade, falta de vigor físico.
O uso pedagógico do esporte, que envolve oposição e competição, tanto pode convergir à aceitação da sociedade competitiva como pode problematizar as relações sociais. Através da rivalidade entre indivíduos ou equipes constitui-se numa tensão, na qual o esporte por sua natureza ontológica favorece processo de antagonistas nas linhas dos campos, quadras e pistas pode-se ver o outro como inimigo a ser destruído, ou um adversário que confraternizamos ao final da partida.
JOGOS COOPERATIVOS
Através de suas atividades esportivas, a Educação Física Escolar passou uma visão de que não se pode viver, ou sobreviver, sem competição. Os jogos cooperativos são uma nova tendência e representam uma proposta diferente das demais, quando valoriza a cooperação em lugar da competição.
Há indícios de antecedentes que os jogos cooperativos de comunidades tribais que se uniam para celebrar a vida. Eles representam o início de jogos com mais oportunidades sem violações físicas ou psicológicas.
Os jogos cooperativos buscam a formação de valores mais humanos, pois se baseiam na cooperação, na aceitação, no envolvimento e na diversão, tendo como propósito mudar as características de exclusão, seletividade, agressividade e de exacerbação da competitividade predominantes na sociedade e nos jogos tradicionais.
Os jogos cooperativos são capazes de diminuir as atitudes agressivas e aproximar as pessoas umas das outras e também da natureza, em função de suas características, que são, de acordo com Correia (2006):
Ø  evitar estímulos à agressividade e ao confronto individual ou coletivo;
Ø  eliminar a pressão de ganhar ou perder produzida pela competição;
Ø  libertar da eliminação, da competição porque procura incluir e integrar todos a participação, evitar a eliminação dos mais fracos, mais lentos, menos habilidosos etc.;
Ø  libertam para criar, porque criar significa construir, exigindo colaboração com flexibilização das regras
Com tudo isso, podemos concluir que com os jogos cooperativos, a Educação Física Escolar pode enxergar com muito mais facilidade a integralidade do ser humano e a necessidade de trabalhar valores tais como a solidariedade, a liberdade responsável e a cooperação.
Resultados
A escolha do conteúdo pelo aluno ou o professor, perpassa então por culminância cultural aplicado intencionalmente, por exemplo: a escolha do Vôlei, e passa todos os anos letivos na escola jogando Vôlei. O que seria se o professor ou aluno de Matemática, por exemplo, escolher conjuntos numéricos e trabalhar somente com conjunto numérico.
É impossível negar aos alunos, o aprendizado de esportes. Mais do que isto, temos que aceitar que este é um fenômeno da cultura corporal de movimento e trabalhar adequadamente com ele. O que não podemos aceitar é que a forma como este conteúdo é transmitido não passe pela compreensão e transformação do aluno. A função do professor é a de promover o entendimento dos vários sentidos que os jogos esportivos possam ter, como resolver os conflitos que possam surgir em sua realização e a compreensão, e até, alteração de suas regras.
É preciso aprender a discutir o que acontece no esporte, por exemplo, a questão política dos boicotes olímpicos, os ídolos, e não simplesmente negá-los. O professor de Educação Física é o mais indicado par abordar estes assuntos, sem, no entanto, transformar a aula em pura teoria.
Existe a necessidade da aula ser um lugar de aprender coisas e não apenas o lugar onde aqueles que dominam as técnicas de um determinado esporte vão “praticar” o que já sabem, enquanto aqueles que não sabem continuam no mesmo lugar.
REFLEXÕES
Os professores lidaram na escola com a esportivização crescente, inclusive como política de Estado, no período da segunda metade do século XX a educação física se tornou obrigatória em todos os ramos de ensino. Abriram-se as portas do mercado de trabalho para uma legião de professores por serem produto das relações históricas e sociais, legitimaram e antenaram-se com o Estado ditatorial, visto como o "grande pai" que valorizou a área. Assumindo para si, a responsabilidade de tratar com o esporte de rendimento e dadas suas impossibilidades, a educação física tornou-se uma prática da ordem, ainda que em meio à desordem do sistema escolar. Esse processo foi gerado por uma formação profissional que se voltava à preparação de treinadores para reprodução dos códigos esportivos, não de professores que pedagogizassem o conhecimento esportivo.
Deste modo, gerou uma "semi-educação" nas escolas caracterizadas por uma pseudo democratização da educação e do esporte: enquanto os "alunos-atletas" vivenciavam uma prática competitivista e tecnocrática, à grande massa de estudantes não-selecionados restava o "faz-de-conta" ou o puro ativismo, sem direção ou qualificação.
Segundo Bracht (1992), em meio ao caos, a inserção do esporte na escola foi pensada e legitimada por discursos que referendavam seu conteúdo sócio-educativo: um papel positivo-funcional no qual as crianças aprenderiam a se socializar, respeitar as regras e a hierarquia, o sentido de responsabilidade e independência. Tais discursos ganharam corpo na escola e, tão somente, consolidaram as relações autoritárias, a conformação, a acomodação e a irreflexividade diante da prática. Os professores seriam os arautos da obediência ao "jogo capitalista", os responsáveis por produzir atletas ou sujeitos conformados e obedientes às regras, geralmente obscuras, desse jogo.
Não basta aprender habilidades motoras e desenvolver capacidades físicas, aprendizagem esta necessária, mas não suficiente. Se o aluno aprende os fundamentos técnicos e táticos de um esporte coletivo, precisa também aprender a organizar-se socialmente para praticá-lo, precisa compreender as regras como um elemento que torna o jogo possível (portanto é preciso também que aprenda a interpretar e aplicar as regras por si próprio), aprender a respeitar o adversário como um companheiro e não um inimigo, pois sem ele não há competição esportiva.
A FUTEBILIZAÇÃO DO BRASIL
Dos vários esporte o que mais se adaptou foi o futebol ao povo brasileiro, mas de fato e direito foi o inverso, ou seja, foi o povo qu se adaptou ao futebol pelas suas características coletivas. O cenário brasileiro nas épocas em que o futebol entra no Brasil era de um país ruralista, portanto espaço tinha de sobra para essa prática, apesar de ser um esporte elitizado no início, ma s classe operaria se distrai com esse jogo que requer poucos recursos e bastante fácil de praticar, basta uma bola sabe La de que! Mas o importante é que é uma recreação e distração. Percebendo isso, os governos usaram como estratégia de contenção social, para evitar conflitos entre operários e governo. Só que este esporte vai se recriar no Brasil e acompanhar as mudanças de comportamento tanto no econômico, como no cultural. E é este processo que iremos acompanhar através de fatos e sim fazer uma leitura critica deste fenômeno chamado futebol. Portanto podemos chamar de futebolização do povo brasileiro.  
A DIALÉTICA DO FUTEBOL BRASILEIRO

Charles Miller
O futebol é o esporte mais popular do mundo. Em praticamente todos os países do mundo ele é praticado e possui ligas e confederações. São bilhões de torcedores em todo o mundo, que torcem pelos seus clubes e por suas seleções nacionais. O evento esportivo mais lucrativo e esperado do mundo é a Copa do Mundo, ocorrida de quatro em quatro anos e acompanhada por mais da metade da população mundial. Movimenta valores incalculáveis de dólares, devido a contratos televisivos e patrocínios, assim como devido a transação de jogadores. O Futebol teve a sua origem na Inglaterra do século XIX, e o seu processo de massificação na Europa. O surgimento do Futebol no Brasil, país mais reconhecido internacionalmente devido à habilidade e paixão futebolística de seu povo
AS ORIGENS DO FUTEBOL
O futebol, esporte moderno, foi criado na Inglaterra do século XIX. Mas, práticas de jogo são praticadas bem anteriormente ao século XIX. Há indícios que a origem deste esporte está na China, há muitos séculos atrás. Um "esporte" muito parecido com o futebol era praticado por volta de 3000 a.C, os militares chineses praticavam um jogo que na verdade era um treino militar. Após as guerras, formavam equipes para chutar a cabeça dos soldados inimigos. Com o tempo, as cabeças dos inimigos foram sendo substituídas por bolas de couro revestidas com cabelo. Formavam-se duas equipes com oito jogadores e o objetivo era passar a bola de pé em pé sem deixar cair no chão, levando-a para dentro de duas estacas fincadas no campo. Estas estacas eram ligadas por um fio de cera. Mas pesquisadores afirmam com mais precisão que eram praticados por soldados do Imperador Xeng Ti 25 séculos A.C. A bola era de pele de animal recheada com ferragens. O termo esporte esta entre aspas, pois, como sabemos tal palavra só pode ser empregada após o século XIX, e as atividades físicas do período anterior ao contemporâneo podiam ser consideradas mais como rituais religiosos ou como preparação militar do que esporte.
No Japão Antigo, foi criado um esporte muito parecido com o futebol atual, porém se chamava Kemari. Praticado por integrantes da corte do imperador japonês, o kemari acontecia num campo de aproximadamente 200 metros quadrados. A bola era feita de fibras de bambu e entre as regras, o contato físico era proibido entre os 16 jogadores (oito para cada equipe). Historiadores do futebol encontraram relatos que confirmam o acontecimento de jogos entre equipes chinesas e japonesas na antiguidade.
Origens do futebol na Grécia e Roma, gregos criaram um jogo por volta do século I a.C que se chamava Episkiros. Neste jogo, soldados gregos dividiam-se em duas equipes de nove jogadores cada e jogavam num terreno de formato retangular. Na cidade grega de Esparta, os jogadores, também militares, usavam uma bola feita de bexiga de boi cheia de areia ou terra. O campo onde se realizavam as partidas, em Esparta, era bem grande, pois as equipes eram formadas por quinze jogadores. Quando os romanos dominaram a Grécia, entraram em contato com a cultura grega e acabaram assimilando o Episkiros, porém o jogo tomou uma conotação muito mais violenta.
Há relatos que na Itália medieval se praticava um “esporte” muito parecido com o futebol. Era conhecido como Soule ou Harpastumer e era praticado por militares que se dividiam em duas equipes: atacantes e defensores. Era permitido usar socos, pontapés, rasteiras e outros golpes violentos. Há relatos que mostram a morte de alguns jogadores durante a partida. Os 27 jogadores de cada equipe, deveriam levar a bola até os dois postes que ficavam nos dois cantos extremos da praça, onde grupos tinham funções diferentes no time: corredores, dianteiros, sacadores e guarda-redes. O jogo era denominado gioco del calcio A violência era muito comum, pois os participantes levavam para campo seus problemas causados, principalmente por questões sociais típicas da época medieval. O barulho, a desorganização e a violência eram tão grandes que o rei Eduardo II teve que decretar uma lei proibindo a prática do jogo, condenando a prisão os praticantes. Porém, o jogo não terminou, pois integrantes da nobreza criaram uma nova versão dele com regras que não permitiam a violência. Nesta nova versão, cerca de doze juízes deveriam fazer cumprir as regras do jogo. Esta prática esportiva resiste até hoje e é praticado anualmente na cidade de Florença. Tal esporte consiste de um jogo entre duas equipes que, em um campo de terra têm que atravessar uma bola até uma área ao final do campo adversário. Os italianos acreditam que a origem do futebol está no Calcio, tanto que, na Itália, o futebol como conhecemos é chamado de Gioco Calcio.
Na Inglaterra, um jogo era praticado desde mais ou menos o ano de 1300: o Hurling. Tal jogo tinha características muito parecidas com o Calcio. Mas pesquisadores concluíram que o futebol tem características do gioco de calcio que saiu da Itália e chegou a Inglaterra por volta do século XVII e se juntou a hurling. O Calcio tem características muito parecidas com um esporte que surge na Inglaterra ao mesmo tempo que o futebol: o Rugby. Aliás, podemos dizer que o futebol e o rugby tem uma raiz comum, pois são muito parecidos, e que se dividiram na metade do século XIX na Inglaterra, devido a dissidências na questões das regras entre os participantes. Enquanto o Rugby pode ser jogado com as mãos e com os pés, o Football — como o próprio nome diz— só pode ser jogado com os pés, sendo apenas o Keeper que pode pegar a bola com as mãos.
Na Inglaterra, o jogo ganhou regras diferentes e foi organizado e sistematizado. O campo deveria medir 120 por 180 metros e nas duas pontas seriam instalados dois arcos retangulares chamados de gol. A bola era de couro e enchida com ar. Com regras claras e objetivas, o futebol começou a ser praticado por estudantes e filhos da nobreza inglesa. Aos poucos foi se popularizando.
No ano de 1848, numa conferência em Cambridge, estabeleceu-se um único código de regras para o futebol. No ano de 1871 foi criada a figura do guarda-redes (goleiro) que seria o único que poderia colocar as mãos na bola e deveria ficar próximo ao gol para evitar a entrada da bola. Em 1875, foi estabelecida a regra do tempo de 90 minutos e em 1891 foi estabelecido o pênalti, para punir a falta dentro da área. Somente em 1907 foi estabelecida a regra do impedimento.
O profissionalismo no futebol foi iniciado somente em 1885 e no ano seguinte seria criada, na Inglaterra, a International Board, entidade cujo objetivo principal era estabelecer e mudar as regras do futebol quando necessário. No ano de 1897, uma equipe de futebol inglesa chamada Corinthians fez uma excursão fora da Europa, contribuindo para difundir o futebol em diversas partes do mundo.
Em 1888, foi fundada a Football League com o objetivo de organizar torneios e campeonatos internacionais. No ano de 1904, foi criada a FIFA (Federação Internacional de Futebol Association ) que organiza até hoje o futebol em todo mundo. É a FIFA que organiza os grandes campeonatos de seleções.
A SOCIALIZAÇÃO DO FUTEBOL
O homem e a sociedade sempre praticaram jogos, ou para se divertirem entre a comunidade, ou como ritual religioso. Tais práticas são aspectos das mais variadas culturas ao redor de todo o mundo. Podemos dizer então que o Futebol nasceu daí. Porém esses jogos não tinham um nome definido e variavam de regiões e regiões da Inglaterra, da Europa e do Mundo.
Na Inglaterra, berço do Futebol moderno, esses jogos eram praticados pelas camadas populares, que vinham praticando essas atividades culturais há várias gerações. Talvez elas não fossem iguais ao Futebol, ao Rúgbi, mas tinham um objetivo cultural de diversão e ligamento entre os membros da comunidade. A aristocracia não praticava tais jogos, provavelmente os achavam como atos de barbárie, praticados por pessoas sem cultura, além de serem muito violentos. A aristocracia preferia praticar outros jogos, como a equitação, a caça e a esgrima. Esses jogos eram chamados, na Inglaterra do século XVIII e XIX de esportes, e os esportes que conhecemos hoje (ou algo parecido com eles) eram chamados de passatempo
Esses jogos populares, no século XIX, começaram a ser praticados, em seus horários livres, pelos alunos das escolas da aristocracia e da alta burguesia inglesa. O colégio de Rugby talvez seja a mais famosa dessas escolas, pois dele saíram as regras do Rugby. O Rugby e o Football eram praticados pelos alunos deste colégio, fazendo com que os diretores dos colégios proibissem a prática dessas atividades, devido ao fato delas serem populares, violentas e "bárbaras". De nada adiantou tal proibição, pois os alunos continuavam praticando esses esportes. Como a repressão a esses jogos não deu muito certo, as questões tiveram que ser resolvidas de outra forma. Já que não parariam de ser praticadas, a melhor maneira era de que tais jogos fossem regulamentados. Daí começaram a surgir as regras nesses jogos, criando-se assim as regras do Football e do Rugby, além de outros jogos.
Porém, tais jogos haviam sido regulamentados apenas nas escolas da elite inglesa. Era preciso regulamentar esses jogos também entre as classes mais "baixas" da sociedade inglesa.
O início do século XIX foi o período do ápice da primeira Revolução Industrial na Inglaterra. A classe operária já estava praticamente consolidada e já começava a ter a sua consciência de classe. A classe operária inglesa também praticava esses jogos, principalmente nos horários livres que foram conquistando no processo de conscientização de classe e do movimento operário sindical. Porém, tais jogos eram muito violentos e não tinham regras algumas vezes. Tal violência do esporte fazia com que a produção do operariado caísse, devido a lesões e cansaços, prejudicando assim o lucro dos grandes patrões da burguesia industrial. Era preciso, assim como foi feito nas escolas, regulamentar esses jogos, para torná-los menos violentos e trazê-los para dentro da esfera do controle do Estado. Tal regulamentação do Football foi expandida, com a ajuda do Estado, para toda a sociedade inglesa.
A classe burguesa industrial triunfou, e suas regulamentações esportivas se massificaram, tornado o futebol em um esporte de massa. Além disso, "os burgueses descobriram o futebol como meio de despolitização dos trabalhadores na década de 1860. O objetivo era bem claro. Eles precisavam manter os operários à margem da atividade política dentro de suas organizações de classe".
Podemos perceber que a regulamentação das regras do Futebol, e outros jogos, veio em um momento histórico onde o operariado começa a reivindicar os seus direitos e começavam a se tornar uma classe política. Nada melhor para a burguesia industrial do que controlar, a partir da criação de regras, um jogo em que a maioria proletária praticava.
Geralmente eram também operários das fábricas as quais os times representavam, e também a família e a comunidade desses jogadores. É nesse período que começam a surgir as grandes rivalidades entre os diferentes times das cidades da Grã Bretanha. É nesse momento que surgem as disputas entre o Manchester City e o Manchester United, etc. inicia-se neste momento a identificação por parte da população pelos clubes de futebol, seja por razões comunitárias, culturais e até mesmo religiosas. Tal massificação do futebol fez com que o historiador inglês Eric Hobsbawn chamasse o jogo de futebol como "a religião leiga da classe operária".
O futebol conseguiu tanto sucesso entre as massas, e até mesmo entre todas as classes, o motivo de toda essa paixão pelo esporte surgida na Segunda metade do século XIX, o historiador Nicolau Sevcenko  "num curto espaço de tempo, o futebol conquistou por completo os trabalhadores da Inglaterra e, que logo, do mundo. Para entender esse frenesi, esse poder irresistível de sedução, está nas cidades, parte no próprio futebol. A extraordinária expansão das cidades se deu, como vimos, a partir da Revolução Científico-Tecnológica, pela multiplicação acelerada da massa trabalhadora que para elas acorreu em sucessivas e gigantescas ondas migratórias.
Nas metrópoles assim surgidas, ninguém tinha raízes ou tradições, todos vinham de diferentes partes do território nacional ou do mundo. Na sua busca de novos traços de identidades e de solidariedade coletiva, de novas bases emocionais de coesão que substituíssem as comunidades e os laços de parentesco que cada um deixou ao emigrar, essas pessoas se vêem atraídas, para a paixão futebolística que imana estranhos, os faz comungarem ideais, objetivos e sonhos, consolida gigantescas famílias vestindo as mesmas cores."
O futebol se tornou uma forma de identificação para as massas trabalhadoras das grandes cidades inglesas. Os times se tornaram muito mais do que times, se tornaram um objeto em que as pessoas encontravam o seu igual, encontravam seus objetivos e sonhos, tão arraigados pelo trabalho árduo nas fábricas durante a semana. O futebol faz com que todos saiam ganhando. Tanto as grandes massas, que encontram nele certa identidade, quanto pela burguesia, que o utiliza para regulamentar a sociedade e a massa proletária.
O século XIX pode ser considerado o século do imperialismo inglês pelo mundo. Assim como o comércio inglês se expandiu pelo mundo, os seus aspectos culturais também. E com o futebol não foi diferente.
AS ORIGENS DO FUTEBOL NO BRASIL
Na historiografia brasileira muito se discute sobre o surgimento do Football no Brasil. As literaturas oficiais declaram o filho de inglês Charles Miller como o patriarca do futebol brasileiro. Em 1894, Miller teria trazido da Inglaterra, onde passara 10 anos estudando, uma bola de futebol, e algumas camisas, e ensinou os sócios do São Paulo Atletic Club (SPAC) a praticarem tal jogo tão difundido na Bretanha. Outras fontes dizem que o Football chegou ao Brasil com marinheiros ingleses em 1872, no Rio de Janeiro. Outros dizem que foram os trabalhadores ingleses das fábricas de São Paulo que trouxeram o futebol.
Recentes estudos nos mostraram que o futebol já era praticado no Brasil em diversos colégios pelo Brasil. Em 1880 já se praticava o esporte no colégio São Luiz, em Itu; em 1886 se praticava no colégio Anchieta, no Rio de Janeiro; também no Rio, em 1892, se praticava o "esporte bretão" no colégio Pedro II.
Segundo Nicolau Sevcenko o futebol se difundiu por dois caminhos: "um foi dos trabalhadores das estradas de ferro, que deram origem às várzeas, o outro foi através dos clubes ingleses que introduziram o esporte dentre os grupos de elite, mas tais caminhos também se cruzavam. Miller apresentou o futebol à elite paulista, e a sua aceitação foi rápida pelos clubes das diferentes comunidades. Ao mesmo tempo em que a elite começava a praticar esse esporte, o futebol se desenvolvia entre a classe operária, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo.
O futebol se expandiu rapidamente pelo Brasil. Os diversos times dos operários das fábricas iam surgindo na várzea paulista, e os clubes iam adotando o esporte em seus quadros. "o primeiro grande jogo, aquele que empolgou a platéia, foi realizado em São Paulo, em 1899, com sessenta torcedores. de um lado, estava o time formado pelos funcionários da empresa Nobling; do outro, os ingleses que trabalhavam na Companhia de Gás, da Estrada de Ferro e do Banco (inglês), vitória dos ingleses por 1 x 0. Os clubes de elite começaram a se organizar e a fazer partidas de futebol entre si. Os primeiros amistosos entre clubes surgiram em São Paulo nos anos de 1899/1900, com os clubes do São Paulo Athletic,  Germânia(atual E.C. Pinheiros), Mackenzie e a Internacional, todos com sócios da elite paulistana e de várias origens , como Americanos, Ingleses e Alemães. A partir daí, em 1902, surgiu a Liga Paulista de Football, com apenas cinco clubes, os quatro já mostrados acima mais o C. A. Paulistano. A liga organizou o primeiro campeonato paulista de futebol, cujo campeão seria o São Paulo Athletic que possuía Charles Miller.
A ECONOMIA E O FUTEBOL.
Com ciclo da riqueza do café que alavancaria não só a economia, através da industrialização e a entrada de capital externo, principalmente para o escoamento do produto em questão em que grande quantidade de imigrantes chegavam para a construção inicialmente de ferrovias que transformariam a vida social com costumes e culturas e hábitos como o esporte, no caso o futebol.
A comunidade imigrante inglesa era insignificante em relação as outras, pois trabalhavam geralmente nas funções de ajustar trilhos e operar maquinas. São Paulo e Rio de Janeiro no final o século XIX para o XX, recebeu imigrantes ingleses de classe media e alta, eram raros como pobres. Esses imgrantes ingleses tinham a cultura de mandar seus filhos para estudar na Europa, pois tinham alto padrão de educação. Os fundadores do esporte se enquadravam neste grupo, como exemplo Charles Miller, que foi mandado a estudar pelos pais quando tinha 9 anos em 1884, descobriu o futebol na escola Benister Court School, em Southampton.
No Rio de Janeiro, foi Oscar Alfredo Cox que ajudou a introduzir o futebol, conheceu o esporte no colégio La Chtelane, na Suíça. Era filho de equatoriano que trabalhava como diplomata para os ingleses e se radicalizou no Rio. Paradoxalmente a este fator na Inglaterra o futebol era praticado em locais públicos pela classe pobre e provocavam depredação e pancadaria. Por causa disso foi adotado pelas escolas públicas. Foi a primeira forma de uniformizar as regras de jogo em 1850. O primeiro campo oficial foi na chácara da família Charles D. Dulley, engenheiro americano, chefe de construção de ferrovias em São Paulo e Rio aberta em 1877 no bom retiro, onde se praticava o críquete esporte preferido pelos ingleses no Brasil. Alem de futebol, se praticava golfe exemplo de nobreza. Antes, viram marinheiros e funcionários e empresas praticando esporte como futebol, tanto no Rio como São Paulo, mas o dos ligados a imigrantes ingleses.  O que Charles Miller introduziu no Brasil foram as regras que foram criadas nas escolas públicas.
O Corinthians time britânico amador formado só por estudantes, fundado em 1882, tinha por objetivo disseminar o futebol pelo mundo. Portanto o futebol no inicio tinha comportamento de nobreza, por exemplo, em um jogo em 1899 entre Mackenzie e um time formado por comunidade alemã de São Pulo, o organizador professor Augusto Shaw,advertiu um dos seus jogadores que ele não entraria em campo se não ajeitasse a sua gravata o “Fair Play” basileiro e a base da relação dos jogadores entre si e com os torcedores, Belfort Duart, zagueiro do Mackenzie denunciou ao arbitro que ele mesmo cometeu um pênalti.
Os primeiros sintomas de futebol individual com prática de vaias nas arquibancadas vão acontecer em 1904 num jogo entre São Paulo Atletic e Germânia e o jornal do Comércio registrara e repreendeu os torcedores que viu nas vias uma ameaça ao futebol. Em maio 1906, o Rio de Janeiro, na abertura do primeiro campeonato entre Paissandu e Fluminense a torcia compareceu em grande quantidade, inclusive as mulheres com seus finos trajes, e os rapazes com finos hábitos, na sua maioria vinda de família rica. Na Bahia em 1906 no jogo entre o Internacional e São Paulo e o Vitória da Bahia, o torcedores tiveram que ser tratados com a força policial.
A INDUSTRIALIZAÇÃO
A transição do Brasil agro exportador para um país industrializado vai sendo contornado com o processo de modificações sociais, principalmente com o exército de reserva de desempregados, legado do sistema escravista. O futebol  que teve os seus primeiros chutes no Brasil por aristocratas na incipiente formação industrial, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, agora vai se abrindo para aderir um novo contingente de classe os operários que vão se tornando em grande massa no cenário, além de atrair os desempregados, Mão de obra sem qualificação para o desabrochar da industrialização no Brasil.
Os jogos eram de cordialidade, times como o internacional e o Mackenzie treinavam juntos na várzea do Carmo. Os jogos em 1901, entre paulistanos e cariocas eram disputados em clima de cordialidade em festa ao ar livre. O time paulista, Sant’ana, declarava que o interesse maior não era a vitoria, mas sim, o desenvolvimento físico da raça. Este jogo terminou empatado (1X1), o presidente “costinha’, primeiro presidente da liga de futebol de São Paulo, encerrou o espetáculo brindando com o presidente do Brasil, Campos Sales, além da presença de muitos ingleses que representavam o rei Eduardo VII.
 Esse mundo de aristocráticos formaram os primeiros clubes, em 1894 com a chegada de Charles Miller, procurou clubes que praticavam o críquete, mas não aceito de imediato, só em 1896, o São Paulo Athetic adotou o futebol e C. Miller foi seu principal craque. Dois anos depois se formaram o Mackenzie, primeiro clube apenas para o futebol no Brasil e integrado só por brasileiro, mas de “pedigree”, outros foram: Internacional e Germânia criados ano posterior, em 1900, foi a vez do Paulistano (abandonou o futebol por não aceitar o profissionalismo). No Rio: em 1902, criado por famílias tradicionais da capital, o Fluminense. Outros estados: Bahia, Rio Grane do Sul e Minas.
Dois personagens foram responsáveis para a organização do futebol, no Rio de Janeiro, Cox, que transformou um clube de críquete o Paissandu, e depois os adeptos do Remo, como Flamengo, Botafogo e Vasco, portanto formou o primeiro clube, justamente, numa casa no bairro do Flamengo. Hans Nobiling, foi ex jogador do Hamburgo (Germânia), chegou em 1897 em São Paulo para difundir o futebol no Brasil, teve dificuldade no inicio, fundou o Hans Nobiling Team, desafiou o Mackenzie e o São Paulo Athetic clube, que só jogavam por recreação, estava formado o embrião da primeira competição de futebol no país, em 1899 os três se confrontaram. Nobilng com grupo de amigos formaram o Sport Clube Internacional que era a representação de 25 jovens d diversas nacionalidades como portugueses, brasileiros, italianos, alemães, franceses, ingleses, Nobiling não aceitou o nome formando depois o Germânia que posteriormente se transformaria no Esporte Clube Pinheiros.
Nobiling e Cox sabiam que só por meio de clubes o futebol fincaria raízes no país e deixaria de ser passatempo da elite, o que de fato aconteceu com os torneios e formação de ligas, alem de ganhar cobertura da imprensa. Mas o esporte era praticado ainda por estrangeiros. Portanto faltava a materialização de um esporte como alma nacional, e ao futebol caberia esse papel na formação da identidade dos brasileiros. Com esse espírito antropofágico marcado pelos intelectuais, o paulistano e Fluminense se identificavam nas origens elitistas e criaram o grito de guerra “aleguá”, que unia as palavras: francesa “allez, inglesa “go” e indígena “ack”, tinham o mesmo significado: avante. Então o futebol foi importante para a formação do orgulho nacional. Charles Miller, habilidoso e criador do drible chaleira, foi sem dúvida o primeiro grande nacional se contrapondo ao Alemão Herman Friese que atuou pelo Germânia, aplicou o “futebol-força”, conhecido como “marreta” pelo seu uso de ombro. Portanto antes do Brasil se tornar o “país do futebol”, pois tinham que aprender muito com estrangeiros.
A RACIALIZAÇÃO DO FUTEBOL
Ligados ao projeto de branqueamento do povo brasileiro, encalçado com o cientificismo da eugenia, organizado no final da primeira década do século XX, mas que já vinha rondando após a abolição da escravidão. Uma elite que se preocupava com a formação racial do povo brasileiro, além de um grupo de “intelectuais” que se entusiasmavam com o Conde Artur de Goubineau, autor do “Ensaio sobe a desigualdade das raças, que esteve no Brasil na metade do século XIX, e escreveu que a única saída para os brasileiros brancos seria abertura para imigrantes europeus, a fim de evitar o cruzamento com negros, em que o resultado seria a degeneração da raça branca. A questão do racismo seria tema dentro do futebol, pelo menos ate 1970 do século XX.

