IDADE MEDIA
O HOMEM MEDIEVAL
O homem o único objeto da historia, uma historia que não se interessa por qualquer um homem abstrato, eterno, imutável e perpetuamente idêntico a si próprio, os homens que são analisados no quadro da sociedade a que são membros.
A mulher da idade média era encarcerada dentro de um protocolo social que existia no estatuto da mulher que dependia da sua posição social, pela sua função no seio da família, pois dentro desse lento processo a mulher vivia em um regime rígido religioso. A religiosidade com característica ideológica que é fruto desse momento e que faz da mulher um ser falso, tentador, aliado do demônio, uma eterna Eva, mal resgatada por Maria, um ser escabroso, um mal necessário para a existência e funcionamento da família e procriação, e para o controle da sexualidade que é esta o principal perigo para o homem cristão.
O homem da Idade Média estava sob rígido controle da Igreja que usava uma pedagogia cristã, e usava o homem como alvo de permanecer sectários a essa visão teológica e que não deveriam reagir as determinações religiosas de submissão ao Clero e Nobreza caso este seja um Camponês. Este cidadão deveria sempre usar como exemplo “etnocristão” o outro (Judeus, Infiéis e Pagãos). Então quem é o homem é a criatura de Deus.
No Livro de Gênesis, no inicio do antigo testamento, no sexto dia de criação, Deus fez o homem e lhe atribui o direito de dominar a natureza, flora e fauna que lhe fornecia alimentos, por isso o homem medieval esta vocacionado para ser o homem da natureza, da terra e dos animais. Mas Adão instigado por Eva que já tinha sido corrompida pela serpente, também pecou. Partindo daí dois seres habitam no homem (a imagem e semelhança de Deus) e o que, tendo cometido o pecado original foi expulso do paraíso terrestre e condenado ao sofrimento (trabalho manual para o homem) e para a mulher (as dores do parto) a vergonha da nudez do órgão sexual e a morte.
Na cristandade medieval que insistia na imagem positiva do homem, ser divino criado por Deus, onde o Adão dá nome a todos os animais, e que é chamado a encontrar de novo o paraíso perdido por sua culpa. Ou na imagem negativa de pecador, sempre pronto a sucumbir e renegar a Deus e perder de vez o paraíso eterno e mergulhar na morte eterna.
Esta visão de homem pessimista, fraco, viciado e humilhado a Deus esta presente em toda Idade Média do séc. IV até XII e num processo de mudança a partir do séc. XII este passa a ser otimista que é reflexo da imagem divina, capaz de continuar a criação na terra e de salvação.
A interpretação da condenação do homem a labuta (gênesis) tem em destaque duas concepções de trabalho: de um lado a maldição e de penitência do trabalho; do outro como resgate da salvação.
Na alta Idade Média o homem que é temente e aceita a vontade de Deus sem buscar justificativa que não seja o arbítrio divino, é de fato menos pecador do que qualquer outro homem, um homem simples que fugia do mal durante longo tempo, esmagados pelas provações a qual eram infringidas por Deus onde seus dias são consumidos sem esperança e sua vida é apenas (vento), finalmente este homem tem que renunciar a todo orgulho e deverá ao ser chamado por Deus, comparecer para se justificar. Poderá parecer puro quem nasce de uma mulher? Nesse imaginário o homem do medieval é um farrapo, leproso.
A partir do final do séc. XIII o homem imponenciado através da arte nos traços (realista) através dos poderosos da terra: O Papa, O Imperador, O Rei, O Prelado, O Senhor, O Rico Burguês. Em contra partida o homem símbolo do sofrimento deixa de ser e passa a ser o próprio Deus, Jesus. No período carolíngio, o cristianismo latino optou pelas imagens, recusando a arte não figurativa dos Judeus e dos Mulçumanos e a iconoclastia do cristianismo grego e bizantino. O que inaugura o Antropomorfismo (forma divina da virtude física do homem) cristão medieval. As relações entre o homem e um Deus lhe aparecem, que ele pode apresentar um aspecto humano, são profundamente marcadas por esse fato. Um Deus que, para mais, além de uno, é trino. Se o Espírito Santo representado pelo simbolismo animal da pomba, escapa ao antropomorfismo, e as duas pessoas movem-se dentro do contraste fundamental entre a velhice e a juventude, a majestade e a paixão, a divindade e a humanidade. O homem que sofre agora é o deus encarnado, Cristo, a imagem que prevalece no séc. XV é o de Jesus com o manto de púrpura e com a coroa de espinho, como Pilatos mostra (Ecce homo) eis o homem. A figura simbólica do Cristo de um homem que sofre, mas divino. Este é um mistério de toda a Idade Média, onde os teólogos tentam explicar por que Deus se fez homem (titulo do Tratado de Santo Anselmo da Cantuária).
