O POLICIAL VAIDOSO
Valores
dissimulados ainda permeiam nos agentes dos órgãos da segurança pública das
três esferas: união (policia federal e rodoviária); estados (policia militar e
policia civil); prefeituras (guarda municipal).
Há uma vaidade exacerbada e hierarquizada na sequência desses agentes
citados que infelizmente dificulta a prática de um trabalho integrado.
A
própria mídia nacional reflete e contribui a esse discurso preconceituoso, o
exemplo foi a novela da rede globo Insensato coração no horário nobre em que
uma cena envolvendo dois personagens da novela se confrontaram e dialogavam
que: “agentes da policia militar e guarda municipal só serviam para intervir em
problemas de mendigos e briguinhas de motoristas bebados.
O fato novelesco se
consuma com uma revista policial na casa de um personagem (Horácio Cortez)
preso no aeroporto, tentando fugir do país com uma mala de dinheiro) na
presença de Rafael (filho de Cortez e Paula irmã de Rafael. Paula Cortez interpela o delegado: - “O Sr. é o responsável
por essa palhaçada aqui? - Vocês não tem mais nada para fazer não, hein? Com
tanto mendigo na rua para recolher. Só recebem propina de motorista bêbado? O Delegado reagiu: - Acho que a Sra., tá
confundindo um pouco as coisas, viu? Eu não sou guarda municipal, tão pouco sou
policial militar. Por isso mesmo, eu vou te dar um refresco, e vou fingir que
não ouvi o que a senhorita acabou de dizer, viu?”
Apesar da rede globo
tentar se explicar ao Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias
Militares e Corpos de Bombeiros Militares, mas não convence. Pois foi a forma
como se interpretou a ação que conota a mensagem. A convicção fica com a
justificativa final de Luis Erlanger, diretor da central globo de comunicação,
segue: - “Por último, gostaria apenas de destacar o que consideramos um ponto
relevante: a telenovela é uma obra autoral de ficção. A história é resultado
unicamente da imaginação do autor, está no terreno da fantasia, sem vínculo
necessário com a realidade. As tramas, situações e personagens (como a
mau-caráter que acusa genericamente uma instituição pública) são meras
invenções.
Ora senhores, mas este
autor não esta isento de uma sociedade, ele é reflexo de seu próprio tempo e
espaço em que vive, não vive isolado nem tão pouco neutro, pois este subjetiva
as experiências externa. Então a sua imaginação são idéias da realidade do
statuo quo. Assim como enxerga mau caratismo na sociedade (pai e filha),
dissimuladamente mostra os vícios das instituições, como demonstrado na
arrogância tanto do delegado como da Paula no embate novelesco. Este
fato reflete a realidade entre essas forças de segurança pública.
Apesar
de vinte e seis anos que marcam o fim da ditadura militar, mas ainda percebemos
resquícios de comportamentos autoritários de agentes destas instituições. A
constituição Federal de 1988 no seu art. 144 em que fala sobre a participação
das guardas municipais neste contexto foi e é, um divisor de água na
democratização da segurança pública em que os prefeitos são os gestores que
estão mais próximos do cidadão. Portanto a governabilidade só se faz mais
presente com a utilização dos agentes públicos que se identificam com a
comunidade em que estes estão inseridos. Então a municipalização é uma
necessidade imediata dos serviços públicos como a segurança pública (guarda
municipal).
Com
a pulverização de criação de guardas no Brasil, as transformações vem sendo
idealizadas por essa nova conjuntura de policiamento real em que as guardas
municipais apesar de não de direito mais de fato atuam em pequenos e grandes
eventos da criminalidade. Isso explica a necessidade de criação de ferramentas
como os conselhos de discussão sobre mudanças de paradigmas, mas essas entidades
acontecem por uma necessidade básica da participação efetiva e da aproximação e
municipalização da segurança pública nos mais de 5.000 municípios do território
brasileiro, ou seja, isto é a republicanização que se processa ao longo do
tempo, e que se distancia de comportamentos de resistências monárquicas.
Para
entender melhor este argumento a monarquia no Brasil se mantinha numa sociedade
agro-rural, mas a república se consolida mais e mais na composição urbes-industrial,
então os órgãos de seguranças tem que estar inserido nas peculiaridades deste
espaço urbano. Só que esses fóruns de participação democráticas dos sujeitos de
segurança pública se realizam mais por pressões da sociedade do que
propriamente da vontade dos agentes de segurança publica, principalmente dos
oficiais e gestores que se apropriam de poderes, ou seja, se personificando do
aparelho repressivo do estado como delegados, coronéis e ate comandantes de
guardas municipais que geralmente são oriundos de órgãos estranhos as guardas.
Falta
a participação mais efetivas e afetivas nesses fóruns (conselhos), pois na
verdade em grande parte os que participam são selecionados pelos comandos por
critérios de conveniências políticas. Assim como a seleção da bolsa cidadão
muitas das vezes elimina agentes que estão respondendo processo interno por
retaliações política do que puramente fatos de indisciplina.
Então
senhores companheiros de segurança pública e tutor, não podemos maquiar a
realidade de que tudo esta bem, apesar de que mudanças vem sendo feitas, mas
alguns remanescentes de coronéis da policia militar e delegados de policia
civil não aturam as guardas municipais, mas quando se aposentam querem assumir
este novo paradigma de segurança pública (guardas municipais), como estratégia
de evitar este novo paradigma que se torna inevitável, além é claro de
prolongar o seu status de “gangster” de chefes autoritários, em detrimento da
força democrática que o povo cada vez mais estabiliza esses órgãos de segurança
publica como verdadeiras ferramentas de manutenção dos direitos sociais do
cidadão brasileiro.
Grato
pela oportunidade verdadeira e democrática de oportunizar a externar esta
mensagem. De um guarda municipal que já foi punido quase uma centena de vezes e
duas vezes demitido, por lutar pela humanização da segurança pública, mas que
resiste a vinte anos de serviço público.
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