O NEGRO NO FUTEBOL
As relações antagônicas entre senhores e escravos, não se crivava na totalidade, pois se invertia esse tema na relação sexual do senhor com a escrava que “saciava as necessidades dos colonos privados de mulheres de sua raça e classe”, criando aquilo que Caio Prado Junior, em formação do Brasil contemporâneo chama de “subproduto da escravidão no Brasil. Esse ao facilitou a mistura racial no Brasil, o que repassa a impressão de mobilidade social, mas apenas a subordinação do negro ao branco, na questão sexual, o fim cabia ao negro apenas satisfazer o desejo sexual do branco.
Para concretizar este pensamento, no futebol temos o exemplo ironicamente de um mulato filho de escrava lavadeira com um comerciante alemão judeu. Foi o grande herói do futebol brasileiro fugindo as regas do jogo político de eugenia, mas que provava para alguns cientificistas de sua tese que o processo de branqueamento era uma questão de tempo, pois o jogador Arthur Friedenreich, que nasceu 18 de julho de 1892, tinha os olhos verdes e sobrenome alemão era um passaporte para “limpeza racial”. Fried perdeu a condição de negro, como se fosse uma ação afirmativa que lhe desse o direito de cotas ao lado dos brancos jogadores de futebol ainda burocrata e racista. Além do fato de se um herói nacional. Pois foi logo justificado, “basta ter uma gota de sangue branco, faz do brasileiro um branco”, (Caio Prado J.). A classificação étnica do individuo se faz no Brasil se faz mais pela posição social, ou seja, se o negro estivesse bem posicionado socialmente economicamente, deixaria de ser negro.
O SURGIMENTO DA RIVALIDADE INTERNACIONAL
O Sul-Americano foi disputado no Brasil, com participação da Argentina, Chile, e Uruguai que era o grande favorito, pois já havia vencido dois torneios dessa natureza, o evento acontecia em pleno período da segunda Guerra mundial, além de uma gripe espanhola que vinha dizimando milhares de pessoas no mundo e que fez vitima o presidente do Brasil, Rodrigues Alves. Cinco anos antes em 1914, o país havia formado a sua primeira seleção e que faturara a Copa Roca contra a Argentina, além disso, tinha Friedenreich. No Brasil o futebol já era uma febre, o estádio das laranjeiras do Fluminense foi construído especialmente para este jogo.
Vinte mil torcedores inclusive o presidente, Delfim Moreira foram ver a decisão entre Brasil e Uruguai, no dia ocorreu um eclipse solar, mas a cidade pouco se interessou. 0 a 0, no tempo normal. Não havia decisão por pênalti na época, na segunda prorrogação aos treze minutos do primeiro tempo, Fried marca o gol histórico, os brasileiros ficam em estado de frenesi.
Fried autor do gol que deu o primeiro título internacional do campeonato Sul-Americano, Mario Filho, ironizou “nem branco nem mulato, sem cor acima dessas coisas”. Deixou de ter raça. Outro caso de jogador Negro foi de Carlos Alberto, que jogava no Fluminense, ele passava pó de arroz no rosto para disfarçar a raça quando jogava. O apelido não só pegou no jogador, mas no time que era elitista.
Durante o governo de Getúlio Vargas, segundo Stepan, foi criada uma Comissão Brasileira de Eugenia com o intuito de levar a questão da eugenia à Assembléia Constituinte principalmente no que se referia à imigração (Stepan, 1985, p. 362). Havia ainda a intenção de criar um Instituto Brasileiro de Eugenia para coletar dados, fazer pesquisas, auxiliar o governo e, entre outras coisas, educar de maneira eugênica a população do país (Anônimo, 1931, p. 6). Como em outros países, no Brasil aconteciam também encontros específicos sobre eugenia. Nesses encontros se discutia, por exemplo, o controle do nascimento, a educação eugênica, a mistura racial, a degeneração da raça, o alcoolismo, as taras, etc. Havia também concursos de eugenia nos quais se levava em consideração exames laboratoriais, o inquérito familiar e a genealogia dos participantes. Os médicos do serviço sanitário participavam da comissão julgadora (Anônimo, 1929, p. 6; Stefano, 2001, p. 8).
A seleção que disputou a copa de 1938 e tinha como madrinha a filha de Vargas, pois era prova do financiamento a seleção, que deveria seguir os objetivos de Vargas. Incluiu na seleção jogadores negros e brancos, inspirando conclusões sobre a miscigenação, para a garantia da harmonia social que fora perseguida pelo sistema. Leônidas da Silva, o “diamante Negro” era o símbolo do time. O Brasil foi o terceiro colocado que perdeu para Itália, mas pela narrativa do rádio quem criou uma grande comoção social como se fosse uma desgraça Nacional. Mas o Brasil passou a ser enxergado diferente, não apenas como exóticos Sul-Americanos.
Em 1934, pela primeira vez, um atleta negro, Leônidas Silva, é convocado para jogar uma Copa do Mundo. Esta "permissão" da elite, que até então mantinha negros e afro-descendentes longe dos gramados oficiais, nasce de uma mudança de mentalidade com relação à formação cultural híbrida do povo brasileiro: a mistura de raças passa a ser vista não mais como um problema e um fardo, mas sim como uma vantagem.
O auge dessa mudança se dá com a publicação, em 1933, de "Casa Grande e Senzala", de Gilberto Freyre, que defende essa positividade. "É justamente por ocasião da Copa de 1938 que o sentimento nacional se consolida em torno do futebol. Algumas imagens também se cristalizam em relação a ídolos negros, como o próprio Leônidas da Silva. A população passa a se identificar com uma seleção mestiça". O desempenho do Brasil levou Gilberto Freire a considerar o futebol com a expressão das vantagens da democracia racial. Pelo fato de ter a seleção, jogadores afro-brasileiros e chama atenção dos arianistas. Declarou Freire ao Correio da Manhã. A partir daí negros e pobres se sentiam mais valorizados, o futebol quebrava a barreira de clubes de brancos e ricos.
O Vasco da Gama fundado em 1898, oriundo das categorias de remo, fundiu com o clube de Lusitânia que tinha base e apenas portugueses em 1915. Teve o primeiro presidente negro a historia das agremiações cariocas Candido José de Araujo. Com time e negros e operários em 1922 ganhou o direito de disputar a primeira divisão no próximo ano contra Flamengo e Fluminense elitistas. O Vasco trouxe um técnico uruguaio Ramón Platero, mudando a rotina, com treinamento físico e tático, mas que tinha todo apoio dos sócios portugueses que pagavam os salários além de premiar com animais (hoje o bicho). Em 1923 o Vasco foi campeão.
FUTEBOL E POLÍTICA
A república desde 1889, que era manipulada por grupos oligárquicos como no futebol, se cria um profundo questionamento de intelectuais e organizações operárias que de forma confusa e sem unidade ideológica provocava surtos na comunidade política. Movimentos seqüenciavam contra o governo como o tenentismo que de longe representava interesse da classe operaria, mas sim de caserna, apesar da emblemática coluna Prestes que equivocadamente seja associada ao socialismo com a teorização da formação militar que a escola francesa deixou que fosse necessária a participação de mais militares na política brasileira, sem contar que há fundamentos da organização dos militares na guerra do Paraguai e oficiais neófitos e filhos de oficiais que se preparavam para entrar na carreira fizeram cursos nas universidades especializadas na França e Estados Unidos, mais tarde tiveram orientações das filosofias da escola de Chicago.
Assim o futebol que se aclimatizou com o café e se transformou quase numa praga. Passou a ser um dos símbolos da modernidade brasileira. Em 1922 Lima Barreto escreve em seu artigo “o futebol”, não enxergando boa conduta dos jogadores, pois percebia que haveria necessidade da intervenção policial para eliminar os excessos e afirmou que os apostadores de rinhas tinham mais condutas cívicas em relação aos futebolistas. Lima Barreto reconhecia que o esporte bretão despertava no povo uma reação ao marasmo que vivia a sociedade, ou seja, o futebol despertava a rivalidade contra a política no que dizia respeito à paixão nacional.
Nas copas de 1930 e 1934, o interesse de Mussolini pelo futebol foi absurdo, mandou construir estádios, criou um elo nacional com o futebol, ganhou duas copas e uma olimpíada. Os italianos não jogavam gladeavam pelo sentimento de honra a nação italiana que era o trunfo do fascismo se estabelecer no sentimento unitário do “novo homem”. Na copa e 1934, Mussolini impôs a FIFA que a Itália poderia importar jogadores filhos de italianos, como foi no caso de Filó que jogava no Corinthians, foi o primeiro jogador campeão do mundo.
Getulio tinha as mesmas visões sobre o esporte, tentou estatizar o futebol o que acelerou a profissionalização, e a recompensa aos trabalhadores da bola, com a intenção de atrair apoio dos atletas e das camadas sociais mais pobres, além de querer provar que existia uma “democracia racial”. O futebol era o esporte as aspirações sociais e Getúlio tratou de controlá-lo, inventa-se, a partir desse processo, uma “raça brasileira”. Compreendendo que o futebol exercia uma função social importante. Getulio declarou conforme João Lira Filho, que era responsável pelo esporte no Estado Novo e chefe da delegação brasileira na Copa de 1954, considerava que o esporte tinha poder de conciliar ate diferenças ideológicas como integralistas e comunistas. E demonstrou sua preocupação em ter as rédeas de uma força social e cultural. “E preciso coordenar e disciplinar essas forças que avigoram a unidade consciência nacional”.
O chefe da delegação brasileira da copa de 1934 foi Lourival Pontes, homem forte de Vargas, fundou em 1931 a revista hierarquia de extrema direita e participou da formação da ação integralista brasileira e conduzido por Vargas ao departamento de propaganda e difusão Cultural. Após um jogo contra a Argentina pelo Sul-Americano de 1936-37, com tamanha violência Argentina que receberam os brasileiros “macaquitos”, apelido a soldados brasileiros que eram escravos e foram alforriados à participar na guerra do Paraguai. A derrota foi devidamente incorporada como uma luta épica. A delegação brasileira foi recebida no seu retorno no Rio como soldados que haviam lutado numa guerra. Hino Nacional foi executado duas vezes por bandas militares, salvas de canhões e discurso inflamado do chefe da delegação, José Maria Castello Branco, comparando heróis de guerra, contra um rival violento e desleal. Estava criado o imaginário brasileiro de que o adversário era inimigo e deveria ser derrotado no campo de batalho e como era a Argentina isso foi levado ao fanatismo doentio, além de que agora já tínhamos a quem nos compararmos, este jogo foi a centelha para a ignição do sentimento nacionalista.
A ligação de futebol com diversão. Enquanto nos clubes de elite, como Flamengo e Fluminense, a preocupação da prática esportiva estava ligada à valorização da educação física como complemento de formação (a idéia de "mente sã em corpo são" começa a ganhar força), nas agremiações populares era comum misturar carnaval e futebol. "Um clube chamava-se Sociedade Carnavalesca Miséria e Fome Futebol Clube", "Nestes locais esta união não parecia uma contradição, pois futebol e carnaval eram vistos como maneiras parecidas de diversão". Getúlio que era aficionado por golfe, não ficou alheio a esse fenômeno cultural e se apropriou dessa paixão a favor de seu projeto de coesão social.
Os movimentos culturais populares são incorporados ao projeto, como sintoma dessa brasilidade do povo, mas que se submetiam as ordens do governo. O samba passa a repudiar o comunismo e exaltar os valores nacionais que passaram a ser divulgados pelo departamento de propagandas, embriões do temido (DIP), Departamento de Imprensa e Propaganda do estado Novo. o cinema ganha destaque, mas foi o rádio que tem maior importância com “A Hora do Brasil”, além de transmissão esportiva que faz o rádio o parceiro inseparável da massa de trabalhadores. As primeiras datas de transmissão de rádio se datam no início de 1920, mas sua inauguração em 1922, com discurso do presidente Epitácio Pessoa, no centenário da independência. Mas o caráter popular foi aplicado por Getúlio, com os comerciais, que tinham apenas caráter erudito, sendo bancadas como Clubes por seus sócios “Rádio Clube” e “Radio sociedade”, com a propaganda que financiava. A seleção começava a representar a pátria e o futebol era uma manifestação de patriotismo e o rádio era o grande responsável em criar esse elo entre futebol, povo e Getúlio
A popularização do futebol, mesmo rejeitado por praticantes da aristocracia, foi visto como apaziguador social em meio às primeiras organizações de operários, os ingleses tinha conhecimento bem disso, pois na Inglaterra o futebol foi usado por esses motivos. Portanto a pratica de futebol por pobres e operários das ferrovias não foram importunados. No Rio a capoeira que foi proibida por ser marginalizada depois da “guerra da vacina” (1904), deu lugar ao futebol entre os pobres, mesmo que seu time jogasse na liga suburbana (1907) e não na oficial que o estatuto não permitia jogadores amadores “de cor”
Este fato a conotava o desempenho individual de um jogador o que despertou paixão de torcedores pela preferência de um clube.
O projeto político dos militares cada vez se aproximava, em 1945 o General Eurico Gaspar Dutra ganha a eleição, inclusive concorrendo com outro general Eduardo Gomes. No período guerra fria, o partido comunista no Brasil fora banido em 1948. Com a presente ameaça de Getúlio que tinha o apoio de Adhemar de Barros que Dutra investiu na construção do maior estádio de futebol do mundo, o Maracanã que seria palco da copa do mundo de 1950 no Brasil. Cera de 3.500 operários para construção deste que seria uma das maiores edificações do mundo, o pais precisava de um monumento simbólico para a construção da identidade brasileira através do futebol, isso serviria de auto-ufanismo que marcaria que o Brasil não era apenas de luxúria, musica e improdutividade. O maior impacto da final Brasil e Uruguai foi o silencio de mais de 200 mil torcedores como se a morte fosse o melhor caminho a ser seguido. A nova identidade racial brasileira que deveria a ser seguido pelo futebol  desde 1930/40, entrou em parafuso. O questionamento seria justamente pela participação de negros como o goleiro Barbosa bigode e Juvenal, responsabilizados pela derrota, a derrota não era só do futebol, mas da mulatice freyriana. Mario Filho como outros direcionavam que esses nossos mulatos não honrarão como Fried e Leônidas da Silva, e o debate foi “botaram mais pretos e mulatos do que brancos na seleção”, com exceção de Zizinho. Seria necessário muitos anos para curar essa ferida, pois a escravidão ainda era muito recente, pois o negro despertava e desperta  sentimentos que explica o sucesso e o fracasso do Brasil e a copa e 1950, foi a prova disso.
Mas quem ganhou com isso foi Getulio que nesse ano de eleição venceu, este enfrentou divergências na caserna em que uns defendiam o nacionalismo e outros o entreguismo, ou seja, um Estado menos interventor, além do EUA, diminuir investimento no Brasil, mas Vargas deu o golpe do populismo conclamou os operários no estádio do Vasco da Gama, São Januario do dia 1º de maio a dizer não aos especuladores gananciosos. Assim se aproximava do fascismo. O aparecimento de Jânio quadros e o eleito governador Adhemar de Barros, que se aliançou com comunistas, alem de Vargas, representavam a personalidade do Estado de massa. Carlos Lacerda, entusiasta ferrenho de oposicionista, o resultado foi em fevereiro de1954 um manifesto dos militares que salientavam o risco de subversão. A resposta foi que Getulio afastou o ministro do trabalho, Jango que queria criar a república sindicalista, e Vargas aumenta o salário 100%, investiu em estatais, alem da criação de em 1954 da Eletrobrás, Petrobras e culpar o capital estrangeiro,. Começaria o nacionalismo populista.
A seleção brasileira seguiu a desestabilidade política com derrotas, além da participação na copa de 1954 que voltou para a Europa, pós guerra, para um país neutro a Suíça, nesse ano foi chamada de “canarinho”, pelo radialista gerado José de Almeida. A temática do debate na seleção era raça que faltou na de 1950, inclusive citando um lance em que Ghiggia deu uma tapa em bigode que não foi revidado. Getulio declarou na despedida aos jogadores que eles representariam, habilidade, a força e a resistência de uma raça. Se vencerem, o Brasil será vitorioso, se perderem, quem perde e o Brasil.
A pressão era tanta que jogadores ficavam escutando a tantas horas discursos motivacionais, inclusive contra a Hungria que fazia parte da cortina de ferro comunista, pois tinha um jogador major Puskas, pois antes do jogo transformaram este jogador em um monstro. O resultado foi que o Brasil entrou com medo no jogo do dia 27 de junho, em dez minutos a seleção já perdia de dois a zero, isso devido a pressão, os jogadores reagiram com violência, devido ao pedido de “raça”, dois jogares do Brasil expulsos e um a Hungria, no termino até o vice-ministro dos esportes da Hungria apanhou de Zezé Moreira.
De novo o Brasil queria provar a sua gloria racial através do esporte, mas a medíocre participação na copa, além da reputação questionada. O futebol e a política de Vargas se confundiam. As pressões para a renuncia de Getulio, manifestos de militares pedindo sua saída. Getulio decide o suicídio egoísta ou altruístico em que se declara numa carta testamento: “saio da vida para entrar na História”, portanto o desejo imaginário de se ver morto e o povo se esvairando de lagrimas e achando culpado por tal ato, vingaria os algozes da morte daquele que se sacrificou pelo povo. Este trágico ato foi realizado no dia 24 de Agosto de 1954, De forma efêmera sua vingança foi conquistada não pelo povo, mas como estratégia dos grupos que prorrogou o golpe que estava sendo preparado, mas que só aconteceria em 1964.

“Só morto sairei do Catete”. Getúlio Vargas.
Jucelino kubichk, assume no dia 31 de janeiro de 1956 depois de várias manobras, inclusive a contra gosto de setores militares que classificaram a eleição de JK de “Mentira democrática”. Com uma plataforma de governo de interiorizar a republica com a construção de Brasília que seria uma obra faraônica que nem de perto o maracanã se aproximava do governo Dutra. Além do slogan “50 anos em 5”. JK cumpre compromissos com a caserna de aumento de salários, melhorias de equipamentos, algumas rebeliões foram tentadas sem sucesso, pois o fantasma do suicida Getulio permanecia rondando os bastidores da política brasileira. A entrada de capital estrangeiro foi efetuado com mais intensidade que na era Vargas, apesar a linha estadista, as montadoras de automóveis s concentraram em São Paulo como GM, Ford, Voks e outras.
O HERÓI
Aos várias produções de livros sobre mestiçagem que deveriam ser comprovado na prática, mesmo que no futebol, mas que terminaram com os insucessos no futebol que vai ser chamado de “complexo de vira lata”. Precisava ser criado o mito com características do homem mestiço. O Brasil é um país predominantemente mestiço, composto de várias culturas e etnias que se complementam e transmitem a imagem de um todo colorido e heterogêneo.
Colônia de exploração dos portugueses, aqui instalados com o intuito de fornecer o máximo de riqueza possível para a Metrópole, dá-se início o processo de formação de uma nova nação. O branco dominador sobrepõe à sua cultura as demais (indígena, primeiramente e africana), que são subjugadas em nome da supremacia européia, assim a consolidação da sociedade mestiça brasileira se dá sob a égide da violência e da dominação. 
Contudo, criou-se o mito da camaradagem, de que somos uma só nação; sensual e harmônica surgida da “desarmonia”, algo que deu certo “naturalmente”. Esse discurso é difundido por autores como Gilberto Freire em seu livro Casa-Grande & Senzala, de forma a difundir e consolidar o mito da mestiçagem “camarada” a fim de que se mascare a verdade sobre o processo de formação dessa sociedade mestiça pautada no preconceito e na barbárie.
É importante atentar-se para o que se oculta nas entrelinhas dos textos, tanto os literários, como os teóricos acerca do processo de formação mestiça do povo brasileiro.
O desmascaramento do mito da mestiçagem por meio da análise do discurso no romance O Guarani da obra indianista de José de Alencar procurar-se-á demonstrar que através da afirmação do mito da miscigenação. O autor, porta voz do discurso da classe dominante e então formadora de opinião, esconde e nega uma real possibilidade de uma união entre branco e índio expressa pela sociedade representada por ele, a fim de demonstrar a dinâmica de classes da época, em que era necessário mascarar através do mito da mestiçagem, a aculturação que se deu por parte do branco colonizador, e por conta do Romantismo, que com a exigência de uma história de formação, criou a figura de um herói nacional brasileiro, réplica de um cavaleiro medieval europeu, só que travestido de índio, esse herói haveria de se unir a um europeu, também idealizado para que assim se formasse o mito.
Segundo Antonio Candido, os romances indianistas de José de Alencar “traduzem a vontade profunda do brasileiro de perpetuar a convenção, que dá a um país de mestiços o álibi duma raça heróica, e a uma nação de história curta, a profundidade do tempo literário” (CANDIDO, 1997, p.202). Para tanto era preciso, através de recursos retóricos, exaltar o índio, sem nunca deixar de destacar a superioridade do português que passa de algoz a aliado deixando clara a contradição presente no processo.
Essas produções literárias axiológicas podem ser bem conceituadas por Marilena Chauí: “A ideologia é o processo pelo qual as idéias da classe dominante se tornam idéias de todas as classes sociais, se tornam idéias dominantes. Ou seja, a maneira pela qual a classe dominante representa a si mesma, tornar-se-á a maneira pela qual todos os membros dessa sociedade irão pensar”. (CHAUÍ, 1980, p.117).
GARRINCHA