O homem medieval estaá entre a luta do Deus divino e satanás o Deus do mal. Apesar de o cristianismo recusar e condenar o maniqueísmo(bem e o mal), mas que para alguns heréticos não há um Deus do bem ou do mal, mas um Deus do espírito e um Deus da matéria. Mas só um Deus, um Deus bom (que pode ser um Deus da cólera) que é superior ao chefe dos anjos rebeldes, derrotados no céu, satanás, que deixou um grande poder sobre os homens que tem livre arbítrio, aceitar ou recusar a graça que o salvaria. O homem é o local do combate dos dois exércitos sobrenaturais prontos para agredir ou socorrer. A alma do homem é o que os dois exércitos disputam. O homem medieval é também a imagem de sua alma, sobre a forma de um pequeno homem que São Miguel pesa na balança, sob o olhar de satanás, sempre pronto para inclinar o homem para o desfavorável e São Pedro para o lado favorável. Desta antropologia cristã nascem duas concepções do homem no decorrer da Idade Média.
1º HOMO VIATOR - O homem sempre esta em viagem permanente na terra ou na sua vida, que são espaço e tempo transitório de seu destino, conforme as suas opções - para a vida - morte ou eternidade. Os Monges que ligados por vocação à clausura peregrinam freqüentemente pelas estradas, como os frades de ordem mendicantes do séc. XIII ( São Francisco de Assis). Este homem medieval é por vocação peregrino do séc. XII e XIII, o homem viajou nas cruzadas em peregrinações, mas nem todo cristão desse contexto participou de uma das três viagens (Jerusalém, Roma, Santiago de Compostela), este homem medieval peregrino simbólico da estrada e pode desestabilizar saindo da moralidade e da salvação, esta peregrinação pode se transformar em vagabundagem, e ai daquela que não tem família e residência, com exceção dos clérigos e Monges errantes viajantes, são considerados das piores espécies.
2º HOMEM PENINTENTE - O homem procura na penitência um meio da sua salvação, o homem medieval sempre esta disposto a pagar com penitência por qualquer calamidade ou acontecimento perturbador (pestes, guerra, e etc.). A partir do quarto concilio de Latrão ( 1.215 ) era obrigação de todo cristão pelo menos uma vez por ano a se confessar e depois a penitência.
Os dogmas cristãos que constitui o homem universal são complexos: em primeiro lugar é constituído de corpo e alma, apesar de certo desprezo que o cristianismo tivesse pelo corpo. “Esse abominável revestimento da alma”, pelo ensinamento da igreja o homem é obrigado a conviver com a dualidade corpo/alma, pois cada sintoma carnal é um sinal símbolo da alma, pois é através do corpo que se concretiza a salvação ou a condenação, ou seja, a alma atinge seu destino através do corpo. Mas o homem não se limita apenas ao corpo/alma. Existe também o espírito - este poder misterioso que anima e inspira, tem vários significados da mais antiga filosofia cristã até os mais vulgares, e está associado ao elemento mental do homem com a terceira pessoa da santíssima trindade. Depois o coração - está entre a alma e o espírito e se apodera do intimo dos sentimentos, associando ao amor, para, além disso, se opõem a cabeça onde seu prestigio aumenta na medida em que se vai ampliando o simbolismo do sangue que e o motor.
O homem pela sua constituição física e pelo seu organismo corpóreo torna-se ponto de referência simbólica, apresentado pelo humanista João de Salisburia (1.159), o corpo humano passa a ser a imagem metafórica da sociedade: cabeça o Rei ou o Papa; os pés os camponeses o que forma a unicidade do corpo numa solidariedade do corpo social. Para certas escolas teológicas e filosóficas o homem é um ser microcosmo, sendo assim o homem assume uma imagem positiva criado por Deus, e lhe é obediente, mas que o homem encontra no plano cientifico uma centralidade, plenitude o que não acontecia na Idade Média.