Pernas tortas de Garrincha.
Seguidos momentos de pseuda tranquilidade de 1952 que apareceu um jogador de perna torta, alheio a política e ao futebol, mas que gostava apenas de jogar bola. Era garrincha, o seu biótipo era uma “aberração” da natureza para os defensores do modelo eugênico que acreditava no progresso da raça. Apareceria na relação de 40 jogadores na seleção de 1954, mas não entrou na convocação dos 22, tinha habilidade, vinha de classe social baixa, área rural era o protótipo ideal de ser humano que sairia da desgraça, mas que com o futebol conseguiria a realização dos sonhos e milhares de brasileiros se sentiriam realizados quando garrincha entrasse em campo, pois e nesse transe psicodélico do jogo de futebol que os brasileiros se igualam nas diferenças sociais. Mas o quase “mito” garrincha tinha um desregramento social, alcoolismo e noitadas com mulheres que causaram seu declínio, morrendo na miséria. Isso significava a degeneração da imagem do mestiço no futebol.
Na imagem de Garrincha nos podemos referir às raças humanas de  Nina Rodrigues, que acreditava na importância de se definir com maior rigor raças puras primitivas e raças cruzadas, bem como de diferenciá-las. Ele classificou como raças puras a branca, a negra e a vermelha. Argumentou ainda que nenhuma raça mestiça pudesse figurar ao lado delas (Rodrigues, 1890, p. 402). Nina Rodrigues considerava que a classificação das raças adotada nos trabalhos médicos da época (branca, parda e preta) era artificial e arbitrária já que incluía no mesmo grupo os mestiços de todas as raças (Rodrigues, 1890, pp. 498-500).
Partindo do pressuposto de que as raças humanas eram muito distintas e desiguais, Nina Rodrigues era contra o cruzamento entre elas. Para ele, como esses cruzamentos envolviam organismos afastados na hierarquia zoológica produziriam descendentes híbridos, ou seja, inférteis, e ainda com degeneração psíquica. Seu argumento afirma, que o cruzamento das raças ou espécies humanas não dão híbridos. Mas os fatos demonstram que se ainda não está provada a hibridez física, certos cruzamentos dão origem em todo caso a produtos morais e sociais, evidentemente inviáveis e certamente híbridos. (Rodrigues, 1890, pp. 132- 133).
Quanto à formação do povo brasileiro encontramos evidências de que Nina Rodrigues adotava uma posição favorável ao “branqueamento”, questão que viria a ser bastante discutida décadas mais tarde. De acordo com sua visão do mecanismo de herança (com mistura) o mestiçamento provocaria uma diluição dos elementos antropológicos puros. Isso ainda acarretaria degeneração. Esse fator era bastante preocupante para Nina Rodrigues, pois esses indivíduos, os mestiços, teriam uma limitação orgânica em relação à civilização. Portanto, Garrincha que foi avaliado pelo sociólogo com especialização em seleção psicotécnica, João Carvalhaes, para a copa de 1958, mostrou que os jogadores brasileiros não tinham preparo intelectual e psicológico, mostrado pela revista France football.
Conclusões; Pelé com 17 anos, infantil, falta espírito de luta; aconselhou o não aproveitamento; e Garincha, baixa inteligência, além de problemas físicos e comportamentos degenerativos. São com essas visões que se analisavam o processo de “purificação” racial no país. Nina Rodrigues (1862-1906) foi um nome destacado do racismo “científico” no Brasil. Médico maranhense, professor da Faculdade de Medicina da Bahia, fez parte de uma lista de intelectuais, muito deles professores universitários, que viam na miscigenação um processo que conduziria à degradação do que entendiam ser a melhor parte dos humanos, a “raça branca”.
Produções literárias de autores como Gilberto Freyre com “Casa grande e senzala”, reproduziram no seio da sociedade brasileira o espírito disfarçado de democracia racial, camuflando a realidade de um grupo étnico que sofria, além do preconceito informal, mas também o preconceito oficial. Em comunhão ao mito da democracia racial, planejou-se no Brasil o ideal do branqueamento como a política nacional de promoção da imigração européia que visava suprir a escassez de mão-de-obra resultante da Abolição e modernizar (Skidmore, 1976; Santos, 1997).
A tese do branqueamento, compartilhada pela elite brasileira, era reforçada, de um lado, por uma diminuição dos negros em relação aos brancos, devido, a fatores: taxa de natalidade e expectativa de vida mais baixas; e por outro lado, devido ao fato de a miscigenação produzir uma população gradualmente mais branca. Segundo dados do IBGE, em 1890, havia 44% de brancos, 41,4% de mulatos e 14,6% de negros; em 1950, havia 62% de brancos, 27% de mulatos e 11% de negros (Skidmore, 1976:62; Hasenbalg, 1979:150). Com base nesta estatística, mas com a suspeita de resultado forjado, além da metodologia utilizada, se desconfiava, e gerava dúvidas quanto às categorias branco/mulato/negro, portanto a conclusão é que no referido período houve uma modificação racial do país rumo ao embranquecimento.
O embranquecimento pressupunha uma solução para o problema racial brasileiro através da gradual eliminação do negro, que seria assimilado pela população branca. Nesse processo, a mestiçagem era apenas transitória. Quanto a este aspecto, é reveladora a opinião de João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional, ao apresentar um relatório — intitulado "Os Métis ou Mestiços no Brasil" — no I Congresso Universal de Raças, em 1911, em Londres: Tanto o mito da democracia racial quanto o ideal de branqueamento ganham uma leitura popular, compartilhada pela maioria dos brasileiros e todo território brasileiro. A partir de uma rápida alusão a Benedict Anderson (1983), poderíamos dizer que a comunidade que denominamos Brasil se imagina, entre outras coisas, a partir dos referidos ideais. Não constitui nenhuma novidade dizer que uma significativa maioria dos brasileiros reconhece-se como "misturados", assim como valorizam essa "mistura". O que ocorre quando se ressalta e valoriza essa mestiçagem é que há uma confusão da "mistura racial no plano biológico com as interrelações raciais no sentido sociológico. Supondo que a primeira ocorreu sem conflito [...] sugerem que as últimas também existiram sem conflito" (Hasenbalg, 1995:358).   Quanto ao ideal de branqueamento, ele é incorporado pela população e se apresenta através de uma desvalorização da estética negra e, em contrapartida, uma valorização da estética branca. Além disso, esse ideal apresenta-se como uma tentativa de "melhorar" a raça através de casamentos mistos. Sendo que "quando o filho do casal misto nasce branco, também se diz que o casal teve 'sorte'; quando nasce escuro, a impressão é de pesar" (Nogueira, 1985:84).
Chauí (2004, p.108) em sua obra “O que é Ideologia” tenta resumir todo esse percurso de construção do termo “ideologia” dizendo: A ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade, o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo aplicativo (representações) e prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador, cuja função é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade
em classes a partir das divisões na esfera da produção. Pelo contrário, a função da ideologia é a de apagar as diferenças como de classes e fornecer aos membros das sociedades o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais identificadores de todos e para todos, como por exemplo, a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação, ou o estado.

O HERÓI
O herói é um indivíduo que possui qualidades consideradas especiais, tais como habilidades físicas, mentais ou morais. A coragem é o atributo mais característico do herói. A qualificação de herói, no entanto, não é reservado apenas ao mundo da fantasia, pois ele é aplicável a indivíduos concretos que se destacam em nossa sociedade. A “divinização do herói”, não é apenas uma necesidade interior dos homens e sim uma necessidade socialmente constituída, produzida por aqueles que são oprimidos e não conseguem imaginar que são os próprios agentes de sua libertação e por isso jogam suas esperanças nos heróis.
O herói possui habilidades excepcionais, mas humanamente possíveis enquanto que o super-herói possui habilidades sobre-humanas. Como o Super-Homem. A palavra inglesa “super” corresponde em português a palavra “sobre”, então Super-Homem significa sobre-homem. Um super-herói tem que colocar em prática seus poderes e isto só ocorre havendo uma população de seres poderosos num mundo em que ele vive e combate, ou seja, o super-herói só pode existir, ao contrário do herói, em constante relação com super-vilões e com outros super-heróis.
O Super-Homem, o primeiro super-herói criado (em 1938), vive num mundo habitado por Lex Luthor, Batman, Aquaman, Arqueiro Verde, Coringa, etc. Alguns já nascem com estes super-poderes, como é o caso de super-heróis (e super-vilões) que são de outros planetas no caso do Super-Homem (do planeta Clipton). Os super-heróis que nascem humanos adquirem seus super-poderes por três formas: a) habilidades físicas e mentais excepcionais criam roupas e instrumentos que multiplicam suas capacidades (Batman, Homem de Ferro, etc. b) contato com radioatividade, energia nuclear ou cósmica, etc., eles realizam um mutação e adquirem super-poderes, (O Homem-Aranha ganha seus poderes graças a uma picada de uma aranha contaminada com radioatividade; c) poderes mágicos, (Dr. Estranho).
Há três tipos de super-poderes: o poder tecnológico, o poder mágico e o poder energético (ou “cósmico”). O poder tecnológico é uma extensão do corpo humano, é um instrumento (roupa, arma, etc.) que permite ao seu portador ultrapassar os limites humanos (voar, lançar raios, etc.); o poder mágico se inspira no pensamento religioso e é daí que vem o seu caráter misterioso, inclusive de sua origem; o poder energético é um poder que se extrai da natureza, ou seja, o ser humano (ou qualquer outro ser) se apossa da energia (cósmica ou qualquer outra) e ela se torna uma parte dele.
A diferença entre o poder tecnológico e o poder energético ou mágico se encontra no fato de que o portador do primeiro depende do seu aparato tecnológico (Batman depende de sua roupa, cinto, carro, etc. O portador do poder energético ou mágico contém o poder em sua própria estrutura orgânica. No mundo dos super-heróis a magia (o sobrenatural) e a ciência (o tecnológico) se misturam e mantêm suas especificidades.
PELÉ  O “HERÓI”
  
Pele Exercito de Fortaleza Itaipu - Seleção militar, com Pelé, campeão sul-americana de 1959-Xuxa 1986-filho Edinho, pai Doninho 1993-Roberto Carlos Guarujá(1968)-Roberto Civita (centro) Mauricio de Sousa,  lançamento da revista-Pelezinho                -autodesenho de Mauricio com Pelé que queria um super-herói-propaganda Honda.
Faremos uma análise dos interesses do cidadão Edson Arantes do Nascimento (Pelé) que provavelmente seguia orientações de conselheiros de marketing para se tornar um herói.
A composição real da historia das cores do povo brasileiro se negava a seguir as primícias cientificistas que refletiam as literaturas e projetos políticos que enquadravam o futebol como instrumento ideológico. Como já mostramos o jogador fried, ainda no início do século, foi o exemplo dessa negação. Apareceria outro jogador que desafiaria a esses preceitos, o Pelé, assim como a própria “força da gravidade” do “branqueamento” do povo brasileiro, mas que será transformado e usado como garoto propaganda do grupo que implantaria a doutrina de segurança nacional, “República Militar do Brasil”.
Pelezinho, o personagem criado por Maurício de Sousa baseado na infância do rei Pelé, ou melhor, do pequeno Edson Arantes do Nascimento. Pelezinho era um dos mais bem quistos personagens da turma da Mônica nos anos 70 (e no início dos 80). Em histórias divertidíssimas explorando o mundo do futebol, Pelezinho convivia com personagens baseados nos amigos de infância do próprio Pelé, que na revistinha se tornaram tão famosos quanto o próprio personagem: a japonesa Neuzinha (primeira namorada do Pelé de verdade), a namoradeira e boca-suja Bonga, o amigo Cana Braba, o goleiro Frangão, a vendedora de quibes Samira e, claro, o cachorro Rex, que cavava buracos para as traves e de vez enquando ainda dava uma de goleiro e para o desespero de Frangão tinha uma atuação melhor que o titular.
Maurício teve em seus encontros com Pelé (o jogador inicialmente queria um personagem no estilo super-herói, mas foi dissuadido pelo desenhista) em 2002, ano de Copa do Mundo, Pelé  e Mauricio Souza e Pelé, tiveram um encontro para retornar com Pelezinho aos HQs e ainda lançar fitas de vídeo nas quais iria ensinar a jogar bola.
Edson Arantes do nascimento pediu a Mauricio Souza que transformasse Pelezinho em super-herói, em que Mauricio explicou a Edson, mas não justificou por questões de compromisso e interpretação intelectual como criador de heróis e super-heróis fictícios para atender a indústria de produção (tecnologia de reprodução em massa,) de uma sociedade capitalista.
A necessidade desse consumo se adaptação da vida moderna em que consumidores enclausurados em instituições burocráticas e o domínio do mercado na vida social da sociedade capitalista propiciaram uma necessidade de se sentir algo no imaginário que não se podia sentir na realidade. Esta “prisão” burocrática cria a necessidade, através da fantasia, de superar o isolamento da vida social e conquistar uma liberdade imaginária para compensar a falta de liberdade real.
Com as definições acima, podemos analisar e comparar ideologia de valores de personagens do futebol brasileiro com atletas de outros países. Edson Arantes do Nascimento o Pelé, jogador que aparece aos 15 anos de idade no dia 7 de setembro de 1956, estreava no santos contra o Corinthians de Santo André, e marcaria um dos gols da vitoria por 7 a 1, filho de um ex jogador de futebol sem expressão dondinho e sua mãe dona celeste que não queria que Pelé jogasse futebol, principalmente numa cidade grande, vieram da cidade três corações Minas Gerais. A data da sua estréia se comemorava a independência do Brasil do julgo Português, pelo menos político e juridicamente, iniciava então a independência do Brasil como referencia internacional com seu ilustre rei do futebol, embaixador do sentimento patriótico do povo.
Pelé estrearia no dia 7 de junho de 1957 pela seleção contra a Argentina na primeira partida da Copa Roca, a derrota para a própria argentina por 3 a 0, na Sul-Americana, além das lembranças da final de 1950, não liberava confiança dos torcedores a seleção, Brasil perde em pleno Maracanã, apesar de ter feito um gol, na segunda partida contra Argentina no Pacaembu, o Brasil vence por 2 a 0, com um gol seu e levando o torneio. Seria o primeiro de nove títulos disputados em 15 anos de seleção brasileira. Portanto Edson Arantes do Nascimento não conseguiu passar de um herói, pois este não estava dentro dos critérios ideológico para ser um super herói, mas desperta a importância de um emblemático herói representante da comunidade argentina, Maradona. 
O FUTEBOL CIÊNCIA
O estado de espírito brasileiro em relação a seleção se resume na crônica de Nelson Rodrigues que afirmava “complexo de vira latas”, entendendo a inferioridade voluntaria que o Brasil se posta em relação ao resto do mundo, isso em todos os setores, inclusive no futebol. Afirmava que o problema não era de técnica de futebol, o problema era falta de fé em si mesmo. O texto esclarece a responsabilidade dos jogadores não apenas com futebol, mas o peso de todos os problemas do Brasil. A crônica esportiva internacional classificava os jogadores como despreparados emocionalmente, imaturos e não adaptáveis a ambientes de competição.
Em 1956, assumiu o comando da CBD, João Havelange, e impôs organização empresarial técnica. Os jogadores de 1950 passaram por exame médico, inclusive dentista. Dos jogadores foram extraídos 118 dentes, uma media de 3,5 por jogador, Oreco do Corinthians retirou 7 dentes. As bactérias dos focos entravam nas correntes sanguíneas e minavam o sistema imunológico dos atletas. Outros profissionais: traumatologistas, neurologistas, oftalmologistas, cardiologistas, otorrinos, psicólogo. Foram identificados: anemia, verminose, sífilis. Retrato de jogadores pobres.
O sociólogo com especialização em seleção psicotécnica, João Carvalhaes, mostrou que os jogadores não tinham preparo intelectual e psicológico, mostrado pela revista France football. Conclusões; Pelé com 17 anos, infantil, falta espírito de luta; aconselhou o não aproveitamento; Garrincha, baixa inteligência. O responsável pelo planejamento foi Paulo Machado e Carvalho, vice de Havelanche, empresário da terceira emissora a surgir no Brasil, (Record, TV e rádio). Tinha forte envolvimento com futebol. A Record foi a primeira a transmitir um jogo 1950 (Santos 3 a 1 Palmeiras). Entre 1951 e 1958, cresceu o numero de aparelho de TVs de 7 mil para 344 mil, o rádio tinha 8 milhões e dezenas de emissoras. No dia da morte de Getulio Vargas, o rádio anunciou em cima da hora, do dia 25 de agosto, enquanto a TV transmitia apenas a partir das 16h.
A estréia da seleção contou apenas com um negro, Didi, contrastando com das duas copas passadas, além das teorias raciais, segundo os quais os jogadores não tinham fibra em razão da mistura racial. A seleção precisava ser “embranquecida”
O futebol ciência estava em Volga na época, após toda preparação, a seleção se abalou com a chave que tinha Inglaterra, URSS e Áustria. Devido a propaganda da guerra fria e o confronto ideológico entre EUA e URSS que era o grande pesadelo, pois acreditavam que tinham desenvolvido o futebol como ciência, afinal a URSS, era o pais comunista que despertava medo e ódio aos países ocidentais aliados dos Estados Unidos, e tinha ganhado a olimpíadas em 1956 (Austrália), o Brasil venceu na abertura contra a mediana Áustria, por 3 a 0, e contra a Inglaterra, empatou de 0 a 0.
O grande dia chegava para a prova de que a estima do povo não tinha mais “complexo de vira lata”, justamente contra a toda poderosa URSS, seria a redenção da copa de 1950, redenção do negro, em fim, a arte contra a técnica, escalação de garrincha e Pelé, destruiu o comando vermelho e derretendo as geleiras siberianas, que nem Hitler, conseguiu. Pelé agia com uma força inesgotável de super poderes como se tivesse sido contaminado por radioatividades e sofrido mutações, garrincha como se tivesse poderes mágicos, o Brasil consolidava o primeiro titulo mundial.
Pelé afirmava a sua posição de rei, e os negros se redimiram do fracasso de 1950. JK, profetizando o resultado, convidou os parentes de jogadores para ouvir os jogos. Este título encheu entusiasmou a população facilitando os anos dourados de JK, no crescimento econômico, dinamismo urbano, apesar do rompimento com o FMI (fundo monetário internacional), mas foi elogiado por militares, comunistas e comunidades da indústria, alem de popularidade, mas houve desconfiança com a construção de Brasília como foco de corrupção. Foi essa temática que já vinha sendo despertado na classe media desde Vargas que se constituiu na campanha do então governador São Paulo, Jânio Quadros com discursos moralistas, venceu o poderoso General Lott, mas o seu vice João Goulart assumiu.
Esse resultado mostrou a capacidade do poder de articulação dos sindicatos e comunistas, alem da crise de fim de mandato de JK que estava só começando. Jânio começou a querer colocar em pratica o seu discurso de moralismo proibindo o uso de biquíni nos desfiles mostrado pela TV, rinhas de galo, lança perfume no carnaval, acordou com militares criando animosidade com o parlamento, chamando-os de “clube dos ociosos”. Mas era este o Jânio que quando prefeito cortou o ponto de Ademar ferreira da Silva, bicampeão olímpico, por se ausentar à ir treinar. Dizendo que “este era um funcionário relapso, e a prefeitura não é clube de atletismo”. Reatou relações com FMI, com URSS, condenou Kennedy, após invasão dos porcos (1961), abertura da embaixada na África, e por fim condecorou Che Guevara em 1961. 

Estava reacesa a centelha que iria incendiar em 1964. Em 24 de agosto, Lacerda o acusava de golpe. Um dia depois Janio chama seus ministros e fala da renúncia. O general Odílio Denis, ministro de Guerra, ofereceu a ao presidente a possibilidade fechar o congresso e intervir no Estado da Guanabara e punir Lacerda, de fato o ministro com os militares estavam preocupados em João Goulart assumir. Janio renuncia no dia 25, e na carta afirma que “foi vencido pelas forças reacionárias”. Jango estava na China comunista em missão oficial. Leonel Brizola governador do Rio grande Sul que era cunhado de Jango, se confrontava com militares pela legalidade constitucional que não o aceitavam como presidente. “Sem solução” criaram o sistema parlamentar em 7 de setembro de 1961. Jango assumiu, mas em poderes. Quem mandava era o primeiro ministro Tancredo Neves. A tensão os movimentos urbanos, rural, operário, estudantil. Isso pelo fato também e Jango ser populista, criou se as reformas de base com participação dos analfabetos na eleição, reforma agrária, mas os movimentos perceberam a possibilidade de mais espaço e poder, aumentaram as greves de 31 do ano de 1958 para 172 no ano de 1963. O “perigo comunista”, rondava, ainda mais com vitoria de Fidel em Cuba que era um combustível de ameaça aos princípios ideológicos aos Estados Unidos e triunfo do comunismo soviético. Pensamento elaborado pela escola Superior de Guerra ESG em 1949, percebeu-se estava na hora do golpe militar, para aplicar a doutrina de segurança nacional. A população deslumbrada pelo momento glorioso do futebol não teve força de conter esse cenário que iria culminar com todos os direitos fundamentais deteriorado. Em 1964 foi dado o golpe, era mais axiológico sair às ruas para festejar as vitorias da seleção, do que defender a liberdade.
Alem da seleção o brasileiro curtia o maior clube do mundo o Santos Futebol Clube de Pelé. Entre 1961/65, a equipe conquistou cinco taças Brasil, campeonato brasileiro da época, bicampeão Sul-Americano e bi campeão mundial. Mas era pele que criava este fenômeno, pois o mais importante era vê-lo jogar, mesmo contra as regras como no caso do jogo do campeonato paulista de 1961, entre Santos e Ferroviária, já que Pelé não poderia jogar por estar suspenso, mas foi dado um jeito, e ele participou, inclusive com pedido do próprio adversário.
Pelé era a inspiração nacionalista, o “herói” que alimentava o heroísmo o jingle “com o Brasil não há quem possa”. A grande prova desse “herói” se confirmou com a sua entrada no exercito brasileiro, qual maior prova poderia ser de um humano em defender o seu povo se possível em uma guerra, Pelé quis servir a pátria. Ele mesmo afirmou que seria um ato de patriotismo, e que todos deveriam renunciar a tudo e confiar em melhores dias para o Brasil. Pelé era esse “herói” capaz de tudo, inclusive até se anestesiar para jogar como aconteceu na copa de 1962 no segundo jogo contra a Thecoslovaquia, que Pelé se contunde e não poderia jogar contra a Espanha, então decide tomar Xilocaína, o que não foi aceito pelo médico.
Agora se definia a relação futebol e política, Pelé era um jogador e guerreiro do exercito brasileiro personificando o discurso do inflamado do chefe da delegação, José Maria Castello Branco, comparando heróis de guerra, contra um rival violento e desleal. Após um jogo contra a Argentina pelo Sul-Americano de 1936-37, que enfrentara a Argentina que receberam os brasileiros “macaquitos”, apelido a soldados brasileiros que eram escravos e foram alforriados à participar na guerra do Paraguai. A derrota foi devidamente incorporada como uma luta épica. A delegação brasileira foi recebida no seu retorno no Rio como soldados que haviam lutado numa guerra. Hino Nacional foi executado duas vezes por bandas militares, salvas de canhões e discurso Estava criado o imaginário brasileiro de que o adversário era inimigo e deveria ser derrotado no campo de batalho e como era a Argentina isso foi levado ao fanatismo doentio, além de que agora já tínhamos a quem nos compararmos, este jogo foi a centelha para a ignição do sentimento nacionalista. Essa imagem de patriota lhe foi incorporada. Em 1960, Pelé seria o garoto propaganda do Instituto brasileiro do café no exterior.
COPA DE 1962
O excelente momento do futebol brasileiro contribuiu para a copa de 1962, rádios aumentaram em 100%, todas as atividades foram suspensas, inclusive em Brasília nos dias de jogos, mas Pelé sairia contundido no segundo jogo, mas sendo substituído pelo “possesso”. Foi nessa copa que o Brasil mostrou que desenvolvia um espírito de malandragem, como exemplo Nilton Santos fez pênalti no atacante Collar, na grande área, o zagueiro brasileiro deu um salto à frente e levantou o braço, dando a entender que de fato fez a falta, mas fora de área, o juiz foi na dele.
Nesse jogo ate o momento do pênalti, o Brasil perdia por 1 a 0, para a Espanha, se o juiz marca a infração aos 25 minutos do segundo tempo, a historia seria outra. Amarildo, marcou dois gol e definiu a partida. Garrincha foi o dono da copa foi expulso contra o Chile, o Brasil que já não tinha Pelé, provavelmente o bi campeonato ficaria difícil, mas a política resolveria tudo, não foi preciso o primeiro Ministro Tancredo Neves pedir a suspensão da punição, o governo do Peru pediu que o juiz do jogo o peruano yamazaki retirasse a acusação, além do sumiço do bandeirinha uruguaio Esteban Marino que foi quem fez o alerta ao juiz. Portanto, no dia do julgamento o juiz afirmou que não viu a agressão de Garrincha. Resultado: Garrincha foi absolvido por 5 a 2, e poderia atuar na final. Portanto o Brasil já avançara não só na malandragem dos bastidores do futebol, mas na política também.
Garrincha entrou em campo contra os thecos com uma febre de 40 graus, Brasil foi campeão. Esse resultado beneficiou Goulart, nas eleições parlamentaristas de 1962 que definiria a estabilidade de seu partido PTB, contra UDN e PSD. Em 1963, antecipado o que seria em 1965, o plebiscito devolvera o regime presidencialista a Jango.
Jango que foi jogador juvenil do Internacional, nos anos de 1930, só não sendo profissional por causa de uma contusão, portanto Jango tinha uma intima relação com o futebol, então recebeu a seleção em 18 de junho de 1962, no palácio. O presidente eufórico com a presença do povo que invadiu o palácio, apesar de que a população de Brasília não passava de 200 mil pessoas, mas vieram de outros locais. “vocês cumpriram a promessa de trazer a copa”, falando Jango a Nilton Santos e Didi que responderam, “fizemos pelo senhor”. Correio brasiliense. Jango consegue melhorar o desempenho do PTB que fica apenas atrás do PSD.
Jango sofria de oposição ferrenha dos governadores da são Paulo, com Adhenar de Barros, Minas gerais, com Magalhães Pinto, e da Guanabara, com Carlos Lacerda, sem esses principais estados a democracia estava desgraçada, o presidente conhecido como “líder de uma república sindical”. Em outubro tentou implantar estado de sítio para conter invasões de terra, mas a direta impediu, por receio, no inicio de 1964, Jango deflagra movimentos para pressionar o congresso com a massa, para impor as reformas de bases, o primeiro no dia 13 de março, conhecido como “comício da central”, bandeiras vermelhas, discursos inflamados, por fim Jango desapropria refinarias de petróleo estrangeira. Estava tomada a decisão, os conservadores não precisavam de mais argumentos. Seis dias depois a marcha da família com Deus pela liberdade em são Paulo, foi a resposta da classe média de apoio ao golpe, para completar, Jango apazigua com marinheiros que quebraram a hierarquia, ao se fazer presente a uma assembléia de sargentos.
A MILITARIZAÇÃO DO FUTEBOL
No dia 11 de abriu o congresso, elegeria o general Humberto de Alencar Castelo Branco como presidente, com a intenção de transitar para um governo democrático que seria eleito em 31 de janeiro de 1966, isso através de discurso de Castelo. A ditadura militar se posiciona em dois grupos: linha dura que queria se perpetuar no poder e; “Sorbone” referentes aos formados na Escola Superior de Guerra, a linha dura estava na dianteira e elegeria o general Artur da Costa e Silva no dia 3 de outubro de 1966.
O futebol brasileiro já era uma realidade, além da importância política da FIFA, e Havelange queria o tri campeonato para se promover a presidente da instituição, mas o glamour e seus vícios apareceram, já previsto no analista da copa de 1958, o Brasil virava um time de estrelas, pois os números de apresentação foram inúmeras, não importando se venceriam ou não. A estréia foi no dia 12 de junho de 1966 e se retiraria contra Portugal de Eusébio, com participação pífia. Jogadores declaram que o técnico Feola lhe confidenciara que por pressões foi obrigado a lhe retirar.
Este resultado despertou o sinal de alerta nos militares que traçaram a tática de ofensividade contra o povo, já que a anestesia do futebol não teria efeito neste inicio de governo de Costa e Silva que só tomaria decisões nos quartéis com a benção dos generais. Portanto a decisão foi aplicar o projeto desenvolvimentista do ministro Delfin Neto. O Estado interviu na economia, portanto foram se declarando na prática a fase da tecnocracia no Brasil, em detrimento da política. Então a política foi feita nas ruas com conflitos, principalmente por estudantes. 

Em setembro de 68, o deputado Márcio Moreira Alves, denunciou na tribuna as torturas, conclamando que não deixassem seus filhos a assistirem o desfile do dia sete de setembro, além de sugerir as namoradas dos oficiais que o boicotassem, como forma de protestar. Apesar de ninguém ouvir, os militares não gostaram e pediram que a câmara suspendesse imunidade parlamentar de Moreira Alves, não aceito, para completar o STF, manda soltar mais 80 estudantes detidos por conta das manifestações, ultimo fôlego de democracia no país, o verde-oliva daria o golpe de misericórdia, em 13 de dezembro, o presidente Costa e Silva promulgou o AI5, o marco total do poder discricionário dos militares sobre qualquer tentativa de reação dentro do país, ou seja, o golpe dentro do golpe. O delegado Fleury, protagonizou logo o esquadrão da morte. A censura foi de imediato criado, artistas, intelectuais e jornalistas fugiram do país ou foram presos. Na educação o governo criou a disciplina de Moral e Cívica, para difundir os ideais da caserna, para que as gerações futuras não se contaminassem com as idéias subversivas.
O texto do curso destinava-se a “defender os princípios democráticos pela preservação do espírito religioso, da dignidade do ser humano e do amor a liberdade, com responsabilidade, sob a inspiração de Deus, além de defender a obediência a lei, dedicação ao trabalho e integração na comunidade. Com a intenção de criar unicidade de harmonia social, sob a proteção do Exercito brasileiro.
O jornalista Elio Gaspari, colheu entrevista do Ernesto Geisel, presidente em 1974, declarou: “Bom era nos tempos dos reis. O problema da legitimação era simples. Depois inventaram esse negocio de povo. O povo. Quem é o povo? Resultado: de Deus passou para o povo, e agora para o sabre, um sabre enferrujado”. O sabre era o exercito.
A coesão patriótica que o esporte propicia foi utilizada a exaustão pelo governo militar ao longo dos 21 anos de ocupação do poder. Para alguns autores como Marcos Guterman, no seu livro “O futebol explica o Brasil”, existe uma parceria entre o que acontecia nos esportes, como parâmetro a conquista do tricampeonato mundial de futebol no México em 1970, e os acontecimentos da ditadura. O jingle musical “a corrente pra frente Brasil”, embalou os “zumbis” (cidadãos/torcedores), pois, foi no clamor desse apelo musical patriótico, ufânico e apologistas de uma postura cívica exageradamente alienada, patológica – que anestesiaram a consciência povo dos crimes políticos cometidos pelos aparelhos repressivos estatais, além de deslocá-los da discussão política para o ópio do “espetáculo” esportivo.

                                                  presidente                         Jarbas Passarinho
O presidente Médici que assumiu em 1969, foi atacante do Grêmio de Bajé, fanático por futebol, mas que era um autentico linha dura militar e obcecado pala legitimidade popular, vindo a declarar que ficaria grato com o prêmio de reconhecimento popular. O próprio Lula reconhece que se houvesse eleição naquele período Médici teria sido eleito, isso ao peso do capital estrangeiros, milagre econômico, alem da identidade de Médici com o futebol, e esse glamour veio ser banqueteado com a conquista da copa do mundo de 1970. Saldanha que fora militante comunista desde 1940, guardava relação com PCB, em ultimo instante foi demitido no dia 17 de Março de 1970. Saldanha chamou a imprensa e afirmou que Médici exigia a convocação de Dário. “o senhor escala o seu ministério e eu o meu time”.
Em entrevista a um jornal cearense “O povo”, Jairzinho declara que Saldanha caiu por pressão militar. Apesar que uma semana depois o Ministro Jarbas Passarinho recebeu Saldanha a seu pedido que entregou ao ministro, uma proposta de reformulação no futebol, o ministro apelou ao patriotismo de Saldanha, evitando falar da seleção e superar as mágoas. A questão aqui é que o ministro que intervia, era da educação, o próprio Jarbas Passarinho que declarou pouco antes a um encontro com João Havelange em 17 de Março, que interviria na seleção, um dia após, retificou, mas apenas fazer uma devassa. Depois, afirmara que não ameaçara, mas de coação afetuosa, e declarou que a relação intepestuosa na seleção abala a opinião pública era preciso transformá-la num modelo de ordem e disciplina. Havelange já não era o todo poderoso, então Zagalo tinha tanto papel de técnico como de emissário do governo. Afirmou jornal ultima hora. (foto pg 173)

 Embaixador alemão Ehrenfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben negociado pelos quarenta guerrilheiros.
O “asfixiamento” social era de tal maneira que enquanto a seleção jogava desviando e forjando um cenário paradoxal das reações de grupos de intelectuais que reagiam ao “status quo” de autoritarismo. Em 1 de abril de 1964 foi instaurada no Brasil uma ditadura militar que iria perdurar por mais de vinte anos. Durante este período, várias foram as fases e as faces do regime repressor. Recebidos por grandes manifestações favoráveis, com milhares de pessoas acorrendo às marchas de apoio, os militares iniciaram a caça às bruxas. Incitaram o incêndio ao prédio da sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), encerraram organizações sindicais e estudantis, caçaram políticos opositores, acabaram com o voto popular, De 1964 a 1968 a luta dos estudantes passou a ser clandestina, ou seja, a UNE fora dissolvida, mas continuava a existir na ilegalidade, assim como os partidos de esquerda.
Havia uma esperança de que a situação política fosse revertida e os militares golpistas voltassem para a caserna, a resistência à ditadura promoveu passeatas e atos públicos, em 13 de dezembro de 1968, o Congresso foi fechado e o AI5 foi promulgado, minando qualquer possibilidade de diálogo, numa ditadura que se tornou ainda mais repressiva e sanguinária, líderes da esquerda foram presos e torturados, sem direito a hábeas corpus, passaram a conclamar o fim da contestação pacífica, entrando na resistência guerrilheira. Estava declarada a luta armada no Brasil. A luta armada gerou os famosos guerrilheiros da esquerda radical, os seqüestros a diplomatas de importantes governos que faziam a representação dos seus países no Brasil. De 1969 a 1970, quatro grandes seqüestros abalaram a ditadura militar, o primeiro, em setembro de 1969, foi do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, e o de maior repercussão nacional e internacional, em 1970, os seqüestros do cônsul japonês Nobuo Okushi, do embaixador alemão Ehrenfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben e, do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher. Realizados para chamar a atenção internacional do que acontecia no Brasil, os seqüestros aos diplomatas serviram para a troca dos líderes políticos que estavam presos nos porões a sofrer torturas, muitos deles morreram. O regime militar intensificava a perseguição e repressão aos que se opunham à ditadura, agindo de forma violenta, matando, torturando e aniquilando de vez qualquer resistência. Os seqüestros representaram o auge da resistência armada e, também, o seu fim definitivo.
No dia 17 de Junho de 1970, 40 guerrilheiros foram trocados por Médici pelo embaixador alemão Ehrenfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben, sem que isso fosse digno de qualquer atenção por brasileiro, ao contrario, o governo tratou de jogar a opinião pública contra os subversivos, sugerindo que o fato poderia abalar os jogadores na copa. Na 1ª pagina da “Folha de são Paulo” de 17 de Junho. – “Pelé, Rivelino e ouro jogadores manifestaram-se, condenando o ato terrorista”, mas as noticias eram uma nota oficial do Ministério do Exército. Em que Pelé, Rivelino, Clodoaldo, Brito, afirmaram que maus traidores e criminosos venham quebrar a tranqüilidade da seleção.
A idéia do regime era montar um grande “Pais”, na área social, econômica e esportiva, e os desagregadores eram os terroristas.
Um dos aspectos mais importantes do momento era a formalização da integração nacional pelo futebol. Construído desde a década de 1930 no regime de Vargas e sacramentado em 1970. O governo militar percebeu logo, Costa e Silva criou em 1969, a loteria esportiva, com jogos de todo país, criando daí um sentimento nacionalista através do esporte. No mesmo ano o governo pediu que a CBF, criasse um campeonato nacional que substituiu em 1971, o “Robertão’ torneio Roberto Gomes Pedrosa (torneio Rio/São Paulo 1967). Portanto o campeonato brasileiro foi um projeto governista em desenvolvimento, do discurso de Integração Nacional do Regime, como prova, este foi inchando em 1971 tinha 20 clubes, em 1979 com o desgaste da ditadura passou para 94 clubes. Um bordão foi criado: “aonde a Arena vai mal, um time no nacional’. Nessa época a CBD, era presidida pelo Almirante Heleno Nunes
A disciplina militar usava como pilar a seleção brasileira para servir de exemplo a sociedade, A militarização da seleção se comprovava na comissão técnica em 1970 conforme o preparador físico Admildo Chirol: o chefe da delegação era o Brigadeiro Jerônimo Bastos, seu assessor era o Major Roberto Câmara Lima Ipiranga dos Guaranys, o supervisor era o Capitão Claudio Coutinho, além do Tenente Raul Carlesso e Kleber Camerino Capitão.
O tricampeonato deu mais fôlego ao sistema autoritário com a renovação o congresso a favor da Arena o que soberbamente Médici empunhava um comportamento jurídico discricionário a todos os setores do Brasil, além de demonstrar aos críticos internacionais o apoio popular a ditadura, pois assim o povo vivia em liberdade resultado do Aparelho Ideológico do Estado, além do aparelho repressor estatal. Com isso o governo aumentou a repressão, intimidou a oposição, mudou as regras eleitorais, multiplicaram as prisões, perseguição aos críticos como a igreja católica. A Arena venceu o PMDB, com larga vantagem, mas com muitos votos em banco, abstenção que serviu como protesto contra a ditadura. Mesmo assim não abalou Médici que embalado pelo apoio popular deslanchou o seu projeto nacional-desenvolvimentista, que fez que a dívida externa crescesse 90% entre 1971 a 1974, além da alta concentração de renda, a poucos defendida pelo Ministro Delfim Neto, que primeiro deveria fazer o bolo crescer, depois dividir, criticada pelo próprio Banco Mundial.
Ernesto Geisel foi eleito em 1974, com projetos de fazer aberturas sem comprometer a economia, apareceria Ulisses Guimarães como parlamentar de oposição que denunciava a farsa da democracia com gestos, seria este o “anticandidato”, o governo militar através de grupos de oficias do “baixo clero”, criavam forças em detrimento da hierarquia, portanto com essas pressões internas haveria um certo perfeccionismo da oposição do MDB ao regime militar. Neste ano o Brasil se preparava para a copa que seria na Alemanha e a seleção foi militarizada.
Os clubes brasileiros entravam em crise financeira, inclusive o maior clube do mundo o Santos que fazia jogos internacionais, após 1958, com cachê maior que da seleção que cobrava US$ 10 mil, enquanto o Santos US$ 30 mil, isso capitaneado pelo status de Pelé. Mas mesmo assim Santos entrou em crise, os carolas recorreram ao presidente Médici, como o governo dependia do futebol de imediato era atendido, criando uma relação de promiscuidade entre clube e governo, se a crise atingiu o Santos é claro que outros clubes também acompanharam essa crise.
Em 1972 a CBD promoveu a taça Independência, para festejar os cento e cinqüenta anos de independência do Brasil, uma clara demonstração de monopólio do estado no governo Médici eu participou de vários desfiles, com cobertura da TV, os jogos foram realizados de Manaus a Porto Alegre, na intenção de explorar todo o Brasil com o futebol.
A seleção começaria a copa do mundo 1974 com dois empates e enfrentaria o Zaire que levou de 9 a 0 da Iugoslávia, precisando de três gols para se classificar, o Brasil fez. Enfrentaria a Alemanha oriental e Argentina, abatendo as duas, mas tinha a Holanda que inconfundivelmente tinha o esquema tático chamado de “laranja mecânica” ou “carrossel”, sem contar que tinha o jogador Cruyff, Zagalo desdenhava chamando a Holanda e “tico tio no fubá”, resultado 2 a 0 para a Holanda por sorte não sofremos uma goleada, Zagalo teve que ser recebido por um batalhão de militares para evitar a hostilidade de torcedores.
O AMOR PELO DOLAR
O futebol brasileiro com o sistema de governo entrava na economia global, jogadores que ate então não passavam de amadores com problemas de saúdes como os da copa de 1958, agora foram contaminados pelos dólares e se tornariam consumidores natos de produtos internacionais, como TVs coloridas, hotéis, carros luxuosos e principalmente se relacionarem com ouros povos. Inclusive falando varias línguas era o início da exportação de jogadores.
No caso do Pelé que se aposentaria precocemente da seleção em junho 1971, em dois jogos, um no Morumbi contra a Áustria, e contra a Iugoslávia no Maracanã com 138 mil torcedores que gritavam; “fica, fica, fica”, os dois jogos foram empates. Outros jogadores também abandonaram a seleção como tostão e Gerson. Mas o estrelato brasileiro já não era o mesmo, uma greve de silêncio envolveu os jogadores, no “manifesto de Glasgow”, incentivado pelo coordenador Claudio Coutinho que mais tarde seria técnico da seleção. Este episódio era a reverberação de um governo autoritário que influenciava na arrogância de jogadores, ficando bem claro em 1975, com o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, suspeito de envolvimento com o PCB, foi levado ao DOI – CODI (departamento de operações e informações – centro de operações de defesa interna) paulista lá foi torturado e morto. O governo simulou um enforcamento de forma tão grosseira que qualquer amador confirmaria a farsa. Intelectuais, outros gurpos que inclusive havia dado aval par o golpe militar, agora participavam de manifestação contra. O secretario de segurança de São Paulo, ameaçava a manifestação.
Ficava claro o poder paralelo na segurança pública de São Paulo a resistir a abertura de Geisel que afastou do II Exercito o comandante Ednardo D’Avila e colocou em seu lugar Dilermando Gomes Monterio que acabou com o DOI –CODI. Mas o presidente restringiu a oposição com a “lei Falcão”, diminuindo os espaços na propaganda paulista que só permitia a foto o nome e o número do candidato, prejudicando o MDB. Mesmo assim a oposição cresceu.
Grupos de terrorismo de direita ligados a linha militar, os alvos foram OAB e igreja católica. Outras medidas foram tomadas como do “senador biônico” para conter o MDB, alem de passar o mandato do presidente para 6 anos, isso em 1978. Essa ambigüidade do governo duro e à abertura. O planalto abria relações com Associação Brasileira de Imprensa e CNBB, além do MDB, com a intenção de abrir com vários setores da sociedade sem risco de ruptura institucional. A linha dura se articulava para candidatura presidencial na figura do ministro do Exercito Sílvio Frota, general que dizia temer um levante comunista, com a complacência do governo. Geisel o afastou em 1977, sem consultar o alto comando, sem resistência, a fim de restaurar a hierarquia na caserna. Frota percebeu que a linha dura minguava. Portanto em 1978 Geisel indica João Figueiredo, chefe do SNI para sua sucessão, com a garantia de abertura relativa política.
O Lula
Neste período nasce no movimento operário do ABC paulista, um torneiro Luis Inácio Lula da Silva, que criava greves brancas para fugir da repressão policial, em que 2500 funcionários da Saab-Scania, em São Bernardo, entraram bateram o cartão e cruzarão o braço. O método foi imitado por meio milhão de trabalhadores. Lula ganha notoriedade e se torna a cara do “novo sindicalismo”.
Geisel mesmo não sendo tão próximo do futebol não se distanciava. Em 1974 João Havelange se torna presidente da FIFA. Em 1975 este larga a CBD, sob suspeita do SNI, e repassa ao Almirante Heleno Nunez, que era presidente da ARENA no Rio de Janeiro. Como já foi exposto o campeonato teve a participação de quase 100 (cem) times como negócio político. A imprensa afirmava o fim do futebol brasileiro.
Na Europa os craques nadavam em dinheiro além de exportar os melhores jogadores do mundo, mas o Brasil passava por uma “anemia” de excelentes jogadores. Foi ai que apareceu em 1976, Zico, Arhur Antunes Coimbra, meia do Flamengo, que despertava lembranças nostálgicas de Pelé. Zico foi trabalhado e laboratório em função do seu pequeno corpo que não era o modelo de jogadores da época, pois as características eram de um biótipo entroncado para resistir o futebol força e representar geneticamente a raça de um povo forte. O “galhinho” tomou hormônio, fez academia, de 1969 e 1974, cresceu 17 centímetros, engordou 13 quilos, foi chamado de jogador “biônico” como era conhecido os jogadores europeus, efeito da tecnologia no futebol.
GLOBO-ZICO-FLAMENGO-DITADORES-ROBERTO MARINHO.

Zico com características de cor parda, cabelos jogados na testa e dono de dribles semelhantes a firulas, além de ser um excelente batedor de faltas e pênaltis, jogava no flamengo time do coração do dono da maior empresa de mídia no Brasil, o senhor Roberto Marinho, que criou o seu patrimônio através de contratos milionários com o governo militar em concílio de propagar o governo.
A rede globo que vinha criando afiliadas em todo território brasileiro, faz do futebol um espetáculo de todos os domingos com transmissões ao vivo para todo o país, principalmente do seu clube, o Flamengo que principalmente na segunda metade da década 70 para a de 80, ganha quase todos os títulos - regionais:
- campeonato carioca (1972, 1974, 1978,1979 (invicto), 1979, 1981, 1986),taça Guanabara 1970, 1972 (inv), 1973 (inv), 1978, 1979, 1980 (inv),1981, 1982, 1984, 1988, 1989 (inv)); Taça Rio de Janeiro (1978 (inv), 1983, 1985 (inv), 1986); torneio do povo (1972); campeonato nacional (1980, 1982, 1983, 1987); e internacional: mundial interclube 1981, libertadores da América 1981, além de mais de 20 torneios internacionais no Brasil e no exterior.
O Brasil precisava criar uma identidade nacional e a comunicação seria a forma mais rápida para interligar as informações em todo território e como o futebol tem a simbologia do código genético na formação da alma do povo brasileiro, a rede globo foi à maior expressão dessa ferramenta “mídia”, só precisava criar de imediato um substituto para o ídolo Pelé que abandonou o seu discurso e a prática de nacionalista patriótico quando se voluntariou a servir as forças armadas brasileira, se “auto-conclamando como exemplo”. Mas Pelé cedeu aos dólares do Tio Sam, e Zico o jogador “biônico”, analogia ao seriado americano do homem biônico serve de parâmetro, em que se vê nas ruas nas festas o povo mesmo aquele que não é torcedor do flamengo, mas usa a camisa 10 do “galinho”. Imagem de Zico ficou eternizada com uma caricatura igual de Jesus Cristo e de Che Guevara, criando o imaginário de um revolucionário popular, não é toa que chamam de nação flamenguista, sendo que o Brasil se divide entre não flamenguistas e os flamenguistas.
O flamengo transcende ao espaço regional do Rio de Janeiro, como o próprio hino do clube diz; “seja na terra, seja no mar”. O Flamengo quando joga ou se apresentava nos estados fora do seu limite espacial, é capaz de unir torcedores de clubes regionais como no Estado do Pará que há uma rivalidade entre Remo e Paissandu, mas que se unem para torcer pelo Flamengo ate morrer como afirma o hino.
Além do hino, dezenas de musicas deformavam os sentimentos de torcedores regionais pelo transcendente Flamengo, como Jorge Ben Jor: - “Moro num país tropical/ Abençoado por Deus/ E bonito por natureza/ Mas que beleza/ Em fevereiro/ Em fevereiro, tem carnaval/ Tem carnaval,/ Tenho um fusca e um violão/ Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Teresa...”
Na versão de João Nogueira: “Flamengo joga amanhã /eu vou prá lá/ vai haver mais um baile/ no maracanã/ o Mais Querido/ tem Zico, Adílio e Adão/ eu já rezei prá São Jorge/ pro Mengo ser Campeão...”.
As duas músicas associam o Flamengo a religiosidade, as belezas naturais, o baile esportivo, a cultura do carnaval, abertura de empresas transnacionais como a Volkswagen, a relação da musicalidade com o povo brasileiro e o proselitismo ao clube, além de associar o ufanismo da beleza, da cultura e da religiosidade do Brasil com o flamengo. E Zico personifica toda essa ideologia de valores, através do sistema de comunicação da rede globo de Roberto Marinho. Pois foi através de seus instrumentos de comunicação que levou o governo a assinar um contrato milionário do Flamengo com a Petrobras.
Zico e toda a sua era de jogadores brasileiros, apesar de grandes craques como Sócrates, Falcão, Junior e etc. Não tiveram o privilegio de se sagrar campeão do mundo, Zico foi comprado para jogar em 1983 na Udinese da Itália, não sendo bem sucedido, o flamengo e a Petrobras com a rede globo planejaram o retorno do jogador o que foi concretizado, programaram um jogo no Maracanã como festa de reapresentação. O Flamengo convidou um esquadrão de craques como Maradona, Edinho, Mário Kempes, Rumennigge, Falcão, Paolo Rossi, Altobelli, Resenbrink, Fernando Morena e o técnico Cesar Menotti foram alguns convidados para o evento e prontamente aceitaram o convite. Ao mesmo tempo em Alagoas, o programa “Globo Esporte”, através do repórter Marcio Canuto trazia quase todos os dias imagens de um ponta esquerda baixinho (70 kg, altura 1,65 m), que jogava no Centro Sportivo Alagoano (CSA), chamado Jacozinho.
O repórter Márcio Canuto, da TV-Gazeta-AL, ficava forçando, em tom de gozação, sua entrada na Seleção Brasileira. Jacozinho engolia a corda, e com isso, ficou conhecido no Brasil. Jacozinho era uma figura folclórica, embora habilidoso e autor de bonitos gols que eram vistos quase todos os domingos no “Fantástico”. Por ser muito pobre, várias vezes foi flagrado indo treinar montado em um jumento. E gostava de comer rapadura. Como jacozinho trazia muita audiência a rede globo, sugeriram o nome de Jacozinho. no meio de tantos cobras. A emissora havia financiado a volta de Zico, todos tiveram que aceitar a idéia. E então, na noite de 12 de Julho em um Maracanã lotado lá estava o Flamengo contra a Seleção de Craques, com Jacozinho no banco de reservas.
O BOBO DA CORTE

Jacozinho
Quando o jogo começou foi uma festa: flores, placas de comemoração, coroas e muitos presentes. Mas a partida foi uma pelada, embora o Flamengo estivesse vencendo por 2 x 1. Nem Zico e nem Maradona estavam jogando bem. A torcida impaciente começou a gritar: "Jacozinho, Jacozinho", provando a audiência que a Globo possuía. Quando faltavam 20 minutos para acabar o jogo o técnico Menotti não teve outra alternativa e colocou Jacozinho para jogar. Quando ele apareceu no gramado a torcida entrou em delírio e esqueceu de Zico, do Flamengo e de Maradona. E na primeira bola que pegou no meio-campo Don Diego viu Jacozinho livre na esquerda e fez o lançamento. O baixinho ganhou na corrida do lateral Leandro, ficou de cara com o goleiro Cantarelle, deu-lhe um drible e mandou a bola para as redes. O país inteiro comentava de jacozinho. O único que não gostou do ocorrido foi Zico que ficou bastante contrariado com o gol de Jacozinho, e declarou no fim do jogo: "Infelizmente tem pessoas que querem aparecer mais que os homenageados", ou seja, a festa era para o rei, mas quem foi homenageado foi o bobo da corte.
A fama meteórica de Jacozinho foi homenageado por Fernando Collor de Mello, na época governador de Alagoas. O povo pedia para o Evaristo de Macedo (que era o técnico) me dar uma chance na seleção brasileira Givaldo Santos Vasconcelos, o “Jacozinho”, nasceu em 1956, na cidade de Gararu (SE). Ele tornou-se evangélico e comanda uma escolinha de futebol, núcleo do Vasco da Gama e como professor de Educação Física da Faculdade Batista. Mas ainda mantém o seu jeito folclórico e engraçado. No futebol viveu bons e maus momentos. Foi coroado rei em Alagoas e morou debaixo das arquibancadas no Maranhão.
Ele ganhou fama e algum dinheiro, mas esbanjou tudo com farras e mulheres. Ele garante que, no apogeu da fama, chegou a possuir um sitio, uma mansão de cinco quartos em Jequié, na Bahia, uma casa em Aracajú, um apartamento em Maceió e três carros. Perdeu tudo. Hoje, vive em casa alugada.
Agora está longe da mulherada, mas tem um projeto na cabeça: se tornar pastor e levar a palavra do evangelho para a China. Faz parte de um grupo de pagode evangélico que já gravou um CD.
Na sua longa carreira passou por 22 clubes: Vasco (SE), Sergipe (SE), CSA (AL), Jequié (BA), Galícia (BA), Lêonico (BA), Corinthians de Presidente Prudente (SP), ABC (RN), Baraúnas (RN), Nacional (AM), Santa Cruz (PE), Ypiranga (PE) fez teste no santos em 1983 e outros tantos clubes pelo Brasil.
Esta historia de dois jogadores de famílias parecidas e biótipos iguais, quem sabe com técnicas próximas, mas sem o investimento da tecnologia para Jacozinho, além do determinismo geográfico que diferenciava os brasis dentro do Brasil, jacozinho nordestino e Zico sudestino. A estrutura de clubes do sul com profissionais podem preparar jogadores emocionalmente para serem conduzidos como um produto de mercado e que devem estar sempre preparados a zelar para a sua imagem como embalagem.

A rede globo foi o principal instrumento de propaganda do período militar, ou seja, funcionando como quarto poder no contexto. Roberto Marinho se idealizava como Joseph Paul Goebbels (Ministro de propaganda de Hitler).