A CONSTITUIÇÃO DE CLASSES
O monge, o cavaleiro e o camponês.
Das várias concepções para conceituar distinção de classes a mais usada por historiadores é a tri funcional, são essas as três funções necessárias:
1° Soberania, Mágica e Jurídica;
2° De força física;
3° De fecundidade, ausente na Bíblia e que surge um texto de um Bispo Adalberom (1.030), que distingue os três componentes na sociedade cristã: oratores, bellatores e laboratore, ou seja, os que rezam os que combatem e os que trabalham. Sociedade aparentemente harmônica ideologicamente, o que não tardará na composição da realidade social, reforçando-a a relatos bíblicos dos três filhos de Noé, onde Cam, o mais irreverente com relação a seu pai se torna escravo de seus dois irmãos Sem e Jafete.
Os oratores são representantes de Deus na terra o intermediador o único herdeiro autentico da Igreja primitiva e estão no mosteiro que é antecâmara do paraíso e o mais habilitado para se tornar um santo.
Os cavaleiros vivem entre a violência e a paz, aparece a partir do séc. X transforma-se no cavaleiro de Cristo. Antigos ritus bárbaros são cristianizados, com a entrega de arma se cria um ritu de passagem para o jovem guerreiro a investidura. No séc. XII São Bernardo abençoou o nascimento de uma nova cavalaria: os dos Monges guerreiros das ordens militares, como o monge o cavaleiro é um herói, na luta contra o demônio. Como Parcival, o cavaleiro que se aventura na busca do Santo Graal. O imaginário cavalheiresco perdura até Cristóvão Colombo.
O camponês, essa classe por tempo é reduzida, pela peste, pela carestia, e pela guerra que reflete na paisagem agrária e nos tipos de habitat, apresenta-se angustiado na procura de estabilidade alimentar, são trabalhadores dos bosques, a camponesa é uma trabalhadora têxtil, uma fiandeira. Homem que vive ao ar livre, no inverno mata porco e come lentamente ao redor da lareira é um habitante das aldeias desde os tempos antigos e outros se situam a partir do séc. IX do reagrupamento de aldeias, é sobrecarregado pela corvéia e depois por divida de dinheiro. Oprimido, se empenha nas lutas sociais que exercem na maioria das vezes em resistência passiva e outras violentas como as Jacqueis. É odiado e desprezado e analfabeto às vezes comparado entre o homem e o animal é o maior praticante da religião chamada popular, descriminado pela igreja, adeptos do ritus de magia. Para a cultura e a ideologia dominante é considerado um elemento marginal.
Dentro desse contexto podemos esta citando outros vários autores, participantes desse palco histórico, como os Bispos, os padres sacerdotes, o frade das ordens mendicantes que surgiram no séc. XIII, os pregadores e dominicanos, os menores como os franciscanos, agostinianos, os carmelitas. No mundo dos bellatores tinha os mercenários que combate por dinheiro, os soldados profissionais que vão se tornar ladrões e salteadores de estradas. Os artesãos, os operários, os médicos, os cirurgiões que geralmente eram Judeus, velhas curandeiras que detinham dons especiais com conhecimentos de ervas, as parteiras, e aqueles que viviam a margem.
Pobres e heréticos - na Idade Média a pobreza é uma das realidades social e ideológica, e o herético, o homem que a Igreja mais detesta por que se encontra dentro e fora e ameaça os alicerces ideológicos, institucionais e sociais da religião dominante, a fé, o monopólio religioso e a autoridade da Igreja.
O NASCIMENTO DO ESTADO
Desenvolve-se uma burocracia, além de outras, mais que atravessa o limiar de uma outra Idade Média.
A IGREJA E O PODER
É fundamental que saiba se distinguir cristianismo e cristandade. Cristianismo se refere à religião a um sistema religioso, Cristandade significa um sistema único de poder e de legitimação da Igreja e do Estado.
Tanto a noção de cristandade quanto a como a formalização das relações entre igreja e Estado e Sociedade, exige analise concreta desses três conceitos em determinada situações históricas e formação sociais. O sistema da Cristandade apresentou várias modalidades no decorrer bimilenar história do cristianismo e da Igreja, na medida em que relacionamos com o escravismo antigo e moderno, com feudalismo, com capitalismo.