A COPA DO MUNDO DE 1978 NA ARGENTINA
A copa do mundo de 1978 na Argentina, mas parece um acerto de conta com a injusta decisão dos bastidores da copa e 1962, no jogo em que o Brasil enfrentou a Espanha e perdia por 1X0, o lance que até hoje se comenta em que o zagueiro da seleção brasileira Nilton Santos fez pênalti no atacante Collar, na grande área, o zagueiro brasileiro deu um salto a frente e levantou o braço, dando a entender que de fato fez a falta, mas fora de área, o juiz (peruano) foi na dele. Nesse jogo ate o momento do pênalti, o Brasil perdia por 1 a 0, para a Espanha, se o juiz marca a infração aos 25 minutos do segundo tempo, a historia seria outra. Amarildo marcou dois gols e definiu a partida. Garrincha foi o dono da copa que foi expulso contra o Chile. O Brasil que já não tinha Pelé, provavelmente o bi campeonato ficaria difícil, mas a política resolveria tudo, não foi preciso o primeiro Ministro Tancredo Neves pedir a suspensão da punição, o governo do Peru pediu que o juiz do jogo o peruano yamazaki retirasse a acusação, além do sumiço do bandeirinha uruguaio Esteban Marino que foi quem fez o alerta ao juiz. Portanto, no dia do julgamento o juiz afirmou que não viu a agressão de Garrincha. Resultado: Garrincha foi absolvido por 5 a 2, e poderia atuar na final. Garrincha entrou em campo contra os thecos. Brasil foi campeão.
A Argentina que vivia sob o mesmo regime militar empregado nas Américas, portanto para este país sede seria um dever e casa vencer a copa.
Os jogos se realizavam como cartas marcadas de um jogo de baralho, primeiro o Brasil estreou no dia 03/junho contra a Suécia com um empate de 1x1, mas que teve um lance curioso, no final do jogo o Brasil teve a seu favor um escanteio que foi cobrado por Zico, a bola entrou, mas o juiz Galês Clive Thomas terminou o jogo com a bola em percurso, no ar, entre o chute e a entrada da bola no gol. Então o gol não valeu. No dia 7 de junho, o Brasil sofreu para empatar  contra a Espanha em 0x0, sendo que o zagueiro Amaral tirou uma bola que já ia entrando.
Com um futebol fraco, os bastidores ou os porões políticos da ditadura exige a saída de alguns jogadores, e o Almirante Heleno Nunez, presidente da CBD, resolveu intervir e determinou que o técnico Claudio Coutinho escalasse Jorge Mendonça (Palmeiras),  retirasse o zagueiro Edinho do Fluminense que jogava improvisado na lateral esquerda e entrasse Rodrigues Neto do Botafogo, além de Roberto Dinamite do Vasco da Gama, no lugar do centro avante Reinaldo.
Reinaldo um dos maiores centro avante com presença de área que o mundo já teve, mas se notabilizou mais por comemorar seus gols com o braço erguido e punho cerrado, sua marca registrada - uma forma de protesto contra a ditadura militar, que viria a dificultar sua trajetória na seleção. Suas comemorações lembravam o grupo marxista americano “Panteras Negras”, símbolos de movimento radical em defesa dos direitos dos negros nos anos de 1960, além deste jogador ser fotografado com livro de Lênin. Isso era uma incontinência contra a ditadura. Apesar de que Reinaldo vinha de uma cirurgia do joelho o que não o deixava em boa forma, mas o ambiente não o deixava bem, pois é claro que este sabia da decisão sobre o fim da copa. E Roberto Dinamite como um predestinado entrou logo fazendo gols que criaram expectativa, como o gol salvador contra a Áustria. Mas o destino manifesto da copa do mundo na Argentina já tinha seu desfecho. Então o Brasil caiu na chave de argentina, Polônia  e Peru. No dia 14 de junho a seleção enfiou de 3X0 contra o Peru e no dia 18 enfrentou a argentina com um 0X0, depois de ter perdido vários gols. Então a definição da vaga seria na ultima rodada. Brasil X Polônia – Argentina X Peru. A decisão seria no saldo de gols. E ai que se desmascarava o destino da copa: o Brasil faria o primeiro jogo as 16h45 do dia 21 de junho e a Argentina faria o segundo jogo as 19h15, já sabendo do resultado e quantos gols deveriam fazer. O futebol de fato era o instrumento de afirmação de poder nacional dos países sob regime militar. Para os generais argentinos ganhar a copa deveria ser um dever e os meios não seriam problemas.
A argentina tinha retornado ao regime autoritário militar dois anos antes da copa de 1978. O general e presidente Jorge Videla deflagrou tão ou por que no Brasil. Só em 1978, 20 mil pessoas haviam desaparecidas em conseqüência da repressão. A imprensa não podia noticiar que os Us$70 milhões de gastos  chegaram a 700 milhões justificados com a corrupção. A mais política das copas chamada por jornalista da revista VEJA, a cada triunfo da seleção argentina era um orgasmo de satisfação para Videla que era aplaudido pelo povo, não interessava o resto. O mais ingênuo da imprensa não pensaria na não vitoria da Argentina, pois se menos pensava era a vitoria no campo da Argentina. O Brasil fez 3 a 1 na Polônia, então a Argentina tinha que vencer por 4 gols de diferença o Peru que ate aquele momento tinha feito uma campanha boa. Mas, mas na segunda fase perdeu para o Brasil e Polônia. Chegou a hora do jogo o Peru que tinha levado seis gols em todo campeonato, mas para “surpresa”, o “Milagre de Rosário”, levou seis só neste jogo contra a Argentina. Várias foram às explicações para justificar este teatro, mas ate agora só conseguiram arranjar um, que seria o mais fácil para jogar a culpa, o goleiro Quiroga do Peru que era naturalizado peruano, mas de nacionalidade argentino, então foi assim, foi o amor nacionalista de Quiroga, que não resistiu aos pedidos dos hermanos. Os generais brasileiros, argentinos e peruano, “jamais” se envolveram nessa trama. Afinal, alguém tinha que lavar a honra dos organizadores da FIFA. Então a mesma moeda usada na copa de 1962, foi também usada em 1982, e o mediador foi de novo um peruano.

REINALDO
 
Reinaldo era considerado um jogador com um nível cultural e de informação muito superior ao que encontrávamos no futebol brasileiro nas décadas de 60’s e 70’s. Reinaldo fez amizades além do futebol. Transitava entre os artistas da MPB. Era amigo de João Bosco, Chico Buarque, Fernado Brant, Fagner entre outros.
Reinaldo declarou sobre a política: "Nos somos ídolos, e existem dois tipos de ídolos, os primeiros são usados para trazer alegria e esquecer os problemas. O segundo tipo de ídolo é usado para alertar o povo e conduzi-lo (o povo) a uma sociedade melhor.  Nós jogadores de futebol infelizmente estamos no primeiro tipo de ídolos. Eu particularmente, gostaria de estar no segundo tipo de ídolo."
FRASES DE REINALDO:
"Eu comemorava os gols com o punho cerrado porque era um gesto socialista, revolucionário . (2001)"
Marca registrada de suas comemorações: Punho cerrado e erguido. Era um protesto contra a ditadura militar. Reinaldo, apoiava o regime cubano e lia Lenin. Atitudes pouco simpáticas ao regime ditatorial militar brasileiro.
Reinaldo seria um dos primeiros jogadores a reagir contra a ditadura militar e que logo em seguida veio a participação de Sócrates. 

Se há alguma duvida da importância do futebol para a política, alem de afirmação de poder nacional de regimes ditatorial. Para os generais argentinos ganhar a copa em casa era um dever cívico, cujos cumprimentos se dariam forma que fosse necessário, ou seja, nos bastidores. Os gastos ou subornos com a copa dos generais, questionados pela imprensa foram aplausos do povo para Videla.
O grande projeto de transformar o Brasil em grande potência sucumbiu, quem sabe a intenção era essa, mas os métodos autoritários não foram aceito. O processo que levaria o país ao primeiro mundo não tinha legitimidade política. As pressões de movimentos sociais limavam as forças da ditadura, Figueredo, redesenhava discursos adaptáveis a realidades, a ditadura estava minguando, as anciãs de liberdades democráticas comove a apatia brasileira e geram movimentos ate mesmos em locais intocáveis como o futebol. Em 13 de outubro de 1978, o AI5 foi revogado. Em agosto de 1979, o congresso provou a lei de anistia que permitia o retorno de exilados políticos, além dos torturadores, mas intervil nos sindicatos do ABC paulista, instituiu o pluripartidarismo, estratégia para fragmentar a oposição, o que aconteceu.
 O ESPIRITO DA CABANAGEM NO CORINTHIANS
O retorno a democracia foi lenta, mas houve reação da estrema direita, como no atentado do Riocentro, no dia 1 º de maio onde acontecia um festival musical em 1981. Ataque falhou e a bomba explodiu no carro dos terroristas, um capitão e um sargento, apesar de tentarem encobrir a participação de militares, linha dura tentou jogar a responsabilidade na esquerda, mas tudo foi esclarecido. Apesar de vista grossa do governo.
Em 1982, foi reaberta a eleição para governador, o surgimento do partido dos trabalhadores (PT) em outubro e 1979, a partir de movimento sindical liderado por Lula. Apesar do momento de instabilidade econômica, mas o Brasil transita para a democracia e esse evento vai ser verificado na forma prática no time que justamente nasceu das massas operárias no inicio do XX, o Corinthians.
Estádio Parque São Jorge, Ágora, Sócrates e Filósofo Sócrates grego

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o seu nome, escolhido por seus pais Raimundo e Guiomar. Ele, cearense de Messejana, bairro de Fortaleza e ela, de Peixe-Boi, interior do estado do Pará. Nasceu em 19 de fevereiro de l954, na Santa Casa de Misericórdia de Belém do Pará. Os nomes de seus dois irmãos, Sóstenes e Sófocles, foram escolhidos pelo seu pai que sempre gostou e ler livros clássicos como a República de Platão, e que resolveu batizá-los com esses nomes, adicionando “Brasileiro”.
Em l960, toda a família mudou-se para Ribeirão Preto, São Paulo. Sócrates brincava de futebol com seus amigos no espaços públicos, como a frente da igreja São José, sempre perseguida pelos padres. Começou a jogar no “Raio de Ouro”, time amador de sua cidade, aos 11 anos de idade e na equipe do Colégio Marista, onde se sagrou campeão infantil da cidade em l967, aos 13 anos, seu primeiro título. Em 1970, aos 16 anos, cursava o terceiro colegial e fazia preparatório para ingressar na Faculdade de Medicina, seu grande sonho. O treinador da equipe do colégio se transferiu para os juvenis do Botafogo e convidou quatro ou cinco dos alunos para acompanhá-lo, incluindo ele. O Botafogo dividia com o Santos de Pelé, a hegemonia em seu coração. Só aceitava ser negociado com outro clube após a sua formação em medicina. Sócrates tinha um espírito libertário, pois se declarava amante do futebol, mas gostava também de uma cervejinha e uma viola, pois corria na sua veia sangue “cabano” (movimento revolucionário de vários grupos sociais na província do Grão Pará, contra as espoliações da aristocracia que explorava a força de trabalho de negros, tapuios escravos, libertos, trabalhadores e pequenos comerciantes no início da década do século XIX).
Foi Vicente Matheus quem o transferiu para o Corinthians, time onde se sagrou campeão paulista em 1979, 1982 e l983. Em 1982, foi considerado um dos melhores jogadores do mundo pela FIFA. Sócrates participou de duas Copas do Mundo, l982 e l986. Participou do Projeto Democracia Corintiana, que tinha como bandeira de luta a inclusão dos jogadores na tomada das decisões pelas diretorias dos clubes. A decisão de se transferir para a Itália começou a ser tomada quando ocorreu a votação da emenda constitucional Dante de Oliveira que dispunha sobre eleições diretas no Brasil. Quando soube do resultado, chorou de raiva, de indignação e resolveu aceitar o convite de Florença. Em 1984, ficou pouco tempo na Itália por desconfiar do envolvimento de alguns colegas de clube com apostas e manipulações de jogos. De volta ao Brasil, atuou no Flamengo e Santos e encerrou sua carreira no time que iniciou o Botafogo de Ribeirão Preto.
O paraense Sócrates era o símbolo da democracia corintiana, Foi o responsável pela negação do futebol ao regime militar. Com essa imagem Sócrates despertou o encantamento do futebol brasileiro para um futebol alegre, solto artístico, longe de formulas exatas com ferrolhos defensivos que contaminara os dirigentes de clubes com o futebol desde a copa de 1970, além de ser a negação da tecnocracia que levara o Brasil ao desastre da dívida externa. A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concedeu medalha de Tiradentes a Sócrates, no dia 22 de maio de 2001, pela Deputada Heloneida Studart.
ADILSON MONTEIRO ALVES (São Paulo, SP, 26/12/1946) Sociólogo, industrial, ex-dirigente da UEE e da UNE, foi dirigente da Executiva do PMDB-SP e da Federação Paulista de Futebol. Criador da Democracia Corintiana, foi o responsável pela colocação do esporte na luta pela redemocratização do País. Deputado estadual pelo PMDB em duas legislaturas (1987/1991 e 1991/1995). Presidiu as Comissões de Esporte e Turismo e de Redação, da qual também foi vice-presidente. Ocupou ainda a vice-presidência da Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia. Foi secretário de Estado de Cultura (1991/1993), no governo Fleury. Foi eleito para a Constituinte com 57.800 votos, com concentração maior de seus votos em São Paulo. Participou como membro efetivo da Comissão da Ordem Econômica e Social e como suplente da Comissão de Sistematização da Constituinte
No início da década de 1980, o Brasil passava por um período de abertura política após quase duas décadas de ditadura. Na mesma época, os principais jogadores do Corinthians estavam insatisfeitos com as condições de trabalho no clube e tiveram a oportunidade de mudar o que acreditavam estar errado. Poucos momentos de nossa história pareciam tão adequados para romper com a estrutura conservadora e arcaica de nosso futebol. Em meio a Ditadura Militar, um grupo de jogadores ousou romper a barreira. Estava criada a Democracia Corintiana. E os frutos logo foram colhidos. Em 12 de dezembro, diante do São Paulo e de um público de 66 mil pagantes, o Timão definiu o placar por 3 a 1. O primeiro título da era democrática ia para o Parque São Jorge.
Em 1981 o Corinthians termina o campeonato brasileiro em 26ª posição, o resultado disso foi à saída do presidente Vicente Matheus que permanecia desde 1972 de marca autoritária, assumiu no seu lugar o empresário Waldemar Pires, escolhendo como diretor de futebol o sociólogo Adilson Monteiro Alves, além de coincidir com jogadores que tinham visões libertárias, inclusive com a importância dos clubes de futebol para a política que tanto serviu, principalmente ao regime militar. Os jogadores propuseram um novo modelo de gestão, em que todos deveriam ter direito a voto: jogadores, comissão técnica e dirigentes, em relação ao time e na contratação de jogadores.
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, por coincidência o responsável principal não tinha nome de jogador de futebol, mas de filosofo grego. Nem tipo físico ele tinha: era alto, desengonçado, magro demais para um esporte tão viril. Era boêmio, mulherengo, bebia, fumava e freqüentava todas as rodas de samba de São Paulo. Não lia o caderno de esporte dos jornais; preferia o de política. Era estudante de Medicina, filiado ao PT (que acabara de ser fundado) e não gostava de treinos e concentrações. Talvez por isso, introduziu a filosofia política ao futebol, como diz a canção de Zé Miguel Wisnick, feita em sua homenagem. “Sócrates Brasileiro”: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira /Deu um pique filosófico ao nosso futebol/ O sol caiu sobre a grama e se partiu/ Em cacos de cristais/ As cores vestiram os nomes/ E fez-se a luta entre os homens /Até os apitos finais/ (Disseram os deuses imortais)/ A história não esquece que a bola se negou mas chorou nosso gol/ E vai se lembrar para sempre da beleza que nada derrotou Mas quem será que diz que venceu/ No país em que o ouro se ganhou e perdeu/ (Derreteu)/ O futebol é a quadratura do circo/ É o biscoito fino que fabrico/ É o pão e o rito o gozo o grito o gol/ Salve aquele que desempenhou/ E entre a anemia a esperança/ A loteria e o leite das crianças/ Se jogou/ Com destino e elegância dançarino pensador/ Sócio da filosofia da cerveja e do suor/ Ao tocar de calcanhar o nosso fraco a nossa dor/ Viu um lance no vazio herói civilizador/ (O Doutor)
Sócrates tinha um passe refinado só tocava a bola de primeira. Assim, chegou à Seleção Brasileira, como capitão do time. Teve participações brilhantes em duas Copas do Mundo, 1982 e 1986. Tinha uma visão de jogo acima da média, dificilmente errava um passe, principalmente de calcanhar Sua maior contribuição para a história do futebol brasileiro, porém, não diz respeito apenas ao que ele fez dentro de campo, mas também ao que incitou fora dele.
Sócrates tornou-se o maior pensador do futebol brasileiro, ao liderar o movimento conhecido como Democracia Corintiana, que mudaria para sempre a história do clube paulistano e a própria história de vida dos jogadores envolvidos e dos clubes que não passavam de lojas de conveniência política. Fizeram-no uma geração de craques que não se limitou apenas a jogar bola, mas que pensou o futebol além das quatro linhas do gramado. Com “Doutor” Sócrates (um meia-direita cabano), Wladimir (lateral-esquerdo comunista) e Casagrande (centroavante que gostava de rock e teatro), o futebol extrapolou os limites esportivos e assumiu aspectos políticos, sociais e culturais.
A Democracia Corintiana foi à aplicação no futebol de uma espécie de autogestão, que resultou nos títulos paulistas de 1982 e 1983 para o Corinthians. Depois de forte pressão política exercida pelos atletas – que culminou na queda do presidente Vicente Matheus, folclórico “ditador” corintiano –, jogadores, comissão técnica e diretoria passaram a decidir, no voto, tudo o que fosse de interesse para o clube: contratações, demissões, escalação da equipe, data e local de concentração e outras coisas que, antes, cabiam somente aos cartolas. Tudo era resolvido no voto.
A PROPAGANDA NA CAMISA
O Corinthians é o primeiro clube brasileiro a usar a camisa do time com fins publicitários. O publicitário Washington Olivetto, criador do termo “Democracia Corintiana”, deu a dica e, ao invés de logotipos de empresas, o time passou a entrar em campo estampando frases de cunho político nas costas: “Democracia Já”, “Quero votar para Presidente”, e exibiram a inscrição “no dia 15 vote”. As camisas foram usadas como outdoor das campanhas de abertura política, as vésperas da eleição de novembro de 1982. Outras palavras de ordem causaram constrangimento e preocupação na cúpula militar que governava o país. No auge do movimento, o brigadeiro Jerônimo Bastos, presidente do Conselho Nacional de Desportos (CND), chamou o presidente do clube e avisou: “Vocês não podem mais usar esse espaço para fins políticos; caso continuem, vamos engrossar o caldo, vamos intervir no clube”.
As mensagens usadas pelo Corinthians depois passaram para publicidade que era proibida ate 1982, apesar de contrário as pesquisas popular de não aceitar marcas nas camisas a não ser escudo, mas devido a crise, a publicidade foi uma saída dos clubes. O Bento Gonçalves (RS) foi o primeiro clube brasileiro a estampar publicidade na camisa de uma fabrica de moveis. O Flamengo foi o primeiro clube de expressão a aderir com a Petrobras. O Corinthians usaria a marca Bombril nas costas, no final do campeonato paulista e1982, em dezembro contra o são Paulo que usou a marca COFAP. Em 1987 a Coca Cola em 12 dos 16 times que participavam a copa União cm exceção e Corinthians, São Paulo, Flamengo e o Internacional que tinham as suas marcas.
É justamente nesse clima de abertura que Sócrates, Casagrande, Wladimir e outros menos lembrados, como Zenon, Biro-Biro (rotulado, injustamente, como reacionário e contrário ao movimento) e Luís Fernando, além do diretor de futebol Adilson Monteiro Alves (que era sociólogo) radicalizam dentro do Corínthians, num levante que ganhou adesão popular e chegou a promover o lateral-direito Zé Maria a técnico do time, em 1983. Diante deste fato, inédito no esporte mundial, o Jornal da Tarde estampou a manchete: “Os jogadores chegam ao poder”, reconhecendo a autoridade da Democracia.
Mas, no começo, a convivência entre jogadores e imprensa não foi das melhores, como lembra Sócrates em uma passagem do livro: “Durante a Democracia Corintiana, existiu um processo ideológico por parte dos veículos de comunicação mais conservadores a fim de caracterizar ou rotular nosso movimento como um sistema frágil perante a opinião pública. Alguns sentiam a necessidade de fazer isso, até porque a Democracia Corintiana passou a ter um peso na história do país, no processo de democratização pelo qual passava o Brasil”.
A Democracia começa a morrer quando Sócrates deixa o Corinthians para jogar na Fiorentina, na Itália. Sua ida, porém, não atende à interesses financeiros ou pessoais. Um mês antes de a emenda das eleições diretas para presidente ser votada na Câmara, o jogador corintiano, no palanque dos artistas, intelectuais e políticos que pediam “Diretas Já”, declara publicamente que, se a emenda não fosse aprovada pelo Congresso Nacional, ele deixaria o Brasil.
Em 1984, a emenda é reprovada, o brasileiro continua proibido de eleger seus principais mandatário, e Sócrates deixa o Brasil, cumprindo a promessa. Sem sua maior liderança, a Democracia fica enfraquecida. Mesmo com os esforços dos companheiros incumbidos de levar adiante o sonho da Democracia, a utopia corintiana chega ao fim. A venda do rebelde Casagrande para o rival São Paulo representa o segundo grande baque para o movimento e a sua derrocada.
E, infelizmente para o Corinthians e para o futebol, Roberto Pasqua, ligado a Vicente Matheus, derrota Adilson Monteiro Alves no pleito de 1º de abril de 1985 por pequena diferença de votos, assumindo a direção de futebol do clube sob denúncias de fraude e compra de votos. A derrota eleitoral da Democracia enfurece os torcedores, que precisaram ser contidos pela Polícia Militar na porta do ginásio de apuração. A nova diretoria precisa ser escoltada para sair do estádio. O terreno estava preparado para a volta de Vicente Matheus, o “eterno” presidente do Corinthians.
O livro de Gozzi e Sócrates “Democracia Corintiana”, revela que durante a Democracia, todas as dívidas do clube foram pagas e ainda foram deixados US$ 3 milhões em caixa. Dois anos depois, já sob a diretoria conservadora, o Corinthians estava financeiramente quebrado e sem os seus principais craques, vendidos para quitar dívidas. Antes que 1985 chegasse ao fim, o Corinthians voltava a ser um time como todos os outros.
Porém, aos que acham que a experiência fracassou, os atletas que dela participaram mandam seus recados. Em jornais da época, é possível encontrar entrevistas significativas com jogadores cujas personalidades foram profundamente influenciadas pela Democracia. Pequenas frases, recolhidas em depoimentos de Sócrates, Wladimir, Casagrande, Biro-Biro, Juninho e outros, denotam a grande contribuição histórica do movimento: “Costumo dizer que a minha vida divide-se em duas fases: antes e depois da Democracia Corintiana” – Wladimir; “Se não fosse a Democracia Corintiana, eu teria tomado muita porrada na vida; “Não sei dizer o que teria sido a minha carreira e a minha vida sem a Democracia; Eu poderia ter virado um drogado, um bandido” – Casagrande; “Muitos de nós engajaram-se no exercício da cidadania, filiaram-se a partidos políticos e trabalharam ativamente em causas sociais” – Luís Fernando.
“Éramos unidos. Íamos juntos ao cinema, ao teatro e depois sentávamos para tomar um chope e conversar sobre o que tínhamos acabado de assistir” – Sócrates; “A verdade é que, em tudo o que é feito com consciência e dedicação, você obtém realização pessoal. Não era apenas por dinheiro. Jogávamos com enorme prazer, sobretudo porque sabíamos que estávamos contribuindo, de alguma forma, para a redemocratização do país” – Wladimir; “Todos nós viramos ídolos de políticos, artistas e intelectuais; recebíamos cartas de apoio vindas do mundo inteiro e isso fez com que começássemos a nos cobrar mais leitura sobre a realidade social e política do país; líamos muito, líamos até nos intervalos dos treinos” – Casagrande; “A Democracia me fez aprender a respeitar a diferença, mas jamais aceitar a desigualdade” – Biro-Biro; “Depois de ter passado pela Democracia Corintiana, nunca mais tive medo de falar a verdade, de defender o que acredito, sem me preocupar em agradar a quem quer que seja” – Juninho.
Sócrates, no capitulo final analisa as conquistas irreversíveis da Democracia: “Conseguimos provar ao público que qualquer sociedade pode e deve ser igualitária. Que podemos abrir mão dos nossos poderes e privilégios em prol do bem comum. Que devemos estimular a que todos se reconheçam e que possam participar ativamente dos desígnios de suas vidas. Que a opressão não é imbatível. Que a união é fundamental para ultrapassar obstáculos indigestos. Que uma comunidade só frutifica se respeitar a vontade da maioria de seus integrantes. Que é possível se dar as mãos”.
O DESTINO MANIFESTO DA DEMOCRACIA CORINTIANA
O Destino manifesto da democracia Corintiana seria a utopia de um Estado brasileiro para um povo com direitos deveres já mais alcançado, mas foi o germe das contradições de dirigentes de clubes que transformavam o futebol em conluio com o regime autoritário militar que anestesiava os problemas do Brasil resultando a empatia popular.
Uma ideologia dominante se apropriava dos direitos fundamentais do povo para se perpetuar na esfera do poder estatal. Então o futebol agia como um aparelho ideológico de controle de massa bastava apresentar o espetáculo para neutralizar as manifestações naturais de reflexos das necessidades fisiológicas de um ser humano, como liberdade, justiça, alimentos, água e trabalho. Como resume a música “Agente não quer só comida” do grupo titãs: bebida é água./comida é pasto./ você tem sede de que?/ você tem fome de que?/a gente não quer só comida /a gente quer comida, diversão e arte./...,/a gente quer saída para qualquer parte./... /a gente quer a vida como a vida quer./...,/ a gente quer comer e quer fazer amor./ a gente não quer só comer,/ a gente quer prazer pra aliviar a dor./ a gente não quer só dinheiro,/a gente quer dinheiro e felicidade./
Então os jogadores corintianos acreditavam que com seus gestos e atitudes, seriam capazes de conduzir a sociedade a uma democracia participativa, pois tinham consciência do poder de mídia que um clube com o status do Corinthians, além do conhecimento das origens desse clube que nasceu com o engajamento social, portanto poderia alcançar e despertar a “massa popular” que vivia fascinada com o futebol.
Os defensores do Destino Manifesto da democracia corintiana acreditaram que a expansão não só era boa, mas também era óbvia ("manifesto") e inevitável ("destino"). Para combater a propaganda política do verde oliva. A democracia corintiana se tornou um fenômeno histórico de resistência, usado como um sinônimo de expansão e combate a ideologia arrogante no território brasileiro, o começo seria pelo Corinthians e se propagando aos demais clubes, e por fim ganhar corações de todos os torcedores para que reconhecessem que o importante não era só vencer no futebol, mas participar da vida política nacional.
E de fato este êxito se processa conforme a musica do Corinthians: Salve o Corinthians/ O campeão dos campeões/ Eternamente/ Dentro dos nossos corações/ Salve o Corinthians/ De tradições e glórias mil/ Tu és o orgulho/ Dos desportistas do Brasil/ Teu passado é uma bandeira/ Teu presente, uma lição/ Figuras entre os primeiros/ Do nosso esporte bretão/ Corinthians grande/ Sempre altaneiro/ És do Brasil/ O clube mais brasileiro/.
Este clube se eternizou, pelo orgulho do passado na sua criação que tinha a função social de incluir o operariado, combatendo a arrogância de clubes aristocráticos, portanto essa bandeira já mais deixou de ser levantada pela lição do teu presente com a democracia Corintiana, do esporte inglês se herdou o sentimento de futebol da massa popular que teve que ser adotada pelas escolas públicas, será sempre elevado pela audácia de defender com ousadia e perspicácia os interesses do Brasil contra o capital internacional que definhava a economia sob as ordens do verde oliva.
O jogador gênio e filósofo dentro e fora de campo. Ídolo, líder e símbolo de uma geração Corintiana. Sócrates imortalizou no futebol o direito de não só ser jogador. Este jogador transcende os limites do futebol de um gênio das quatro linhas, mas com a capacidade de colocar sua própria ideologia em um clube e mudá-lo. O jogador que se envolveu em movimentos fora e dentro do campo visando a mudança mais do que necessária em seu país. Um jogador de futebol com a responsabilidade do nome do maior filósofo da Ágora da Grécia ateniense para os estádios de futebol brasileiro transformando-os em praças públicas, onde se debatiam assuntos ligados à vida do país, temas ligados a justiça, obras públicas, leis, cultura, política, economia, religião e etc.
Na Copa de 1982, seria não apenas uma das estrelas do mágico meio de campo do Brasil que encantou o mundo ao lado de Zico, Falcão e Toninho Cerezo, que foi eliminada pela Itália. Em 1986 na Copa do México, novamente seria eliminado em uma disputa de pênaltis contra a França, no qual perdeu um dos pênaltis. Os deuses gregos não lhe reservaram o direito de ser campeão do mundo, por que a sua obstinação seria outra como a própria frase diz: “ser campeão é detalhe, democracia Corinthiana.
Sua frieza em campo contrastava com a personalidade fortíssima fora dele. Sócrates era a contradição do jogador de biótipo forte, como na maioria dos jogadores contemporâneas, com exceção de Casagrande, por isso, levava a fama de um atleta "boêmio", algumas vezes até debochado. Bebia, fumava, não ia bem em testes físicos, mas nunca deixou de ser um jogador genial. 

Sócrates um intelectual que sabia dos bastidores da cartolagem do futebol com o mundo político, portanto o seu estilo tinha mensagem de advertência tanto para a sociedade como para a comunidade de dirigentes de futebol e políticos, então esse segundo grupo sabendo do seu potencial se faziam de desentendidos para impedir justamente o que Sócrates queria. Em fim, Sócrates se comportava como se fosse e deveria, “sério” para esse meio. É só lembrar-se do tratamento que dispensaram ao técnico João Saldanha na copa de 1970, que foi substituído por Zagalo, pelo fato de ter sido um simpatizante do PCB; e Reinaldo na copa de 1978, o presidente da CBD Almirante Heleno Nunes, lhe saca do time, devido a maneira de comemorar seus gols, com o punho esquerdo erguido, em um gesto que lembrava os militantes negros do movimento dos “Panteras Negras” dos Estados Unidos. Por este gesto e por suas posições políticas independentes, Reinaldo era visto com desconfiança pelos representantes da ditadura militar, o que dificultou sua trajetória na Seleção. Sócrates comemorava os gols com o mesmo gesto de Reinaldo
O simbolismo do punho cerrado está também relacionado com a luta e desafio ao poder. Também representa a união, o facto de que muitos dedos débis juntos podem formar um punho forte e sempre terá uma conotação com a esquerda. É símbolo da força do proletariado como defendem os comunistas. É símbolo integrante da bandeira do Partido Socialista.
Outro jogador que tinha este gesto de comemorar um gol com punho cerrado e soqueando o ar enquanto saltava, era Pelé. Provavelmente muitas dessas comemorações são expressões livres de atletas, mas que viram marcas que se eternizam. A comemoração era a expressão da vitória e da alegria. Mais que isso: o gesto indicava superação, raça, envolvimento, atitude. Quantos torcedores não choraram com esta comemoração. Algumas atitudes explosivas são reflexos inatos do subconsciente que esta intrinsecamente ligada a relações externas deste atleta que no momento de estase do gol comemora como um desabafo, liberando toda a sua carga de mágoa de energia negativa que sobrecarregava este atleta ou por fatores exógenos.
Pelé aparece em um momento que os jogadores negros estavam sendo responsabilizados pelo fracasso na copa de 1950. Pela participação de negros como o goleiro Barbosa bigode e Juvenal, responsabilizados pela derrota, a derrota não era só do futebol, mas da mulatice freyriana. Mario Filho como outros direcionavam que esses nossos mulatos não honrarão (...), e o debate foi: “botaram mais pretos e mulatos do que brancos na seleção”. pois o negro despertava sentimentos que explica o sucesso e o fracasso do Brasil e a copa e 1950, foi a prova disso.
FRASES SOBRE SÓCRATES:
 - Ele joga de costas (pro gol) o que muitos não jogam de frente. - Pelé  
- Quando discutíamos no vestiário do Corinthians. Nunca ninguém chegava a nenhuma conclusão, mas quando o Sócrates abria a boca, todos ouviam e concordavam. - Solito, goleiro do Corinthians campeão Paulista de 82.
LEÃO

O jogador Emerson Leão que jogava no Grêmio foi contratado em 1983 pelo Corinthians que tinha acabado de ser campeão paulista em 1982 na época da democracia corintiana, faz declaração que não concordava com as posturas dos jogadores. A entrevista foi realizada pela UOL Esporte. A Uol inicia perguntando a Leão se no tempo como jogador, como foi trabalhar no Corinthians da famosa democracia, Leão, responde  que não considerava democracia, mas sim anarquia.
O Corinthians nunca teve um goleiro de nome e ele chegou marcar presença na história do clube. Inventou a camisa e as meias listradas, tudo com as cores do time. Treinou demasiadamente, ate ficar em forma. Afirma que tinha alguns atletas que participavam de uma panela com o diretor Adílson (Monteiro Alves), e tinha uma “frescurada” de psicólogo. E que não fazia parte daquilo. Só Treinava e ia para casa. Não gostava da noite, não bebia, não se metia em política. E não sabia onde estava a democracia dos jogadores! Só via cara bebendo na sala do treinador, outro dormindo na maca porque tinha ficado na farra na noite anterior e treinando bêbado. E percebeu que tinha dia que o treino estava marcado para 8 horas da manhã. Mas era desmarcado para tarde, devido a uma festa na noite anterior.
Foi-lhe perguntado quem comandava a panela, Leão se sente pressionado e resmunga que o entrevistador quer saber demais. Mesmo assim, responde que eram os caras da democracia, comandada pelo Adílson, que era o diretor naquela época. E que depois virou secretario da cultura. E se surpreende, achando “incrível”.
Leão foi perguntado se sentia injustiçado por não seguir os líderes  respondeu Que não era capacho para fazer parte do bolo, pois seguia a sua própria conduta, e que não gosta de ser chamado atenção, mas se cometer algum deslize, aceita ser punido, ate ser mandado embora. Para evitar esse agravo, sempre fez o máximo: chegava cedo, treinava, trabalhava e ganhava os jogos.
Leão recorda que eram felizes. Mas sem precisar ir em  festinhas, beber, fumar, e nem ser político. Só precisava jogar futebol, era isso que o torcedor queria. Portanto ele jogava, trabalhava muito. E lembra lamentado que seu joelho doente é reflexo desse esforço de trabalho.
Emerson Leão nasceu no dia 11 de julho de 1949 em Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. Iniciou sua carreira em 1967, no Comercial. Em 1968, se transferiu para o Palmeiras, onde ficou por 10 anos. No clube da capital paulista, o goleiro também conseguiu ser convocado para a seleção brasileira, disputando três copas. Após sair do time alviverde, Leão jogou em outros grandes times, encerrando a carreira em 1987 no Sport. Foi treinador de vários times, inclusive da seleção brasileira em curta duração.
Emerson Leão sempre esteve envolvido em polêmicas de violência no futebol, com uma postura que se confunde entre autoridade e autoritarismo, quem sabe pela sua própria personalidade forte, inato a seus caracteres endógenos. Mas que não se pode negar uma carga de valores adquiridos quando jogava futebol no período da ditadura. Relembraremos alguns casos em que Leão se envolveu em escândalos. No jogo do Goiás são indiciados por agressão Técnico e atletas podem pegar até 2 anos de pena por confusão com radialista baiano após empate por 2 a 2 com o Vitória
 O técnico Emerson Leão e os jogadores Marcão, Rafael Moura e Romerito foram indiciados e serão julgados em processo criminal pelo crime de agressão corporal leve ao radialista Roque Santos. Após o empate do Goiás por 2 a 2 com o Vitória, no Estádio do Barradão, em Salvador, Leão e os jogadores prestaram depoimento na 10ª DP (delegacia de Pau da Lima, em Salvador) e depois seguiram para o Instituto Médico Legal (IML) para serem identificados. Os quatro alegaram que foram agredidos pelo jornalista, que também foi levado ao IML para realizar exame de corpo de delito. A pena prevista é de até dois anos e poderá ser cumprida com pena alternativa, como prestação de serviços. O jornalista também poderá pedir indenização por danos morais. A confusão começou após o apito final do árbitro carioca Péricles Pegado Cortez. Leão foi falar com o juiz e o repórter acompanhou o treinador, tentando captar o áudio da conversa com o microfone. O técnico empurrou, então, o radialista. A comissão técnica e jogadores do Goiás tiraram Leão do local, mas depois Rafael Moura correu atrás de Santos e, por trás, deu um soco no radialista, que foi derrubado. Romerito e Marcão, teriam aproveitado para também agredir Santos, dando chutes.
Há outros momentos de desequilíbrio envolvendo o Leão: Em 1974 deu um soco em Marinho Chagas, no vestiário após o jogo em que o Brasil foi eliminado pela Polônia. Em 1978 no jogo Palmeiras e Guarani, após ser expulso por dar uma cotovelada em Careca o então, goleiro Leão disse não ter feito nada. Em 1983 deu uma cotovelada em Serginho Chulapa. Descontando uma pisão na cabeça que tomou do atacante dois anos antes. Em 1997 fraturou o rosto em briga na final da Conmebol contra o Lanús, na Argentina. Em 2002, foi atingido com spray de pimenta por policiais quando dirigia o Santos diante do Paysandu.  Em 2006 o já técnico Leão foi acusado de agredir também um repórter com um soco e outra cotovelada. Também em 2006 chamou Milton Neves Enfim pro Pau.
AS RIGENS DO CORINTHIANS
No bairro de Bom Retiro que tinha com perfil de moradores imigrantes de varias parte da Europa: italianos, espanhóis, portugueses, alemães e poloneses que vieram para trabalhar na lavoura do interior paulista. O bairro também tinha grande movimentação de estudantes. Foi neste ambiente em 1910 que foi fundado o Corinthians, foi neste ano que aconteceu a primeira eleição para presidente da república entre o Marechal Hermes da Fonseca, apoiado por Rio Grande do sul, minas e os militares. Os paulistas apoiaram Rui Barbosa que se identificava com os ideais democráticos e voto secreto, Rui, liderou a campanha “civilista” contra o militar Hermes, era considerado pela intelectualidade da época como o símbolo da luta contra o atraso rural e oligárquico. A vitória de Hermes foi uma decepção para o restrito grupo, mas o sistema eleitoral comprovou que era viciado e desconsiderava a massa de trabalhadores que se formava nas cidades.
Os fundadores do Corinthians vinham desses grupos, um desses foram o pintor Antônio Pereira, Joaquim Ambrosio, Carlos da Silva, Rafael Perrone e Anselmo Correa. Nesse ano de 1910, passava pelo Brasil o time inglês Corinthians que apesar de amador aplicava goleadas nos times brasileiros burgueses, e por isso, escolheram este nome “Corinthians”, o time do “povo” ou dos “operários”.outro clube com as mesmas características do Corinthians era o The Bangu athetic Club, fundado em 1904, e eram trabalhadores da fabrica de tecidos Companhia Progresso Industrial, que entravam no jogo pela falta de atletas, por isso tinham privilégios de menor carga horária de trabalho, e posteriormente foi se transformando como regra de pagamento profissional o Corinthians e o Bangu, representou o inicio a abertura democrática do futebol para a massa, e meio de ganha pão. O rompimento do futebol aristocrático para o operariado era uma ruptura no esporte brasileiro.
Clubes se formaram por demandas de comunidades, como no caso do Palestra Itália, atual palmeiras (1914), maior comunidade estrangeira na época, pois havia times de portugueses, alemães, ingleses, católicos e protestantes.
A copa do mundo de 1982 foi para o Brasil e os jogadores uma demonstração de inicio de liberdade, a seleção com seus craques sob o comando de Tele Santana alem de Zico, Falcão, Sócrates e outros. De fato praticavam o futebol como deve ser. Bailavam diante dos seus adversários. Só não esperavam a reação de um time que vinha de péssima campanha, a Itália com seu centro avante Rossi, que estava a suspenso por 3 anos e que foi aliviada em abril de 82, justamente para participar da copa.  O futebol alegre, bonito, de arte sem a atmosfera repressiva criou nos jogadores certo relaxamento, mas quem será capaz de esquecer aquela seleção, e quanto orgulho tinham os torcedores em dizer que perdemos, mas ninguém tiraria o brilho daqueles atletas artistas do povo, que como afirmava Sócrates: o importante não é vencer, mas sim a democracia. O Brasil permitiu a Itália se igualar ao seu tri campeonato. Em 83  a taça Júlio Rimet foi roubada, maior símbolo de conquista do Brasil,neste mesmo ano morria Garrincha, portanto morria o maior artista malabarista do futebol para nascer o futebol liberdade com Reinaldo e Sócrates.
A derrota do Brasil na Espanha acordaria o pais do pesadelo, a democracia ainda tímida, mas foi um raio de misericórdia para findar um início de uma realidade em que o futebol era usado como um ópio para o povo. Em novembro de 1982 o Brasil faria a sua primeira eleição direta para governadores de estados desde 1965, inclusive para o legislativo também. 45 milhões de brasileiros foram votar na vitoria a oposição com 59%, 9 candidatos opositores foram eleitos nos estados. O quadro econômico ainda não permitia que estes governadores pudessem estabelecer uma meta de governo desaliançado dos militares. As manifestações iniciaram principalmente em São Paulo, com a derrubada dos portões do palácio Bandeirante, as duvidas pairavam se era ou não o momento do início da democratização no país, a inflação chegou a 211%, o salário mínimo perderam seu valor ate cinco vezes mais rápido que em 1978. Estes fatos comprovavam a angustia do povo que vivera 21 anos sem liberdade.
Os militares pensaram em retornar, insinuando que no seu tempo o controle econômico era natural, mas a oposição baixou o martelo, concretizando e vez o seu fim, no entanto adiantaram a transição, isto é, a eleição indireta para presidente. O deputado federal Dante de Oliveira – Mato grosso (PMDB), apresenta a emenda constitucional que marcava a eleição em 1985 para suceder João Figueiredo. A sociedade organizada em geral apoiava.
Os próprios criadores da repressão militar foram também os que ajudaram a derrubar como Teotônio Vilela que Ra da Arena e mudara para o PMDB, morreu em novembro de 1983 como se tivesse se rendendo aos seus pecados, Ulisses Guimarães foi outro simpatizante do golpe de 64 que se redimiu.
Os artistas saiam as ruas, como Chico Buarque, Fafa de Belém, Elba Ramalho, no futebol como já vimos tinha a imagem de Sócrates que contradizia a politicagem e a tecnocracia da  cartolagem e parlamentares. O MC era Osmar santo, que perguntava a multidão, diretas quando gente? A resposta era:já!.
Na data da votação, 25 de abril de 1984, a imagem do general Newton Cruz de montar em um cavalo para chicotear o povo em Brasília era uma aberração da própria imagem, ou seja, mais parecia que o cavalo estava em lugar errado.    Mas a emenda das diretas já que era apoiada por 80% dos brasileiros, foi negada. Em agosto de 1984, Maluf saiu candidato pelo PDS, Aureliano Chaves retirou sua candidatura um mês antes, costurou uma frente interna no PDS que veio a rachar e criando a frente política que depois veio ser o PFL e hoje é o DEM, portanto dessa frente que fez dobradinha com o PMDB e concordaram com a dupla Tancredo Neves e José Sarney que Ra um representante da velha ordem (UDN), principal líder da Arena e depois do PDS, mas tinha habilidade parlamentar para flutuar com vários setores, assim como Tancredo Neves, as vésperas da eleição houve articulações de um novo golpe militar, mas Tancredo se comprometeu com os militares evitando a postergação deste regime, então no dia 15 de janeiro e 1985, Tancredo vence Maluf. Nascia a “Nova república”. Este dia parecia final de copa do mundo.
Tancredo neves morre antes de assumir, apesar do apelo par que o levassem para a posse depois que fizesses com ele o que quisesse, era uma premonição dos fatos,. Sarney assume sem a presença de Figueredo que o acusava de traidor, portanto saiu pelas portas laterais do planalto e pediu ao país: “Me esqueçam”. A morte de Tancredo foi anunciada no dia 21 de abril de 1985 mesmo dia de Tiradentes. Sarney foi empossado no mesmo dia. No mês seguinte foi aprovado o voto dos analfabetos, legalização dos partidos clandestinos como PCdoB e PCB.
 O processo de retorno a democracia foi marcante com a participação da sociedade assim como futebol foi um ópio para sedar a sociedade dos horrores da ditadura militar, mas também teve seus momentos de participação na renovação do cotidiano político do povo brasileiro. Mas o futebol sofria com o processo de globalização então os jogadores e o próprio futebol em si se desnacionalizavam com as propostas financeiras de clubes internacionais, principalmente da Europa. A copa de 1986 foi aprova de que o futebol já não era mais ópio, mas apenas um espetáculo, grandes jogadores que formaram aquele período se estigmatizaram com azarões, por fim, o Brasil vivia um momento de transição e as derrotas do futebol como o roubo da taça Júlio Rimet, as convulsões sociais e a perda da emenda constituinte fizeram parte de um momento em que a dor deveria ser uma obrigação para que o futuro de euforia real.
 A recessão pós ditadura foi marcante com alta de juros, inflação de mais de 300% ao ano, ágio nas compras de produtos de supermercados, Sarney admite a  falência comercial com a moratória do pagamento da divida externa. Em 1988 se conclui a constituição cidadã. Em alagoas surge um candidato “caçador de marajá” á presidente d república, o muro de Berlin cai no leste europeu, aproveitando deste fato Collor exacerba o discurso contra o atraso dos discursos dos socialistas que estavam ligados a Lula, mas ainda que este dissesse que abriria as portas para o neoliberalismo, com reformas administrativas e etc. Então Collor de Melo era o “moderno” o “novo”.
Collor se elegeu com 35 milhões de votos, 4 a mais que Lula. Eleito por um partido minúsculo, mas com o prestigio eleitoral, pensou estes que poderia governar sem a parceira de outros partidos. Tinha 70% d popularidade quando assumiu, por isso pagaria com seu mandato.
 Collor ao assumir em 16 de março de 1990, bloqueou o dinheiro do povo em conta corrente e poupança, congelou preços e salários, a inflação recuou d 80% para 5%, mas brutal atitude de Collor de prender banquiros e empresários gerou protesto e animosidade que vai descambar no empicheman.
Collor não era um homem, mas sim um modelo de “super Homem”: lutando caráter, pilotando aviões da aeronáutica, prometendo dar a vida pra vencer as elites. Era o messias brasileiro, que seguia a escola de Chicago, prometia privatizar 68 empresas estatais.
ZICO MINISTRO DOS ESPORTES
Collor escolheu Zico para ministro dos esportes. O craque seguiu  a risca as ordem criou a lei do passe livre, transformar clubes em empresas, profissionalização dos cartolas. O fato é que a imagem de Zico permitia bagagem para os projetos neoliberais do imediato processo de globalização da economia brasileira, os clubes que estavam falidos se tornaram meros distribuidores de craques para a Europa.

ERIC HOBSBAWM

Em entrevista a folha de São Paulo o historiador Eric Hobsbawm faz uma analise do futebol como produto de mercado e de seus valores nacionais por interesses dos clubes transnacionais.