O cristianismo até (313) já se expandirá em todo o território romano ocidental e oriental, e fora desse limite também, nesse período onde fora também perseguido pelos romanos, era visto como ateu e subversivo e vivia na clandestinidade. O Império em crise desde os finais do séc. II, e não conseguindo eliminar-los tentou recuperar os cristãos. No final da perseguição pelos romanos, inicia a modalidade da cristandade que se dá inicio com a paz eclesiástica no séc.IV com a conciliação Constantiniana e que pendura com a Revolução Burguesa e Liberal até o advento do capitalismo. Esta situação constantiniana integra os dois segmentos (Igreja e Estado), tendo em vista que a Igreja detinha poder ideológico e aumenta com o poder político e econômico. Para o Estado romano que vinha se degradando foi um ato político na tentativa de manutenção do aparelho estatal romano. A igreja que antes na clandestinidade, fornecia motivação para uma parcela da classe subjugada, e que forjava uma esperança (utopia), o império comprometia a igreja como sistema, assim a igreja que tinha como principal função de instancia criticar o sistema, estranha a sua situação, por alguns foi entendido como a privatização do reino de Deus, e se torna hegemônica, e perdia o poder profético, mensageira e condutora a casa do pai, a fé deixa de ser uma conquista para se tornar uma obrigação (tradicional), ate mesmo usando a coerção. O cristianismo tinha função polivalente em atender os anseios de varias classes, Marx Weber, afirma que por um lado os grupos dominantes procuram para legitimar a sua excelência e por outros grupos dominados procuram para compensação de sua situação, na esperança de salvação futura.
A cristandade medieval com caráter ideológico para a constituição da hierarquia social (clero, cavaleiro e servo), não viam com imoralidade, mas como uma ordem divina. Setores eclesiásticos que contestavam o mundanismo da Igreja desejavam pelo menos uma fronteira entre a Igreja e o Estado, reivindicando para a Igreja a competência espiritual que estava entranhada ao poder do Estrado. Em 492, o Papa Gelásio que aproveitou a conjuntura favorável de um ocidente sem Imperador e de um cisma com Constantinopla, para dizer ao Imperador (Augusto existe duas instancias que regem este mundo: autoridade sagrada e o poder régio). Como a única finalidade da vida do homem é a salvação cristã. Ambrósio bispo de Milão séc.IV, num contexto de conflito disse: Que os Imperadores não estão acima da Igreja, mas na Igreja .Marcando os conflitos futuros na Idade Média.
Durante o séc. V e VII, a cristandade ocidental se formata com a tutela do clero, a cristandade latino-germânica ia se distanciando da cristandade bizantino-grega, o império romano do ocidente ia desaparecendo e se constituindo reinos romano-germânicos. A disputa de clero e leigos em face do poder religioso, o monopólio clerical sobre as instituições eclesiásticas foi se aprofundando, o que destituía lentamente os leigos do poder. A igreja se tornou a única instituição subsistente do ocidente entre os vários reinos bárbaros, neste sentido a igreja queria subordinação dos imperadores bizantinos e dos reis bárbaros a igreja.
Com a recriação do império do ocidente com o inicio da dinastia carolíngia (Carlos Magno) o Papa rompia com o bizantino, dedicando-se aos francos, por sua vez é doada ao papado na Itália o patrimunium, dado poder aos bispos de Roma, poder de mundo.
Alcuina em 799 considera Carlos Magno eclésios o condutor da sociedade cristã por causa das suas virtudes obtém poder superior ao Papa e império bizantino. Restaurado o império estava a serviço da igreja, para alguns eclesiásticos foi à igreja que levantou o império. Com o desaparecimento do império carolíngio, as invasões dos séc.IX e X, o fortalecimento do feudalismo acrescentou o conflito entre papado e o império iniciando um processo de feudalização das instituições eclesiásticas. O fortalecimento dos leigos era preponderante onde os imperadores alemães, senhores feudais se aproveitavam do poder de patrono da igreja e se apropriavam dos bens eclesiásticos para designarem seus eleitos para cargos eclesiásticos, tanto do clero secular quanto do regular. Os abusos dos leigos foram tantos que o clero e alguns leigos mais piedosos, organizam a reação a partir do séc. X, os primeiros foram pessoas ligadas aos monásticos devido à escravidão da igreja, simonia, e nicolaísmo e era necessário uma reforma na e da igreja, na cabeça e nos membros, mais para isso deveria ter a emancipação da tutela dos leigos e liberdade dos eclesiásticos.