“FOLHA - No ensaio 'Nations and Nationalism in the New Century', o sr. lamenta o fato de que as seleções de futebol nacionais estejam perdendo força para os chamados superclubes internacionais. Seria o fim do 'último refúgio de emoções de um mundo antigo'. Mas o sr. não acha que o nível do esporte tenha, por conta disso, tenha melhorado? HOBSBAWM - O futebol hoje sintetiza muito bem a dialética entre identidade nacional, globalização e xenofobia dos dias de hoje. Os clubes viraram entidades transnacionais, empreendimentos globais. Mas, paradoxalmente, o que faz do futebol popular continua sendo, antes de tudo, a fidelidade local de um grupo de torcedores para com uma equipe. E, ainda, o que faz dos campeonatos mundiais algo interessante é o fato de que podemos ver países em competição. Por isso acho que o futebol carrega o conflito essencial da globalização.
Os clubes querem ter os jogadores em tempo integral, mas também precisam que eles joguem por suas seleções para legitimá-los como heróis nacionais. Enquanto isso, clubes de países da África ou da América Latina vão virando centros de recrutamento e perdendo o encanto local de seus encontros, como acontece com os times do Brasil e da Argentina. É um paradoxo interessante para pensar sobre a globalização.”
A EXPORTAÇÃO DE CRAQUES
A década de 80 foi a principal fase de exportação de jogadores para clubes europeus, só em 1985, 136 atletas deixaram o pais para atuar no exterior; 10 anos depois foram 381; em 2008, foram 1.176 foram embora. O futebol é o principal produto para iniciarmos uma avaliação da globalização no território brasileiro. Para termos mais dados basta saber que dos 22 jogadores que jogaram na copa da Itália (1990)12 estavam fora. Na copa anterior eram dois estrangeiros. Os países europeus deixaram de investir nas suas bases por ser mais baratos os jogadores, principalmente americanos e africanos.
 A copa de 1990 começaria com as mudanças na CBF, com a entrada de Ricardo Teixeira que viu uma entidade quase falida, devido ao período militar, alem de uma rebelião PR parte dos clubes em 1887, quando vários clubes formaram uma associação, Clube dos 13, com a proposta de modernização, esses clubes formaram um campeonato a parte e venderam os direitos a varias empresas: - Coca Cola, Varig e a Rede Globo. Preocupados com represálias da FIFA os clubes dos 13 aceitou vincular o seu torneio ao campeonato brasileiro daquele ano. O Flamengo campeão dos clube dos 13, não quis jogar contra o Esporte Recife campeão brasileiro de 1987. Esse episódio só termina com o reconhecimento da CBF em 2011, com os dois clubes campões, mas o esporte não aceita. No dia 15 de Junho de 2011 a justiça federal de recife determina a CBF que reconheça o Esporte Clube Recife como único campeão.
 Ricardo Teixeira é acusado de falcatruas com contratos, principalmente publicitários obscuros. Com esses propósitos se formou no congresso a “bancada da bola” dos interesses a CBF. Foi essa bancada que esvaziou as tentativas de investigar as suspeitas de contratos. Eurico Miranda, cartola do Vasco foi o vice presidente de Ricardo Teixeira.
Na copa de 1990 o técnico foi Lazaroni que imprimiria o futebol força e pragmático, portanto o seu principal símbolo seria o jogador Dunga que deu a imagem da “era Dunga”. Mas a seleção virou de fato uma vitrine de jogadores e havia uma cumplicidade entre dirigentes, técnicos, políticos e os próprios jogadores que se comportavam como objetos de consumo. Esses atletas participaram todo o torneio com interesses alheio. Os empresários circulavam livremente nas concentrações, negociando em nome dos jogadores, inclusive Lazarone negociou com o Fiorentina. Portanto o mercenarismo imperou entre os jogadores fazendo inclusive se rebelando, por querer mais dinheiro do patrocinador oficial a Pepsi. No dia da foto oficial, antes da copa, cobriram o logotipo da empresa. Esses jogadores foram recebidos com hostilidades pelos torcedores que jogavam dinheiro em sua direção.
Collor de Melo cada vez mais enterrava seu governo, em 1991 com um ano de governo este decretou o sigilo dos gastos da presidência, com isso não dava para fiscalizar nem os gastos da primeira dama. O antigo caçador de marajá se transformou em um chefe e um bando de mafiosos como Paulo Cesar Farias. A dívida do Brasil passou de U$ 30 bilhões para U$ 250 bilhões. O presidente foi perdendo apoio no parlamento, chegou a buscar este apoio na caserna. O presidente e seus Ministros das Forças Armadas criticaram o poder legislativo  através de uma carta por interferir na harmonia entre os poderes, esquecendo que essa harmonia se existia na ditadura. Collor procurou os empresários e lideres das bancadas de partidos na tentativa de salvar o governo. Ofereceu cargo ao PSDB, dissidentes do PMDB em 1988, como Fernando Henrique Cardoso e José serra, ambos foram convidados a integrar o governo, mas recusaram.
Uma briga interna na família fechou o “caixão” de Collor, seu irmão Pedro afirmou que o presidente era usuário de cocaína, alem das corrupções. Os caras pintadas saíram as ruas em passeatas para agilizar a sua saída. No dia 29 de dezembro o senado caça Collor e aclama Itamar Franco como presidente. Mas pode se afirmar que essa derrubada foi de forma pacifica e democraticamente.
 A situação econômica era de descontrole, o ano de 1992 fechou com 1.100% ao ano, a terceira maior do mundo e quintuplicaria no ano seguinte. Itamar colocou logo em 1993, Fernando Henrique Cardoso, no ministério da economia, era o quarto em cinco meses, logo lançou o plano real, foi um recado que viria a presidente a república. Em outubro de 2003, no congresso estourou um novo escândalo, parlamentares foram acusados de manipular o orçamento em troca de propinas de empreiteiras. Em 1994, dos 18 acusados, 8 foram absolvidos, 6 renunciaram e 6 punidos. Esses fatos passavam a limpo o executivo e o legislativo.
Com o controle da economia FHC, se descompatibilizava do governo para ser candidato a presidente, o sucesso do real turbinou a campanha de FHC que centro na estabilidade econômica. Este comportamento intelectual serviu de lição para demais áreas no Brasil, inclusive no futebol, falcão foi chamado para ser técnico da seleção brasileira, este aliado a técnica deveria montar um time eficiente, mas não aconteceu assim.
Parreira foi chamado, um técnico burocrático, mas que vinha desde os tempos de 1970, este que tinha como seus auxiliar o Zagalo que teve um entreveras com o jogador Romário que não participava a muito tempo do excrete, por foca da opinião pública e da imprensa, estes tiveram que ceder a teimosia e a superstição de Zagalo. No ultimo jogo que definiria a participação da seleção nos EUA. Romário se apresentou na seleção e contra o Uruguai destruiu. Em entrevista Parreira desabafa: - “foi Deus quem o trouxe para cá”. Dunga seria o capitão, símbolo da raça do futebol brasileiro europeizado. O Brasil não teve dificuldade de derrubar seus adversários, inclusive os americanos que foram derrotados no seu 4 de Julho, data da sua independência e que receberam como presente uma derrota por 1ª 0, alem de uma cotovelada do lateral Leonardo da seleção brasileira que foi expulso. A final foi contra a Itália, uma revanche da trágica desclassificação de 1982, mas só que nesse dia a gloria estava reservado para os brasileiros. Brasil campeão do mundo.    
A globalização cada vez mais determinava os caminhos da economia e da política no Brasil, alem de discursos maniqueístas sobre o tema, e o futebol também segue os mesmos rumos. FHC, identifica nesta escola econômica a única solução para o país e começa o desmonte do estado estatal, diminuindo o próprio estado e faz abertura do país à competição internacional. Com vários problemas um deles a crise do sistema bancário que foi saneado com investimentos publico o PROER (programa de estímulo à reestruturação e ao fortalecimento do sistema financeiro nacional) que ate 1997 gastaria 2,5% do PIB para salvar essas instituições. A proposta de continuação do governo se produzia no futebol, foi mantida a base da comissão técnica, só que agora com o comando de Zagalo que não disfarçava a sua teimosia, inclusive barrando Romário e insistindo com Bebeto, jogador de comportamento obediente, mas que no momento não mais apresentava vitalidade e técnica. Zagalo enfrentava as críticas de todos, logo após a conquista da copa America na Bolívia, em 1997, antes da copa da França, este em fisionomia cadavérico, desabafou; “vocês vão ter que me engolir!” Romário foi cortado, e por revanche pintou no banheiro do seu bar, uma caricatura de Zagalo e outra de Zico, auxiliar técnico, os dois processaram o jogador e foram indenizados com R$ 200 mil.
 A copa da frança o Brasil teve participação regular até chegar a final contra os donos da casa, no dia 12 e julho, um dia para ser esquecido da memória dos torcedores brasileiros. Ronaldinho foi acometido de uma crise ate hoje não esclarecido, foi levado a uma clinica em Paris, mas este confirmou ao técnico que queria jogar. Muito se especulou inclusive de envenenamento e outros. O caso foi levado ao congresso com abertura de uma CPI em 2000 e 2001, que responsabilizaram a Nike de obrigar Ronaldinho a entrar em campo.
Tostão comentarista esportivo, dizia que esta afirmação era fantasiosa, o que aconteceu foi a falta de preparo psicológico de Ronaldinho que tinha apenas 21, e a responsabilidade era muito grande nas costa do atleta para o tamanho da importância da decisão e os milhões de dólares que estavam em jogo. Mas o fato que não foi só o artilheiro que jogou mal, mas também toda a equipe. A frança venceu por 3 a 0 com excelente apresentação de Zinedine Zidane.
Fernando Henrique Cardoso vence as eleições sob uma forte Cris financeira. Zagalo foi rendido por Vanderlei Luxemburgo, mas foi acusado de sonegar impostos e receber dinheiro de negociação de jogadores seu nome foi manchado, alem deste fato a eliminação nas olimpíadas e a péssima participação para a classificação para a copa de 2002. Então assumiu o beligerante Emerson Leão, este treinador se comportou como um estadista, exigindo seguranças e etc. Sua passagem foi rápida.
O escândalo da arbitragem mostrou sua cara em que o chefe da arbitragem Ivens Mendes da CBF apareceu pedindo dinheiro a cartolas para fazer resultados. A CBF aproveitou o momento para anular o rebaixamento do Fluminense e Bragantino, ocorrido ano anterior. Mas o fluminense seria e novo rebaixado em 1997, e ano seguinte cairia para a terceira divisão. Parreira aceitou treinar o fluminense na serie C, e foi campeão e voltou a serie B.
 O Gama time de Brasília que foi rebaixado da 1ª divisão para a segunda, não aceitou e entrou na justiça com apoio do PFL. Diante da situação a CBF teve que fazer um campeonato envolvendo as três divisões, batizando de copa João Havelanche  com 116 clubes, aproveitou e recolheu fluminense, Bahia,  Juventude e America de Minas Gerais, a credibilidade foi manchada, mas o Fluminense foi resgatado. O Vasco foi campeão enfrentando um clube que vinha da terceira divisão.
 Em 2001 assume Felipe Scolari e passa por momentos ruins, mas consegue classificar a seleção. Scolari deixa de fora o artilheiro e marrento Romario, dizendo que este só fazia gols em times como “Arimateia e Bambala”, times gaúchos de várzeas da década de 60, sinônimos de sacos de pancada. Apesar dos pedidos este não atendeu, pois queria formar a família Scolari.
Lula ao contrario de scolari, mudava seu comportamento e de discurso, agora era lula “light”. Lula tinha uma relação muito parecida com alguns jogadores da seleção, Lula era filho de retirante pernambucano que  vieram para São Paulo em busca de vida melhor, o presidente só tinha o ensino fundamental, assim com vários atletas, como Rivaldo seu conterrâneo, Cafu que esbanjava orgulho ao gritar o nome de sua rua de origem ao receber a taça de campeão mundial, Ronaldinho era outro que não tinha sequer o ensino médio. Outro que vinha de classe básica era Ronaldinho gaucho, assim como os demais.
Scolari queria um time mais carismático que não confundisses a imagem da seleção como a de um espaço inalcançável pela sociedade, portanto não quis Romário justamente por isso, ele era personalista demais, prepotente, estava acima dos demais companheiros de equipe, quem sabe um disfarce de suas carências recalcada da vida de infância. Felipão não queria estrela, apesar de contar com grandes craques, mas se percebia que não se via arrogância nos comportamentos e falas dos jogadores brasileiros. Foi assim que se constituiu a família Scolari. E assim foi campeão, na primeira copa disputada na Ásia: Japão e Coréia, a seleção passou por equipes sem muitas tradições, mas também teve a frente a Inglaterra que apesar de sua força no futebol, mas nunca venceu o Brasil em copa do mundo. A final no dia 30 de Junho foi contra a Alemanha do goleiro Oliver Kahn, melhor jogador da copa de 2002. Ronaldinho que servia de exemplo pela sua superação pelas constantes contusões que sofreu durante jogador de futebol, saia nas propagandas de governo que ser brasileiro é nunca desistir de seus sonhos e a imagem de Ronaldinho casava com essas mensagens, pois a imagem dos jogadores estavam associadas a vida e obra de Luis Inácio da Silva que como scolari transcendia a imagem de um homem que só queria vencer. Portanto Lula fazia do Brasil uma grande família, que apesar da formação inicial deste pais em ser colônia de Portugal, mas não deveria se comportar como colônia, desmistificando o complexo de vira lata. Foi com essas idéias que o governo Lula aplica as cotas estudantis. Essas ações afirmativas que de inicio foi com o governo FHC, mas radicalizada no Lula, são medidas especiais e temporárias, tomadas ou determinadas pelo estado, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. Portanto, as ações afirmativas visam combater os efeitos acumulados em virtude das discriminações ocorridas no passado. E os negros foram os principais grupos excluídos da sociedade.
Ronaldinho cortou seu cabelo como o do personagem cascão, próximo a imagem do homem degenerado, quem sabe seu corte tinha mais a intenção de tirar as atenções de suas contusões que lhe perseguia durante a copa. Mas o confronto entre dois muros, de um lado a imagem de um “ariano” (Kahn) de outro o ameríndio (Ronaldinho), resultante de vários cruzamentos de raças que resultava em uma imagem que outrora foi profetizada como a democracia racial, ou quem sabe o destino manifesto de um povo brasileiro. Esse segundo de momento faria qualquer historiador, sociólogo e antropólogo viajarem no tempo e entender que naquele confronto entre Kahn e Ronaldinho estava o divisor de água entre dois mundos: o novo e o velho, e que o novo que outrora já foi o dominante, mas Ronaldinho conseguiu vencer aquele que seria o invencível o bárbaro o Kaiser do Deutsches Reich, Oliver Kahn, não acreditando na desobediência e insubordinação racial dos colonizados, cai se arrastando em busca de algo que nunca tinha perdido e Ronaldinho o implacável, humilha aquele que historicamente sempre lhe sujeitou. Foi o fim de um luta épica entre Davi e Golias.
O primeiro gol foi justamente aos 21 minutos do segundo tempo, ou seja, no século XXI depois de cristo: - o lance começa com um arremeço de lateral por Cafu para Ronaldinho gaucho que cabeceia entre três jogadores alemães devido a forte marcação, a bola sobra para Cleberson que lançou Ronaldinho o fenômeno que foi derrubado pela zaga quase que impenetrável, mas Ronaldinho não aceita, volta e intercepta o jogador alemão que estava com a bola e recupera, passa para Rivaldo que de longe chuta e Oliver Kahn defende e espalma a bola, Ronaldinho aparece como um monstro enfurecido e toca bola para dentro da rede da Alemanha. 
Galvão Bueno enchia os pulmões de ar como uma bexiga e soltava aos gritos como um arauto nos tempos do coliseu: - “tentou partir Ronaldinho, ta difícil, marcação em cima dele, ta difícil a arrancada pelo meio dos alemães. Ele insiste, briga pela bola. insiste Ronaldinho. Pro Rivaldo, abriu espaço bateu pro gol, Oliver Kahn, Ronaldinho bateu, GOOOOOOL, ÉÉÉÉÉÉ... do BRASIIIIL, RRRRRONALDINHO, NÚMERO 9. Nove era o numero de dedos das mãos do presidente Lula, amputado pela exaustão do trabalho nas fábricas metalúrgicas do ABC paulista.
E aos 33 minutos do segundo período como se seguisse uma predestinação, pois este número é a idade daquele que foi morto e é o maior símbolo de resistência ao modelo econômico escravista: - Jesus Cristo. Ronaldinho, que vinha abatido de tantas batalhas, não se permite  que o corpo lhe determine a derrota. Brasil campeão do mundo, próximo a terra do Genghis Khan na Mongólia, um dos maiores guerreiro que este mundo já teve. Dizia seus adversários que lugar que este passava, as relvas não mais cresciam. Mas Ronaldinho fez o Oliver Kahn se ajoelhar aos seus pés.
Claro que este texto acima é uma alegoria, mas para os brasileiros, perder uma copa do mundo é perder um parente próximo, ma se ganhar e como ganhar um filho. É uma explosão de alegria, é um orgasmo, é inexplicável.
Os Ronaldinhos, Clebersom, Rivaldo, Cafu, Roberto Carlos, Marcos, Dida, Rogério Ceni, Júnior, Anderson Polga, Lúcio, Roque Júnior, Edmílson, Ricardinho, Gilberto Silva, Vampeta, Kaká, Juninho Paulista, Luizão, Denílson e Edílson. Jogadores que pelas suas fisionomias representam bem claro a distribuição da cor do povo brasileiro. Esse corpo e alma de atletas é a afirmação da autonomia de um povo que historicamente sempre se sentiu colono, periférico de um povo que se auto intitulava metrópole e poderia colonizar: africanos e americanos na simples intenção de expropriar a matéria prima de seus territórios. 
O símbolo e memória desta vitória nos fazem acreditar através de Cafu que não esqueceu seu tempo de criança no bairro pobre de são Paulo, e escreve na sua camisa: “100% Jardim Irene”. E esse mesmo exemplo que aproxima os jogadores da seleção com o presidente Lula. Cidadãos que vem de famílias simples para não dizer miseráveis, mas que são os únicos que são capazes de trazer conforto aos lares brasileiro sem a intervenção do governo de escamotear, através do futebol, a realidade sofrida dos brasileiros.
São estes os filhos do Brasil como o titulo do filme de Lula consagra, reflexos das mazelas sociais em que seu pai sai do sertão em busca de emprego, mas que é atraído por outro mundo, da brutalidade capitalista, e perde a sensibilidade com a sua família e se torna um alcoólatra, doença patologicamente social. A primeira esposa de Lula morre de parto vitima da falência da saúde publica. Lula se envolve na política não por desejo, mas por revolta e indignação, sua mãe morre no leito de um hospital, enquanto seu filho estava preso por um sistema maligno que era a ditadura militar.  Só quem sabe a dor da fome é quem já passou fome. Mas também não deve ser exemplos a ser seguidos, são parâmetros isolados, mas não real. Lula se torna um torcedor corinthiano, não poderia ser outro, pois este é o símbolo da classe operária. Perceberá que pode usar das  estratégias do jogo de futebol, para dentro da política, ou seja, todos tem que ter o mesmo objetivo, se tiver alguém com interesses individual, não haverá o concílio social em detrimento de uma minoria.    
 A educação deve ser a ferramenta que lapidará a formação social, cultural, política e cultural de nosso povo. As escolas deverão compor paradigmas pedagógicos para a realização coletiva. E a disciplina de educação física não deverá ser a disciplina de docilização do corpo, para o mercado de trabalho que exige rigores da disciplina dos trabalhadores provocando a exaustão, como aconteceu com Lula que teve uma parte de seu corpo amputado (dedo) sem que haja a felicidade pelo desempenho profissional. Não é só a educação que devera esta a serviço do capital, mas sim primeiramente o capital a serviço da educação.
A copa de 2006 foi marcada pelo quadrado mágico: Ronaldinho gaucho, Ronaldo o fenômeno, Adriano e Kaka. Podemos dizer que jogou apenas a bossalidade e a vaidade daqueles que foram exemplos de superação.
 Depois de uma brilhante participação na Copa das Confederações em 2005 o Brasil foi para a Copa do Mundo 2006 como um dos favoritos. Esperava-se da seleção brasileira um futebol bonito e envolvente, mas o que se viu foi um time apático e apagado com alguns jogadores fora de forma, como Ronaldo Fenômeno visivelmente acima do peso. Na primeira fase o Brasil passou com 4 vitórias: 1x0 Croácia, 2x0 Austrália e 4x1 Japão. Nas oitavas-de-final os brasileiros se classificaram com 3x0 sobre Gana. Já nas quartas-de-final a seleção brasileira foi totalmente dominada pela França e perdeu por 1x0. O gol francês saiu de uma cobrança de falta, na qual cada brasileiro marcou um adversário, exceto Roberto Carlos que ficou de cócoras ajeitando a meia e deixando Henry livre para marcar. Na final se enfrentaram Itália e França, a Itália venceu. O título foi conseguido com vitória sobre a França nos pênaltis por 5x3, depois de empate de 1x1 no tempo normal e prorrogação.
UM SURTO DE VAIDADE NA SELEÇÃO DE 2006
Parreira foi o técnico da seleção com seu jeito burocrático e academicista não conseguiu diminuir o egocentrismo de jogadores que se sentiam personagens acima da instituição. Foi uma verdadeira fogueira de vaidade, Ronaldo fenômeno nem de longe aceitava ser chamado de gordo, o presidente Lula, em entrevista disse que se Ronaldo perdesse peso o Brasil ganharia a copa. Isso foi uma afronta a vaidade deste jogador que se achava acima de todos, inclusive da maior autoridade política brasileira, e logo atacou, chamando Lula de cachaceiro. Outro fator era os salários dos jogadores, exuberantes, inimagináveis a ser humano assalariado brasileiro, mas mesmo assim achavam pouco. A mídia em grande parte teve culpa deste episodio, inclusive a rede globo com Galvão Bueno que criou o mito do “quadrado mágico”. O fato marcante deste “endeusamento”, foi o lance que resultou no gol do Frances Thierry Henry, o lateral esquerdo da seleção brasileira Roberto Carlos na hora do lance de falta achou melhor ajeitar os meiões, só que Henry não estava preocupado com sua imagem que através das câmeras se reproduzia para o mundo inteiro. Mas o lateral do Brasil estava, claro alem do cansaço. Roberto Carlos era um exemplo de vaidade desses jogadores que queriam fazer jogadas geniais. Infelizmente os jogadores sempre estavam querendo um flash da câmara para aparecer o que menos interessava era jogar, pois raramente se via um jogador com camisa suja ou molhada de suor.
A COPA DE 2010
 Após desclassificação da copa do mundo de 2006, sobre protesto da torcida que pede mais atitude da comissão e jogadores a executiva da CBF atende a torcida e traz um treinador com a cara marrenta e postura dura que fez o jogador Bebeto chorar em treino da seleção em 1994, antes da copa. Este “bárbaro” se chamava Dunga. O excesso de vaidade mexeu com a questão do comportamento masculino ou feminino na prática do jogo de futebol.
 Dunga apelido de um dos sete anões do personagem infantil da Branca de Neve que representa uma das virtudes humanas, dunga é o tipo do personagem que sempre seria calado. São vários os significados e interpretações destes nomes, exemplo: calado, se sentir útil, assumir responsabilidade alem de seus limites, não voltar atrás em suas palavras, muito ocupado sem liberdade para o lazer. No nordeste brasileiro em outras variações, mas com sinônimo próximo: valentão; chefe do bando, mandão; chefe político local.  Exemplo: O dunga tudo resolve e todos o obedecem.
Não deve ser humano que a educação brasileira programou em conjunto com o futebol, principalmente nos porões da ditadura, mas pelo menos se aproxima. Personalidade pragmática, incansável, corpo bruto preparado para o mercado de trabalho que não tem significado nem um a satisfação pelo lazer. Um verdadeiro coaching, que significa: (treinador, adestrador, gerenciador) atua encorajando e/ou motivando o seu cliente, procurando transmitir-lhe capacidades ou técnicas que melhorem as suas capacidades profissionais ou pessoais, visando a satisfação de objetivos, considerando idéias como a de que o simples fato de compartilhar pensamentos/idéias que estão soltos e poder organizá-los, transformando em uma meta desafiante com um Plano de Ações pode levar a concretizar projetos.
Desenharam esse perfil para Dunga e mandaram-no praticar. Ora, não vinha a sociedade saindo de uma atmosfera autoritária? Como permitir um Coaching, assumir uma seleção que mexe com as emoções dos brasileiros no mundo das fantasias, em que os jogos da seleção são as fugas do plano real, ou seja, é o lúdico. As atitudes brutas de responsabilidades exageradas sem concilio com a derrota no inicio servia de exemplo para empresários e famílias etc. Mas logo essa arrogância começou a contaminar a todos e os debates se exacerbavam, partindo para o campo físico. Foi nesse momento que se discutia e se debatia o assedio moral (trabalho) e o Bulling (escola). Dunga dizia em sua entrevista que seu time tinha que ter cara de mau. A cerveja Brahma fez varias propaganda em que os jogadores como Luis Fabiano afirmava que os jogadores deveriam ser guerreiros. Outro exemplo era as atitudes de Kaka nos jogos, sempre nervoso, agressivo foi advertido com cartão amarelo e ate vermelho.
Dunga se contrariou com a imprensa, não voltando atrás de seus atos. A ESPN pedia a presença de Ronaldinho gaucho, mas dunga afirmava que não ia não, porque não fazia parte da igrejinha. Dunga se comportava como um general e a revista placar no mês da copa colocou o titulo; “Ame-o ou deixe-o”. Slougan utilizado pela ditadura militar. Este fato foi pelo processo de militarização que passou a seleção, este treinador já mais se mostrou flexível quem sabe com um dos cargos mais criticado no Brasil, foi intransponível com sua decisão em não reconsiderar a sua decisão e levar jogadores que estavam em melhor nível técnico como a imprensa e a torcida cotava, nos casos de jogadores como Paulo Henrique Ganso e Neymar. Mas o técnico levou jogador que era terceiro reserva em clubes europeus.
 Existem dois fatos a ser discutido; primeiro - que dunga só fazia o que mandava o seu chefe Ricardo Teixeira que não cederia em hipótese nem uma  a entrada dos “meninos da Vila” (Neymar e Ganso), produtos valiosíssimos no mercado de consumo do futebol. Então Pelé sabendo disso, se conformou dizendo aos seus dois produtos vocês terão seu tempo; segundo – dunga deveria imprimir uma reação da masculinidade dentro da esfera futebolística, afinal a causa da derrota da copa passada estava vinculada a excesso de vaidade, mesmo que essa vaidade estivesse relacionada ao fetiche capitalista, mas o velho mundo transcendeu comportamentos mais delicados ao do novo mundo.
Dunga fervilhava dentro dele o comportamento viril e rígido que era tradicional do futebol. Mas porque esta reação. Não era voluntaria, estava intrínseco a mudança e as fraturas são observadas após essas datas. Entre elas podemos afirmar que agora o Brasil já não tinha o melhor jogador do mundo, mas sim a melhor jogadora (Marta); um dos homens mais belo do mundo era o jogador inglês David Beckham e gostava de usar maquiagem, vários estados brasileiros tinham como governo mulheres (Pará e Rio Grande do Sul e Maranhão), alem de prefeitas; a presidência do clube de futebol mais popular do Brasil seria ocupada por uma Mulher, Patrícia Amorim; e a nova presidenta do Brasil seria uma mulher Dilma Roussef e para finalizar a legalização da homoafetividade seria em breve, alem da permissão do STF à passeata pela legalização da maconha. Isto é a futebolização do povo brasileiro um eixo temático que servira de base para entender melhor este fenômeno brasileiro.
Para ajudar na compreensão deste parágrafo disponibilizamos este texto de Sócrates Simão Ramos (Publicado no Recanto das Letras em 11/04/2007).  Código do texto: T445859.

DA MASCULINIDADE BRASILEIRA

Éramos mais bravos, frios e calculistas, enfim, mais homens. Não que deixemos de ser ou que apresentamos o risco de extinção da famigerada virilidade. Oxalá reconheçamos que de fato afeminamos, que as mulheres passaram a ter atitudes masculinas ou ainda que o nosso lado sensível têm imperado nos constantes debates da atual sociedade brasileira. Dados concretos e/ou visuais estão em toda parte, considerá-los reais e deixarmos de lado o machismo forçoso é o principal nó. Ainda assim, o absurdo vem absorvendo frestas para uma ampla abertura, no mínimo, o sexo masculino passou a ser flexível... Será o princípio do fim da “Era Machista?”.
Do Oiapoque ao Chuí (mesmo não sendo a maior distância de extremos no país, vale ressaltar que do leste ao oeste há mais estrada a percorrer), o homem se mostrou “forte” e continua sendo; salários mais altos e cargos exclusivos são tidos como prova. O ineditismo passa a dar lugar a várias exceções, gerando tendências que deixam qualquer “cabra-macho” preocupado. Governadoras, prefeitas, juízas (tanto do Poder Judiciário quanto no futebol) e tantos outros cargos “importantes”, mostram que estamos perdendo espaço...
Nossas contas bancárias são conjuntas enquanto as delas são “individuais”... Elas escolhem a casa, o apartamento, o local ideal, o animal de estimação e o nome, a empregada doméstica, o carro, a cor e o que assistir na televisão do quarto.
Os pais de família metamorfoseiam-se em chefes de cozinha, telespectadores de novelas e reality show. Discute com  afinco e sã consciência o destino das personagens televisivas. Longe de ser fatalista, o “dono de casa” vai acabar virando moda...
A inversão no “mundo masculino”.
No Carnaval passado, figurou em nossas mãos o pandeiro e em nossos olhos as bundas; mulatas fantasiaram-se com roupa nenhuma, artistas e “não-artistas” inebriaram magia na avenida do samba. No entanto, o número de homens seminus desfilando nas “sagradas” passarelas, apresentando corpos sarados, trabalhados horas a fio na academia beirou o descalabro da masculinidade; colocou em xeque (quase xeque-mate) a condição de quem de fato foi o objeto hedônico.
Sofremos hoje de problemas crônicos ou acidentais do hiper-consumismo, desenfreadamente compramos cremes e apetrechos expostos com exclusividade em revistas masculinas, além das horas “proveitosas” no esteticista eliminando os “pés de galinha” do avançar da idade.
Olheiras, singela representação de trabalho duro são inadmissíveis. Camisas suadas foram substituídas por novidades tecnológicas que absorvem e não amassam. As madeixas são aparadas e tinturadas por profissionais de altíssimo nível; massagens são rotineiras e as academias o segundo templo e o primeiro espelho.
Uma das searas que nos separam do “feminismo” é o futebol, algo “só de homens...”. Foi-se a Copa...
Esquecemos o “hexa”, choramos, xingamos com toda sorte de palavras Roberto Carlos e seu “meião” (teria Roberto Carlos tido um surto de vaidade no momento do jogo?), porém, Marta foi eleita a melhor jogadora do mundo, sim, uma brasileira. O futebol feminino brasileiro foi o melhor do mundo, algo surpreendente e que aumenta o imbróglio: Estamos afeminando ou as mulheres estão masculinizando-se?
Por ora, o indireto debate continua e a única e convincente defesa dos “machos” são os cromossomos XY...
Ave Biologia!
Sócrates Simão Ramos (Publicado no Recanto das Letras em 11/04/2007)                        Código do texto: T445859.
 
LISTA DOS JOGADORES MACHO DE DUNGA
GOLEIROS: Julio César (Inter de Milão), Gomes (Tottenham), Doni (Roma)
LATERAIS: Maicon (Inter de Milão), Daniel Alves (Barcelona), Michel Bastos (Lyon), Gilberto (Cruzeiro)
ZAGUEIROS: Lúcio (Inter de Milão), Juan (Roma), Luisão (Benfica), Thiago Silva (Milan)
MEIO-CAMPISTAS: Felipe Melo (Juventus), Gilberto Silva (Panathinaikos), Ramires (Benfica), Elano (Galatasaray), Kaká (Real Madrid), Josué (Wolfsburg), Julio Baptista (Roma), Kleberson (Flamengo)
ATACANTES: Robinho (Santos), Luis Fabiano (Sevilla), Nilmar (Villarreal), Grafite (Wolfsburg)
Lista dos 7 suplentes
Diego Tardelli (Atlético-MG)
Ganso (Santos)
Carlos Eduardo (Hoffenheim-ALE)
Marcelo (Real Madrid-ESP)
Alex (Chelsea-ING)
Ronaldinho Gaúcho (Milan-ITA)
Sandro (Internacional-RS)

 RELIGIÃO FUTEBOL CLUBE.

Numa profissão que se sustenta de técnica, táctica, “sorte” e intensa emoção, muitos são os que pedem inspiração e proteção à entidade divina da sua devoção, nas práticas sagradas, invocado de diversas formas, na esperança de que caminhe (ou, neste caso, corra) lado a lado com eles. A religião está localizada na profundidade da vida humana e manifesta o que lhe é mais intimo, infinito, fundamental, incondicional, o que se chama de A religião será sempre aquilo que tece e estrutura a cultura, e esse incondicional da cultura se dá nas formas e manifestações concretas dessa cultura, inclusive a arte.

O Futebol é uma arte, inclusive fala-se bastante no Futebol Arte. As funções básicas de toda arte são: expressão, transformação e antecipação.
O futebol provoca sentimento tão ou mais profundo que a religião e, tal como esta, é uma parte do tecido comunitário, um repositório de tradições. Mais do que um esporte, o futebol é um modo de vida; abrange questões complexas que ultrapassam a arte do jogo. Envolve interesses reais – capazes de arruinar regimes políticos e deflagrar movimentos de libertação. Os clubes de futebol espelham classes sociais e ideologias políticas, e freqüentemente inspiram uma devoção mais intensa que as religiões.
Para muitos torcedores a vitória significa alegria extrema e a derrota, um sentimento de luto. É quando algo secundário se transforma no que há de mais importante no mundo. Até uma derrota exerce uma tremenda fascinação, cuja origem parece misteriosa, o exemplo foi o jogo da Sul Americana de 1936/37 que o Brasil perdeu para a Argentina na casa do adversário, mas o desfecho da derrota teve a surpreendente reverberação da torcida e do governo e imprensa de uma batalha épica, no entanto os jogadores foram recebidos como heróis.
Investigando os bastidores do futebol no mundo, o autor do livro: Como o futebol explica o mundo (Franklin Foer) apresenta uma galeria de personagens: um hooligan inglês, filho de uma judia com um nazista, que devotou a vida à violência; mulheres que freqüentam os estádios iranianos; os cartolas do futebol brasileiro; uma torcida organizada sérvia que se transformou em brutal unidade paramilitar, a hostilidade entre torcedores do Celtic Footbool Club time tradicionalmente católico e o Glasgow Ranger fotball Club, protestantes da cidade de Glasgow, os torcedores do Ranger se consideram remanescente dos Billy Boys que na década de 1920 fundaram uma filial a Ku Kux Klan. A rivalidade entre essas duas torcidas são resultados da reforma protestante, o Celtic tem usado seus estádio para celebração de missa, o Tottenham que é considerado um time judeu por seus adversários, inclusive fazem apologia de mandá-los para a câmara de gás. Essa identidade judaica teve inicio com os Hooligans, daí esta identidade judaica do Tottenham para outros torcedores foi se espalhando seguimento foi se espalhando Em 1882 o Hotspur Football Club foi fundado por alunos do Curso da Bíblia da All Hallows Church. Em 1884 o clube foi renomeado Tottenham Hotspur Football and Athletic Club para se diferenciar de outro clube, chamado London Hotspur, outros clubes também se identificam com judeus o Bayern de Munique, Áustria, de Viena, AS Roma, alem do Ajax de Amsterdã que decora seu estádio com bandeira israelense, além dos tecedores com cervejas na mão e seu rosto pintado com a bandeira de Davi.

Para alguns torcedores, o futebol tem uma dimensão religiosa ou pseudo-religiosa. Há até os deuses do futebol, o ritual no estádio, entrar com o pé direito no templo do futebol, apresenta paralelos com uma liturgia. Orações, rezas de mãos dadas, abraços e beijos após um gol, o sinal da cruz, enfeites e fantasias que retratam sentimento do sagrado, fazem parte do ritual antes, durante e após um jogo. Paulo machado de Carvalho coordenador geral da seleção brasileira da copa de 1962, chegou a fazer promessa a nossa senhora Aparecida para que Pelé se recuperasse da contusão e jogasse, na copa de 1994, a rede globo que oficialmente transmitia os jogos da seleção mostrava simultaneamente da casa da mãe de Romário que esta se comprometia com rituais a religiões afro brasileiras a cada gol que aparecia do seu filho.

Até na mídia o discurso religioso aparece nas manchetes de esporte associados ao futebol: “Só um milagre pode salvar”; “Reza do Palmeiras não resolve, Rivelino joga”; “Jogo de vida ou morte”; “Do céu para o inferno” e “Cabinho desceu do Paraíso” são alguns exemplos. Este não é um fenômeno apenas brasileiro. Quando Maradona esteve internado em estado grave, a manchete era “Deus, salve Dieguito”, mostrando um torcedor segurando a imagem de Nossa Senhora e rezando. Quando estava se recuperando, os fãs argentinos costumavam dizer: “Deus não morre”. Eles chegaram até a fundar a Igreja Maradoniana, onde cantam hinos de louvor ao ídolo, há chuteiras em forma de cruz e até a estatueta do jogador rodeada de anjinhos. “Para muitos, o futebol ainda significa a única forma de salvação”.

Quando um time está mal, os torcedores mais fanáticos atribuem menos aos jogadores, mas sim ao azar, ou seja, ao invisível da parte de algum opositor. Vário clube tem nomes de santos como o próprio Santo, o são Paulo, o São Caetano, além de Clubes que tem uma relação forte com santo, como o Corinthians que adota São Jorge, em fim são vários no Brasil como São José, são Raimundo, santo André, quando não vem no nome adotam nomes de estádio, no caso o Vasco (são Januario), no Corinthians, o Parque São Jorge. Ouro fenômeno é o uso de animais que são símbolos sagrados dos clubes, como exemplo: o Flamengo que adotou o Urubu, o Paysandu o Lobo, o Palmeiras o Porco, o Vasco o bacalhau, o Corinthians a águia, o Cruzeiro a Raposa, etc. O totemismo animal ou tóteme é qualquer objeto, animal ou planta que seja cultuado como Deus ou equivalente por uma sociedade organizada em torno de um símbolo ou por uma religião, a qual é denominada totemismo. Por definição religiosa podemos afirmar que é uma etiqueta coletiva tribal, que tem um caráter religioso. É em relação a ele que as coisas são classificadas em sagradas ou profanas. o totem, é um desenho que corresponde aos emblemas, e que cada pessoa porta como prova da identidade do grupo, ou tribo a qual pertence. O povo chora, grita, explode de emoção, briga e até mesmo mata quando o que está em jogo é a sua devoção pelo seu time do coração.
O proselitismo, não tem a barreira da ética e da moral para a tentativa incansável de convencer o outro de que o seu time é o melhor. Quando atinge o seu objetivo é uma verdadeira festa. Mas do outro lado, o traidor, “vira casaca”, não é digno de confiança. A camisa do time é o que chamam os torcedores de “manto sagrado”, intocável.
A vitória ou a conquista de um campeonato é uma injeção de adrenalina de orgulho e egoísmo para toda semana. Logo após o jogo, o torcedor tem diante de si a certeza de que seus dias seguintes serão de paz e sossego. Uma sensação de estar livre de ameaça, até a próxima rodada ou campeonato, que ao oposto: intranqüilidade, desespero, se pudesse não sair às ruas para encontrar o rival seria melhor. Os hinos dos clubes também denotam paralelos com a religião. Suas letras mais parecem hinos de louvor e de fidelidade a Deus.
Após a vitoria da seleção brasileira sobre os norte-americanos, os jogadores se abraçaram e recitaram uma oração de agradecimento a Deus pela partida que acabava de finalizar. O presidente da federação dinamarquesa de futebol, Jim Stjerne Hansen, não gostou da alegria, repleta de fervor religioso, demonstrada pelos jogadores brasileiros na final da Copa das Confederações 2009, na África do Sul.
O dinamarquês denunciou a FIFA, através de um escrito em que afirmava de inaceitável “A expressão de fervor religioso dos brasileiros que durou tempo demais”, e cria uma “confusão entre a religião e o esporte”. Blatter, presidente da FIFA, advertiu os jogadores brasileiros por seu gesto e se comprometeu também a vetar toda manifestação religiosa que demonstra proselitismo. O jogador Edmilson do Palmeiras declarou que fizeram o mesmo em 2002 quando a foram campeão do mundo. E recebeu mais de dois mil emails de pessoas que foram transformadas. Pessoas do oriente médio, de todo o mundo, parabenizando o trabalho e a atitude, o gesto de amor a Deus, ao mundo e às pessoas”, contou.
No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos campeão paulista de futebol foi a uma instituição O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral. Parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou. Entre estes, Robinho, Neymar, Ganso, Fábio Costa, Durval, Léo, Marquinhos e André.
O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral. Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram. Outros jogadores participaram da doação, entre eles, Felipe, Edu Dracena, Arouca, Pará e Wesley, que conversaram e brincaram com as crianças. O Pastor  ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise sobre o ocorrido:
As atitudes dos jogadores do Santos é o resultado da complexidade que se discute e se pratica a religião, o Cristianismo implica a superação da religião, nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé. Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando se discuti se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, está discutindo religião. Quando se pergunta se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, está se discutindo religião. O problema é que toda vez que se discute religião se afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com “d” minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus. Mas, quando se concentra atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando se está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião. Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.
O jogador brasileiro Rivaldo contratado para jogar no Usbequistão, desembarcou do avião na capital Tashkent vestindo camiseta com a frase “I belong to Jesus” (“Eu pertenço a Jesus”), que foi borrada nas fotos nos jornais do dia seguinte. Ele insistiu, exibindo-a na comemoração de cada gol, sob a camisa do clube. “No final, nem apagavam mais”, comentou o jogador. Na renovação do contrato, ele impôs uma cláusula comprometendo o clube a construir um templo e uma casa para o pastor presbítero o que foi feito.

A seleção brasileira pentacampeã mundial, admirada em toda parte do planeta, em nota publicada no jornal dizendo que “autoridades religiosas da Malásia recomendaram aos fiéis muçulmanos que evitem vestir a camisa amarela da seleção brasileira”. O detalhe proibitivo é o escudo da Confederação Brasileira de Futebol, no qual se destaca uma cruz branca, cruz de malta como a do clube Vasco da Gama. Esta cruz de oito pontas era o símbolo dos Cavaleiros de São João, das cruzadas católicas, que foram capturados pelos turcos otomanos e levados prisioneiros para a ilha de Malta. Os otomanos, por sua vez, eram muçulmanos que tomaram a cidade de Constantinopla, sede do império romano do oriente, em 1453, mais de 10 séculos depois da cristianização de Roma estabelecida pelo imperador Constantino, por volta do ano 330. A cruz como símbolo religioso surgiu com o cristianismo que ganhou grande impulso a partir da ressurreição de Jesus Cristo, no século I, quando os apóstolos e seus seguidores espalharam o evangelho, ou as boas novas, pela Europa, pelo Oriente e também pela Ásia.
A predominância do sentimento na sociedade na qual prevalece a emoção em detrimento da razão quando se é conduzida por entidades abstratas como futebol religiao. A exemplo, torcedores de time, que independentemente de vitórias ou derrotas, vai sempre defender a sua emoção clubista. Esse cabo-de-guerra emocional parece ser uma espécie de efeito colateral de um outro sentimento sempre presente nas sociedades de pessoas: a necessidade de pertencer a algo coletivo. O torcedor ama, vibra, delira e veste a camisa do seu time, o defende com unhas e dentes, independentemente da sua satisfação pessoal. Podem até existir críticas entre os torcedores daquela dada equipe, mas tais críticas são consideravelmente atenuadas em frente aos afiliados de outras agregações.
Não diferentes os religiosos: amam, veneram e são fiéis a sua congregação, mesmo quando não concorda inteiramente com seus ensinamentos, ações e decisões. Defendem-na frente às críticas, e em seus ciclos limitados até se permite certo grau de discordância, mas para por aí. Sua religião é a verdadeira, seja ela qual for e isso basta. Não adianta tentar explicar a paixão pelo futebol através da razão por se tratar de algo essencialmente emocional. Com as instituições religiosas não é diferente.
A FUTEBOLIZAÇÃO
A propaganda de empresas de turismo brasileira para fora do país usa como tripé: futebol, carnaval e mulatas. Portanto o Brasil passou a ser um reprodutor de bailes carnavalescos no exterior, alem de estimular através da mídia o desenvolvimento da região glútea feminina como produto de mercado. As escolas de samba são as vitrines desse negócio que despertam através de códigos os instintos sexuais de machos reprodutores estrangeiros.
Os carnavais que foram protagonizados e financiados por bicheiros em décadas anteriores, agora começam a dar lugar aos bailes de funk, que crescem sem a menor intervenção do governo como reação de contra cultura as oficiais, e os patrocinadores são os traficantes de grandes bailes nos morros, ‘invasões ou favelas em que o crime organizado protagoniza nesses redutos. Os autores dessas “empresas” do crime, sem distinguir o escalão hierárquico, são todos aqueles que resultam da propaganda ideológica do capitalismo, como exemplo: quando o jogador Ronaldo do Corinthians e ídolo da seleção brasileira em três copas inclusive campeão do mundo em 1994/2002, levanta o dedo indicativo na televisão, se referindo a cerveja Bhrama, Nº 1.
Milhares de jovens associam o futebol a bebida e ingerem em grande quantidade, mas isso só quem tem dinheiro o suficiente ao consumo desta droga lícita, os que não tem, vão ao uso das mais variadas substancias químicas, drogas ilícitas. Portanto a bebida alcoólica, principalmente a cerveja é o cartão de entrada para o mundo das drogas.
O futebol que justamente foi o esporte escolhido para ser esportivisado nas escolas de modo geral no Brasil como estratégia de controle de massa e posteriormente usado como atividade-conteúdo da educação tecnicista, principalmente na época da ditadura, em que o individualismo e a força era o exemplo a ser seguido pelos demais, e estes seriam excluídos na seleção natural dos mais habilidosos como na prática de profissionais, menos ou mais habilitados para o mercado de trabalho. Nas escolas, nos subúrbios, “projetos” são realizados disfarçados de inclusão social para retirada de jovens das ruas em que podem estar mais vulneráveis ao inicio de prática de infrações e usos de drogas. Esses treinadores ou reprodutores de força de trabalho para o mercado do futebol, trabalham como garimpeiros, na sorte de acertar numa pedra preciosa Jogadores), são milhares de crianças e jovens que participam de peneiradas, em todo o país, embalados pelo sonho de se tornar um “Ronaldinho’, um Romário, um Adriano, um Neymar, um Wagner Love ou um Paulo Henrique Ganso que ganham milhares de dólares e são verdadeiros astros com mulheres bonitas, carros luxuosos, mansões e etc. Só não se pode esquecer que nessas peneiradas, um ou dois que ficam, e os que não ficam são frustrados pelo sonho de ser um jogador de futebol e voltam para a realidade da vida cotidiana e sentem monotonias das mais variáveis, e se envolve nas drogas por falta de alternativas e principalmente por ser induzidos por seu ídolo Ronaldo a tomar a “Nº 1” e o resto já falamos.
Mas mesmo aqueles que conseguem se sobressair, muitas das vezes já se envolveu no inicio da vida com parceiros que estão no crime, ou mesmo já se tornou usuário de drogas, jogadores que podem ser citados como Wagner Love, que foi filmado circulando em baile funk em um dos morros do Rio de Janeiro com traficantes armados, Adriano que patrocinou uma moto para um evento de um líder do tráfico, além do próprio Ronaldo que não consegue estabilizar um núcleo familiar, inclusive se envolvendo com prostituição de homossexuais. O atacante Edmundo que embriagado provocou um acidente com várias pessoas dentro e que ele foi considerado culpado por ter provocado a morte de três pessoas no acidente com o Cherokee que dirigia na madrugada de 2 de dezembro de 1995, na Lagoa, zona sul do Rio, sendo que no dia 15/06/2011, a justiça determinou a sua prisão e foi preso depois de 15 anos.
E por fim o goleiro bruno do flamengo que se envolveu com a trágica morte da mãe o seu filho, alem de uma extensa relação de amizades com pessoas do mundo do crime.
E esse o resultado dos jogadores de futebol brasileiro, chegam ao auge da carreira muitas das vezes, mas sem uma estrutura educacional que lhe previna contra as armadilhas do mundo fácil. Muito dinheiro, glamour, fama, mas sem estrutura emocional, afinal o esporte tem que envolver os jovens como cultura de base, para que não haja problemas desregrado, mesmo àqueles que não conseguem o ápice do futebol, com para quem que consegue, mas não tem base educacional para suportar a efemeridade do assédio e do poder de um grande astro.
O esporte no Brasil deveria seguir o esporte como cultura de base, não as escolas como base de celeiros de futuros jogadores para o mercado nacional e internacional, pois assim vemos os reflexos desse processo se desmistificar com exemplos de jogadores que granjeiam grandes fortunas, mas que estão vulneráveis as armadilhas dos vícios dos desejos, pela falta de uma formação sócio cultural através da educação oficial, como a escola. 

Podemos citar vários que vieram a público, mas queremos ficar apenas em alguns exemplos de jogadores que se infiltraram para o ramo da política, pois está relacionada a  fama e a facilidade da vida, assim como o jogador ao glamour, então essas se confundem. Quando a careira acaba, esses jogadores trocam a chuteira ou a luva por paletó e gravatas. Transformando seus torcedores fãs em eleitores. Esses atletas que refletem uma parte da sociedade, não sabem qual é o papel de um político e seguem o ímpeto do conforto que estes parlamentares tem sem muita exigência conceitual para o desempenho de um representante do povo. Os partidos sabem desse fanatismo que os torcedores tem por seus ex craques, assediam estes a uma Carrera diplomática com a intenção de puxar votos e naturalmente o coeficiente desses partidos. Romário, o “baixinho”, Danrlei, ex goleiro do Grêmio, Roberto Dinamite, Vampeta, Edmundo, Valdir ex jogador da seleção e Corinthians, Marcelinho Carioca, Túlio Maravilha, Bebeto, Marques ex craque do atlético Mineiro, Nunez ex jogador do flamengo na década de oitenta, Jorge Valença disputa na Bahia uma cadeira de deputado estadual, Robingol e Wandik do Paysandu e Zé Augusto, além de Landu do Remo todos do Estado do Pará.
Os destaques nas eleições de 2010 ficam por conta das eleições de Marques, ex-atacante de Atlético-MG e Corinthians, Romário, tetracampeão com a Seleção Brasileira, e Danrlei, ex-Grêmio. O primeiro alcançou 153.225 votos e foi eleito Deputado Estadual em Minas Gerais. Já o Baixinho teve 146.859 votos e foi eleito Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, enquanto que com 173.787 votos, Danrlei foi eleito para o mesmo cargo, no Rio Grande do Sul.
No Rio de Janeiro, outro tetracampeão com a Seleção Brasileira conseguiu se eleger Deputado Estadual. Bebeto conseguiu uma vaga para representar a sociedade. Outro envolvido com o futebol que se elegeu Deputado Estadual foi o presidente do Vasco, Roberto Dinamite. Quem não conseguiu se eleger foi o ex-presidente vascaíno Eurico Miranda.
Essas pujanças eram praticadas por cartolas do futebol brasileiro, mas que agora vira moda a entrada desses jogadores na política. No Estado do Pará tivemos Manoel Ribeiro do clube do Remo na década de 70, período da ditadura, no inicio da década de 2000, foi o presidente do Paysandu Arthur Tourino. Ainda nesse período teve o vereador Mesquita ex jogador do Remo. Com a ascensão do Paysandu neste período com grandes participações como campeonato brasileiro da 1ª divisão, Taça libertadores, campeão dos campeões do Brasil, campeão brasileiro da 2ª divisão, campeão da copa Norte, alem dos campeonatos paraenses. Foram estes pré requisitos que levaram os caciques políticos regionais a garimpar estes atletas para a política.
O primeiro foi Wandik, vereador por Belém em 2004 e reeleito em 2008, depois foi a vez de Robingol do Paysandu que tirou a vaga do seus presidente, Arthur Tourino da assembléia legislativa estadual, mas em 2010, Robingol veio para a reeleição, alem da tentativa de Wandik, Landu e  Zé Augusto, a todos foram negados o parlamento. Mas a realidade veio a tona em 2011, após mandato de Robingol, este foi acusado de estar envolvido com corrupção na ALEPA – Assembléia Legislativa do Pará.
Portanto não se pode esperar isso só por ser um jogador de futebol, mas sim, a má intenção destes caciques políticos que se aproveitam destes homens públicos do futebol que sem a mínima aptidão para política, são, não apenas vítimas desse novo tipo de jogo, mas também comprovam que o futebol esteve sempre ligado a vida da sociedade brasileira e que não cabe aqui fazer uma analise destes atletas, se foram boas ou péssimas a sua conduta como político, mas sim, este é o resultado que comprova que o futebol esteve sempre ligado não só a vida política brasileira, mas também em outro quesitos.
Sócrates foi um dos poucos jogadores consciente da importância dos jogadores como artista para as transformações políticas no Brasil, mas sem se deixar entrar no jogo imoral. Sócrates em 1980 serve de transição de um modelo autoritário em que o estado e os clubes de futebol estavam envolvidos em mascarar a realidade de um povo que vivia sob o signo do terror, mas que o futebol maquiava o statuo quo. Doutor Sócrates carrega na sua genética o espírito cabano revolucionário e assim como o movimento cabano no Pará foi um jogo duro para o modelo político vigente regional que resistiam mudanças, alem da relação hostil entre pobres e ricos com a independência do território e sua economia. O Corinthians foi o local especifico por atletas que de fato tinham um olhar ideológico para o país, mas não se adaptaram ao jogo sujo dos seus cartolas e tão pouco os algozes ditadores do Brasil.
Se de fato deveríamos escolher um Herói, este sem duvida seria Sócrates, mas com toda certeza este não aceitaria por não ter vaidade ou vícios do desejo carnal. Sócrates comprovou com suas atitudes que jogar futebol não o faria um herói, mas um atleta ideólogo social, mas que antes de ser um jogador, primeiro se tornou um ser social, então Sócrates foi um atleta resultante do futebol como cultura de base, não para ser apenas um jogador, mas sim um cidadão atleta crítico.
Sócrates sabia da ralação histórica do Corinthians com a classe operária brasileira no início da formação do futebol brasileiro que se confundia com as primeiras organizações operárias no país. 
No bairro de Bom Retiro que tinha moradores estudantes e imigrantes que vieram para trabalhar na lavoura do interior paulista. Foi neste ambiente em 1910 que foi fundado o Corinthians, e a primeira eleição para presidente da república entre o Marechal Hermes da Fonseca, apoiado por Rio Grande do sul, minas e os militares. Os paulistas apoiaram Rui Barbosa que se identificava com os ideais democráticos e voto secreto, Rui, liderou a campanha “civilista” contra o militar Hermes, era considerado pela intelectualidade da época como o símbolo da luta contra o atraso rural e oligárquico. A vitória do militar Hermes foi uma decepção para o restrito grupo, mas o sistema eleitoral comprovou que era viciado e desconsiderava a massa de trabalhadores que se formava nas cidades.
Os fundadores do Corinthians vinham desses grupos de operários. Escolheram este nome “Corinthians”, o time do “povo” ou dos “operários”. O Corinthians representou o inicio da abertura democrática do futebol para a massa, e meio de ganha pão. O rompimento do futebol aristocrático para o operariado era uma ruptura no esporte brasileiro.
Do nascimento do Corinthians e o período em que Sócrates fez parte como jogador, os valores sociais e políticos são diferentes, mas com características próximas: primeiro que no nascimento do clube se forma um corpo militar positivista que começa a programar a política que vai culminar com a ditadura militar de 1964 a 1985. Sócrates sabia interpretava os fatos, principalmente do simbolismo que o clube corintiano tem com a classe trabalhadora; segundo que o clube no período da ditadura esta em disfunção da sua real origem, pois o presidente Vicente Matheus franqueava o Corinthians para o regime militar em Volga no Brasil. Sócrates sabia do potencial deste clube como uma das maiores torcida do Brasil, então vai usar a marca do clube como de fato e de direito um símbolo de resistência aos “verdes olivas”. Criou uma marca: “Democracia corintiana” e transformou o futebol, agora como contra reacionário, não mais como engodo de pressurização ao povo, mas um esporte libertador, invertendo o que acontecia com o futebol arte de Pelé que limitado criticava as reações de grupos  sociais que não aceitavam o regime autoritário.
Os jogadores do corinthians sabiam da estratégia de coesão patriótica que o esporte propiciava e que era utilizada a exaustão pelo governo militar de ocupação do poder. Os “zumbis” (cidadãos/torcedores), romantizados pelo clamor e apelo patriótico, ufânico e apologistas de uma postura cívica exageradamente alienada e patológica – que anestesiava a consciência do povo dos crimes políticos cometidos pelos aparelhos repressivos além de deslocá-los da discussão política para o ópio do “espetáculo” esportivo.
O estrangulamento social era de tal maneira que enquanto a seleção jogava desviando e forjando um cenário paradoxal das reações de grupos de intelectuais que reagiam ao “status quo” de autoritarismo. Durante este período, várias foram as fases e as faces do regime repressor. Recebidos por grandes manifestações favoráveis, com milhares de pessoas acorrendo às marchas de apoio. O regime militar intensificava a perseguição e repressão aos que se opunham à ditadura, agindo de forma violenta, matando, torturando e aniquilando de vez qualquer resistência. Os seqüestros representaram o auge da resistência armada e, também, o seu fim definitivo.
No dia 17 de Junho de 1970, 40 militantes contrários ao governo militar que estavam foram trocados por Médici pelo embaixador alemão Ehrenfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben, sem que isso fosse digno de qualquer atenção por brasileiro, ao contrario, o governo tratou de jogar a opinião pública contra os subversivos, sugerindo que o fato poderia abalar os jogadores na copa. “Folha de são Paulo”. – “Pelé, Rivelino, Clodoaldo e Brito se manifestaram, condenando o ato terrorista”. Afirmaram que maus traidores e criminosos venham quebrar a tranqüilidade da seleção.
A copa de setenta foi um balsamo e as contradições dos eventos de crueldades que o governo autoritário conduzia o país. Sócrates percebendo que os fatos poderiam ser reinventados com a copa de 1982, pois assim os 21 de terror poderia se prorrogar com uma provável vitoria do Brasil na Espanha. É só lembrar o lema de Sócrates que a vitoria é só um detalhe o importante é a democracia, ora, este atleta descaracterizava que o futebol era uma ponte de formação da alma do povo brasileiro, mas sim um esporte que deveria ser praticado primeiramente como cultura de base, sem o dever patriótico de um jogo de futebol ser transformado em uma guerra.
Por fim o Corinthians foi o palco da guerrilha, mas uma luta sem armas apenas com o esporte que tanto foi usado contra o próprio povo e sabia que seu inimigo sabia manipular o futebol em prol e si. Sócrates foi um grande líder  e os jogadores guerreiros, mas sem os expor contra a ditadura e o Corinthians foi o quartel que mais uma vez cumpriu com suas tradições de clube do povo. O doutor sabia que futebol explicava o Brasil, Portanto, o campeonato brasileiro foi um projeto governista em desenvolvimento, do discurso de Integração Nacional do Regime, Nessa época a CBD, era presidida pelo Almirante Heleno Nunes, mas quem venceu desta vez foi o filósofo Sócrates.
 Não a intenção do maniqueísmo com o futebol como se ele fosse o responsável por todos os problemas no Brasil, como um espetáculo de pão e circo. Mas não negamos que foi um grande instrumento de miopia social. Este esporte bretão que entrou no Brasil praticado pelas elites, mas que foi simpatizado pelos operários. O futebol não foi só uma adaptação do povo a ele, mas sim o contrário. Um brasileiro ao nascer, já ganha um nome uma religião, mas também um time que já parte das tradições dos seus pais. Os grandes jogadores de futebol são invejados e grande maioria dos brasileiros tinham e tem o grande desejo de ser jogador da seleção, pois o frenesis que causa o espetáculo de um jogo não tem explicação, o nervosismo, os momentos ódios que se lampejam durante o jogo e quem perde, ficara torcendo para que haja logo ouro jogo para tirar a forra. Quem Não desejaria ser amado, ver seu nome nos jornais, ouvir os gritos da torcida implorando seu nome. É a gloria máxima é uma experiência antecipada de ser um “deus”. É um orgasmo, uma explosão de prazer. Nada se compara a sensação de um gol.
Foi sabendo desse encanto que governos se apropriaram dos direitos constituídos de cidadão de delegar poder a grupos políticos que usaram futebol como ferramenta de manutenção de seus poderes, sem que o povo percebesse. Mas o que era bom se tornou um ópio,  uma droga que o povo tem que se curar e nada melhor do que seus próprios antídotos para servir como vacina. E assim vem sendo usado o futebol como devia ser um esporte saudável, sem o espírito competitivo, da arrogância física, da vaidade da habilidade individual e nem tão pouco o único conteúdo didático nas aulas de educação física. Um esporte que seja usado como cultura de base da educação oficial, esporte de inclusão nas escolas, nas comunidades, na sociedade. Esta futebolizaçao do povo brasileiro não deve servir de maquiagem, falseamento do real, mas sim um esporte que convive com a sociedade sem pretensões maliciosas da politicagem. 
Por fim deverá as escolas em conjunto com os professores de educação física, saber traçar um divisor de água nesse paradigma e tentar superar o pré estabelecido com novos conteúdos no espaço e tempo das aulas de sua disciplina. Não se pode permitir que a educação permaneça apenas a serviço do capitalismo, mas sim o capitalismo a serviço da educação.
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