A REFORMA GREGORIANA
O Papa Gregoriano VII, motivado por grito de reformas na igreja, onde as instituições eclesiásticas tinham sido feudalizadas a partir do séc. XI, sendo necessária a emancipação da tutela dos leigos e a liberdade eclesiástica, foi necessário a clericalização já existente, mas bloqueada pela feudalização, e num segundo momento se faria à reforma dos membros. Essas reformas eram contra as simônias, nicolaísmo e acontecia do clero secular essa reforma saiu do monastério da fundação Pia de Duque de Aquinia na Borgonia (910): Os Cluny, os Papas Clunys foram os iniciadores. A reforma queria reforçar o poder do Bispo submetido à Igreja e ao Papa. Essa reforma Gregoriana que motivou no séc. XI a “Quarela da Investidura”, onde provoca conflito, o imperador não aceita só o Papa indicar o clero.
As relações entre igreja e império eram explicadas pelos escolásticos, segundo duas correntes: dualista que insistia na distinção de dois poderes, e dualistas, relação assimétrica de subordinação do poder temporal ao poder espiritual, sendo que este ultimo teve duas tendências, uma radical e moderada, sendo que a moderada torna-se vitorioso na solução de conflitos do séc. XII e XIII e radical entre colapse nos conflitos de Bonifácio XIII com Felipe, o belo.
No séc. XIV, o império foi reduzido a territórios da Alemanha, a igreja foi tutelada ao poder de Reis franceses ( Avignon 1.309 a 1.370), o papado enfraqueceu com cisma do oriente.
A contestação de Lutero(1.521), que não compreendia e não aceitava a inadiável reforma, que resultou com a ruptura do cristianismo, sem conseguir uma renovação geral da igreja, surgindo o protestantismo. Surgem os Estados nacionais, a igreja romana não é mais uma, e a igreja teve que redefinir o ideal da cristandade constatiniana. A igreja se considerava uma sociedade perfeita, pois, era completa não estava subordinada a nenhuma outra sociedade, para a igreja católica, os estados, a sociedade civil, a natureza era uma realidade exteriores, alteridades, deviam ser respeitadas na sua autonomia, no entanto era preciso religá-la a ordem sobrenatural (religião e igreja).
IDADE MÉDIA
Para facilitar melhor o estudo deste tema abordado, os historiadores costumam dividir a idade média em: alta idade média, que compreende os seis primeiros séculos, foi o tempo em que o sistema feudal se formou e se consolidou e baixa idade média. Que se estende a partir do século XII, com o renascimento do comércio e a formação de uma nova classe social os burgueses, nascendo assim um novo modo de produção: o capitalista.
Um Período de Mil Anos
Entendes-se por idade média, as sociedades que compõe a Europa, no período, que vai do século V-XVI, que tem como marco a queda do Império romano do ocidente com as ocupações “bárbaras”, a sistematização da cristandade que reagia ao sistema de escravismo que se processava para o colonismo, que da inicio ao modo de produção feudal ate a formação das cidades com o renascimento do comércio que se caracterizara com a formação do mercantilismo, além é claro que no oriente a civilização bizantina se mantém, devido o seu intenso comércio que é a base da sua economia. Na Arábia nasce uma nova organização religiosa o islamismo. Esses acontecimentos estão ligados aos aspectos econômicos, sociais, políticos e religioso que formam a complexidade desse contexto histórico tão discutido por historiadores contemporâneo.
Por que Idade Média?
O conceito de idade média é inserido pelos renascentistas na idade moderna, pois acreditavam estes, que os homens desse período medieval viveram em declínio cultural, em torno da produção de conhecimentos, desde o apogeu da cultura clássica da antiguidade, ou seja, “mil anos negros”, o que não é aceitável em nosso contexto.
Iremos abordar neste conteudo temas relevantes que reflete nos dias atuais, mas que ganharam importância pela historiografia eurocêntrica, é importante lembrar que dentro desse contexto outras culturas dinamizavam o planeta, como exemplo as civilizações pré-americana e outras. Para uma melhor compreensão são estes que iremos enfocar: Civilização bizantina, Islamismo e Feudalismo.
1 - Império Romano do Oriente
Após, a queda do Império Romano do Ocidente, com a crise do escravismo e dificuldades de administrar o vasto território, defender as fronteiras, cobrar impostos, reprimir as revoltas dos escravos e controlar os povos dominados e por fim a ocupação do território pelos bárbaros. Em 395 o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes a do Ocidente e do Oriente.
O Império Romano do Oriente ao contrário do Ocidente sobreviveu graças as tradições comerciais onde os seus lucros sustentará a econômia da região sobrevivendo até 1453 sendo ocupada pelos turco- otomanos.
- Os territórios
O Império Oriental era constituído pela Grécia, Egito, síria, Palestina, Mesopotâmia e Ásia Menor, cuja capital era Constantinopla.
- Constantinopla.
No século VII a.C. a cidade de Bizâncio foi colonizada pelos Gregos. Dominada pelos romanos em 74 a .C. somente depois de quatro séculos obteve destaque entre outras cidades do império, isso por que o Imperador Constantino, a partir do ano de 330 reformou e construiu pontes, obras públicas, palácios e igrejas em sua homenagem Bizâncio passou a se chamar Constantinopla. Em 1453 foi tomada pelos turco-otomanos e hoje é conhecida por Istambul na Turquia.
- Religião
O Império Romano do Oriente manteve as tradições cristãs e aos poucos foi se diferenciando da igreja Católica Apostólica Romana do Ocidente. O Império Bizantino tinha seu chefe religioso em Constantinopla, o patriarca que deveria prestar obediência ao Papa que vivia na cidade de Roma. Os imperadores Bizantinos interessados em estender o seu poder sobre a religião compactuaram com os patriarcas aproveitando da ausência Papal, sendo assim, aumentaram suas influências no assunto religioso do Império. Os desentendimentos entre o Papa e o Patriarca eram constantes, além da diferencia cultural entre os dois Impérios, onde o Oriente tinha influência Grega e o Ocidente influência Romana, contando ainda com as diferenças de idiomas: Latino no Ocidente e Grego no Oriente e mais ainda as diferenças nas praticas e cultos religiosos. A separação entre a Igreja Católica Oriental e Ocidental se consumou em 1054, quando o patriarca de Constantinopla rompeu com o Papa. Essa separação é conhecida como cisma do Oriente, deu origem a Igreja Cristã Ortodoxia, tendo hoje mais de 170 milhões de fieis espalhados pelo mundo.
- Imperador Justiniano.
Podemos dizer que o Imperador Justiniano foi o que mais de destacou governando entre o ano de 527 e 565. Aliou-se ao Papa, perseguiram Judeus e filósofos pagãos e tentou refazer o antigo Império romano, recuperando os territórios do Ocidente que tinham sido invadidos pelos povos bárbaros. Dominou regiões no Norte da África e, posteriormente, penínsulas Itálicas e ibéricas para financiar as conquistas militares, Justiniano aumentou os tributos provocando revoltas populares, reprimidas com violência pelo exercito, essas tentativas de reconquistas empobreceram e enfraqueceram o Império Bizantino.
No seu governo o direito romano foi reorganizado e aperfeiçoado, originando um conjunto de leis conhecido por código de Justiniano. Construiu a Igreja de Santa Sofia em Constantinopla, onde aproximadamente 10.000 pessoas tenham trabalhado durante cinco anos nessa construção e concluída em 537. Atualmente Santa Sofia é um museu exibindo sua arquitetura e decoração que conservam as imagens religiosas do tempo em que ela era uma igreja Católica, os mosaicos bizantinos da época em que ela foi uma Igreja Ortodoxa e os símbolos islâmicos do período em que foi uma Mesquita.
Igreja de Santa Sofia construída para servir ao PAPA, com cisma do Oriente em 1054, passou a ser IGREJA ORTODOXA, em 1453 tornou-se uma mesquita. Atualmente conhecida como Museu Hagia Sofia.
2 - O MUNDO ÁRABE E ISLAMISMO
Os antigos árabes não tinham um governo centralizado e viviam em desertos e cidades próximas ao litoral do mar vermelho, seu habitante era chamado de beduíno, eram muito religiosos e politeístas. Todos os anos peregrinavam até acidade de Meca, para cultuarem os deuses no templo de Caaba, onde se encontravam os 360 ídolos e a pedra negra, caída do céu(provavelmente um meteorito).
Os comerciantes tinham interesses em preservar esse cerimonial religioso, pois com a chegada dos beduínos as vendas eram intensificadas.
- Islamismo
Maomé nasceu em Meca por volta de 570, órfão foi criado pelo avô e depois por um tio paterno, e depois se tornou pastor nas regiões montanhosas, casou-se com a viúva Khadidja aos 25 anos, participou de varias caravanas conhecendo várias culturas entre elas praticas religiosas como a Judaica e a Cristã. O caráter monoteísta dessas religiões o influenciou, Maomé começou a elaborar o seu próprio pensamento religioso que incorporavam elementos do paganismo árabe, do cristianismo e do judaísmo. Com comportamentos estranhos passava a noite em meditações. Ao completar 40 anos em 610 teve uma visão do Anjo Gabriel que lhe disse “que havia um Deus, Alá, e um só profeta, Maomé”.
Maomé começou a difundir a nova fé e combatia o politeísmo em Meca, os comerciantes preocupados com o comércio, tramaram a sua morte. Avisado a tempo Maomé fugiu para Yatreb, esse acontecimento em 622 ficou conhecido como Hegirá, que em árabe significa fuga, e marca o início do calendário Muçulmano.
Em Yatreb o profeta prosseguiu na sua pregação e passou organizar comunidade islâmica, sendo que Yatreb teve seu nome mudado para Medina, que quer dizer cidade do profeta. Organizou um exercito para combater os comerciantes de Meca, sendo que em 630 ele e seus seguidores dominaram Meca, ficou conhecido este evento como Guerra Santa (Jihad). O profeta invadiu Caaba destruiu os ídolos e os símbolos politeístas, conservando apenas a pedra negra. Nesse ano nascia o Islão. Maomé morreu em 632.
- Expansão do Islamismo
A Guerra Santa motivação espiritual mais forte para a conquista de novas terras e adeptos legitimou as conquistas militares, segundo a pregação do profeta quem morresse lutando pela expansão do reino de Ala irá direto para o paraíso. Em 661 a Arábia se tornou um império baseada na religião islâmica, conquistando várias regiões, como a Síria, Palestina, Pérsia, península ibérica, Egito e Norte da África. A expansão islâmica resultou em desenvolvimento para essas regiões como a cerâmica, comercio de tecidos, tapetes, vidros, além da pólvora, papel e a bússola, invenções chinesas levadas a varias partes do oriente e ocidente.
Em menos de um século o islã alcançou os três continentes (Europa, Ásia e África) e três oceanos (Índico, Pacífico e Atlântico). O prosseguimento da expansão só terminou com a entrada destes pela península ibérica e posteriormente tentou entrar na Europa ocidental, sendo barrado na batalha de Poitiers (732), quando os árabes e francos se enfrentaram. O vasto império foi difícil para apenas um governar, sendo assim, foi dividido em vários Califas (sucessor), parente ou próximo do profeta que assumiram após a sua morte. As rivalidades provocaram o racha formando vários reinos independentes. A desagregação religiosa deu inicio o aparecimento de duas seitas: a dos sunitas e a dos xiitasA partir do século XI começa o declínio do império Árabe.
OS REINOS BARBAROS
A partir do século III, o império romano do ocidente, entra em decadência com o fim das guerras de conquistas, esgotando a principal fonte de escravo. Tem o inicio da crise da escravidão que era a base de sustentação da economia, faz surgir o colonato e o êxodo urbano, com isso a formação de um novo modo de produção o feudalismo, que ficou marcada por ter sido estamental, hierarquizada e clerical. Uma sociedade fragmentada e sem um poder centralizado e uma economia agrária e por uma relação social de servidão que era legitimada pela igreja católica. Mas as invasões na Europa ocidental continuaram como os árabes, os vinkings, essas invasões e estado de guerra constante nos faz compreender a estrutura política do feudalismo. Com essa fragmentação político-cultural acarretou com vários reinos bárbaros, além da substituição do latim pela mescla de outra línguas. A ruralizaçao se processou devido os saques na área urbana, o comércio se extinguiu assim como a utilização de moedas. Com o intuito de se proteger de agressão externa da se inicio de construção de castelo aos senhores feudais. A falta de mão obra escrava atraia contingentes de trabalhadores para o campo, sob a condição de servos na terra que lhe eram arrendadas, o movimento dessa população marcava a volta para uma economia rural de subsistência. Ao mesmo tempo ocorria o fortalecimento do cristianismo, vários reinos se converteram a doutrina cristã, destacando-se entre eles o reino Franco.
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